Sistema de identidade visual para instituição pública
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Sistema de identidade visual para instituição pública Vocabulário visual com referência histórico-cultural de Embu das Artes Fundação Armando Alvares Penteado FAAP - Pós-Graduação Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu em Design Gráfico: Conceito e Aplicação - CDCGA02 Aluno: Juan Paulo Pinto Rodríguez Orientador: Carlos Eduardo Leite Perrone São Paulo, 2012
sum Sumário 7 1. Introdução 8 1.1. Problematização 8 1.2. Justificativa 9 1.3. Objetivo 9 1.4. Metodologia 10 1.5. Algumas definições básicas utilizadas 11 2. Sobre Embu das Artes 12 2.1. Fundação Histórica e emancipação 13 2.2. Federação, governo e cidade 14 2.3. De M`Boy a Embu das Artes 15 2.4. Origem e significados do nome da cidade 16 2.5. Análise das marcas da Prefeitura de Embu das Artes 21 3. Referências visuais e projetuais 23 3.1. Marca e identidade visual da Prefeitura de Amsterdã 25 3.2. Marca da Prefeitura de Paris 26 3.3. Referências com a cultura indígena 27 3.4. Referências da produção artística de Embu das Artes 30 4. Conceitos fundamentais 30 4.1. Sistema de identidade visual 31 4.2. Famílias tipográficas
33 5. Sistema de identidade visual 34 5.1. Processo criativo da marca gráfica 37 5.2. Imagem para marca gráfica sobre grid 39 5.3. Tipografia institucional 43 5.4. Relação entre marca gráfica e tipograma 45 5.5. Cores institucionais 49 5.6. Pictogramas para secretarias 53 5.7. Grafismos de apoio 56 5.8. Testes de aplicação 56 61 6. Considerações finais 65 7. Referências bibliográficas e outras 66 7.1. Referências bibliográficas 66 7.2. Outras referências 67 8. Anexos 68 8.1. Entrevista com escultor e entalhador Adelino 69 8.2. Entrevista com Mariana, funcionária do Museu do Índio 70 8.4. Projeto gráfico
res Resumo Em 1º de maio de 2011, houve um plebiscito na cidade de Embu para decidir se “das Artes” seria oficialmente integrado ao nome do município. 1 - Informações sobre o Desta forma, com mais de 74 mil votos a favor1, a população de Embu resultado do Plebiscito. decidiu assumir a identidade da cidade mundialmente reconhecida. Agora, Acessado em: http:// Embu das Artes é oficialmente o nome da cidade. Coerente a essa decisão www.embu.sp.gov. br/e-gov/cidade/ da maioria dos eleitores da cidade de Embu, este trabalho tem como plebiscito/?ver=1551 objetivo estudar e propor um meio de utilização da arte do município como veículo ou substrato de identidade visual para a Prefeitura de Embu das Artes. Para isso foram feitas pesquisas bibliográfica e de campo sobre sua história e sua cultura e o levantamento de referências de projetos de identidade visual de outras prefeituras como Paris e Amsterdã. Também foram realizadas entrevistas com artistas para identificar facilidades e dificuldades em reproduzir elementos compositivos do projeto de identidade visual já utilizado pela Prefeitura da cidade, com suas imagens e tipos de letras respectivas. A conclusão deste trabalho propõe um sistema de identidade visual para a Prefeitura de Embu das Artes que vai além da marca.
Fazer um manual de aplicação da marca ou de identidade visual não é o foco principal deste trabalho que busca compreender quais elementos de uma instituição, ou no caso da Cidade de Embu das Artes, a identificam e como transformá-los em elementos de identidade visual aplicáveis dentro de um sistema integrado. Com base no levantamento e análise das identidades visuais adotadas pela Prefeitura de Embu das Artes nos últimos dez anos e nas pesquisas realizadas das identidades visuais das prefeituras de Amsterdã e Paris, foram identificados elementos que tornam possível diferenciar uma cidade entre tantas outras, pois cada uma tem sua origem, sua própria história de fundação e revela sua própria cultura formada e consolidada com o passar dos anos. 1.1. Problematização 1- Informações sobre fundação histórica. Como utilizar a produção artística de Embu das Artes para propor uma Disponível em: . Acesso em: 2 de dez. 2011. 1.2. Justificativa 2 - Informações sobre a feira de Artes e Artesanato. Disponível Durante as três últimas gestões administrativas na cidade de Embu em: . cada quatro anos, a Prefeitura utilizou recursos para aplicar uma nova Acesso em: 2 de dez. 2011. identidade visual em equipamentos públicos e materiais de comunicação como postos de saúde, escolas, espaços de esportes e lazer, parques, teatros, frotas de veículos, sinalização interna de prédios, uniformes escolares e de funcionários, papelaria institucional, folheteria, site, blog, entre outros. Ao fazer uma análise das três últimas marcas da Prefeitura de Embu das Artes é possível observar a ruptura de relação visual entre elas e a própria identidade da cidade, que foi conferida por sua história e cultura desde sua fundação, quando os Jesuítas catequisavam os índios por meio da arte1 até tornar-se mundialmente conhecida por sua arte, que é até os dias de hoje exposta e comercializada na tradicional Feira de Artes e Artesanato aos finais de semana, razão pela qual a cidade recebe turistas de muitos países2. 8 1. Introdução
1.3. Objetivo Propor uma marca gráfica e definir outros elementos que integram um sistema de identidade visual de maneira que torne possível sua reprodução por meio das diferentes expressões artísticas característcas de Embu das Artes, como escultura, mosaico, pintura, entre outras. 1.4. Metodologia 1.4.1 Levantamento de Informações culturais e históricas de Embu das Artes Com a finalidade de abstrair referências que possam ser utilizadas para o desenvolvimento da nova identidade visual da Prefeitura de Embu das Artes, foi feita uma pesquisa de campo junto aos museus da cidade e à um dos principais canais da produção artística local que é a Feira de Artes e Artesanato. Nos museus de Arte Sacra e do Índio não foram encontradas referências visuais de grafismos, obras ou objetos indígenas da época da fundação histórica da cidade. Em entrevista realizada com uma funcionária do Museu do Índio, obteve-se a informação de que todas as obras ali expostas são provenientes do Alto Xingu. Já no Museu de Arte Sacra, qualquer registro fotográfico é proibido, mas pôde-se constatar que não há qualquer referência visual indígena, primeiros habitantes da região (JORDÃO, 2004, p. 58, 61). Entretanto, a própria arquitetura externa do Museu de Arte Sacra foi registrada por ser um cartão postal da cidade e um dos principais pontos turísticos na região. 1.4.2. Levantamento de características da atual gestão administrativa de Embu das Artes Foi feito um levantamento da estrutura administrativa da Prefeitura de Embu das Artes por meio de seu site institucional com o objetivo de propor as aplicações da marca junto aos nomes das secretarias. Alguns materiais editoriais e de divulgação também foram obtidos junto à Secretaria de Comunicação Social de Embu das Artes para fazer análise visual das marcas e identificar os principais meios em que a nova identidade visual da prefeitura poderá ser aplicada. Superfícies externas 1. Introdução 9
também foram registradas para propor aplicações, como prédios públicos e frota de veículos. 1.4.3. Análise visual do material institucional As duas marcas adotadas anteriormente pela Prefeitura de Embu das Artes, bem como a atual, foram analisadas para obter referências visuais a serem observadas na nova proposta de marca e de todo o sistema de identidade visual. 1.5. Algumas definições básicas utilizadas Marca nominativa refere-se ao que afirma Joan Costa ser o nome um signo linguístico que posteriormente assume um caráter visual por meio do design desdobrando-se em um símbolo da marca, marca/símbolo ou marca gráfica (COSTA, 2008, p. 23 e 24). Por signo entende-se algo que substitua outra coisa (PIGNATARI, 2003, p.28). Segundo Décio Pignatari, os signos podem ser classificados de três maneiras em relação ao referente, ou seja, à coisa substituída pelo signo: é um ícone quando possui semelhança ou analogia com o referente; é índice quando possui relação direta com aquilo que produz a coisa a que se refere; e é símbolo quando a relação com o referente é puramente arbitrária, definida por convenção como as palavras faladas ou escritas (PIGNATARI, 2003, p.30 e 31). Dessa maneira, para não causar confusão entre o que Joan Costa afirma sobre símbolo/marca e símbolo, é utilizado o termo marca gráfica para referir-se a expressão visual da marca que não tenha caráter linguístico ou a palavra escrita em si, classificada como símbolo por Décio Pignatari. Para melhor organizar o processo de construção do sistema de identidade visual, será utilizada a distinção dos elementos em primários, secundários e adicionais, definidos assim por Maria Luísa Peón. Entre os elementos primários, estão logotipo, símbolo e marca. Os secundários são cores e alfabeto institucionais, e os elementos adicionais são grafismos, mascotes, normas para layouts, símbolos e logotipos acessórios (PEÓN, 2009, p. 21 e 22). 10 1. Introdução
sob 2 Sobre Embu das Artes
2.1. Fundação Histórica e emancipação 1 - informações sobre A fundação histórica da cidade de Embu das Artes deu-se em 1555 a fundação histórica da cidade de Embu das quando os primeiros missionários jesuítas chegaram na região com Artes. Disponível em: cerca de 1.500 índios Carijós (Guaranis). Em 1624, o casal Fernão Dias e . Nossa Senhora do Rosário e organizassem uma festa de adoração à Santa Acesso em: 20 de nov. 2011. Cruz, a qual é realizada até os dias de hoje. 2 - informações sobre a No final do século XVII, foi iniciada a construção da igreja em emancipação político- devoção à Nossa Senhora do Rosário sob a direção do jesuíta Belchior de administrativa da cidade. Disponível em: Pontes1. Atualmente, a igreja é o Museu de Arte Sacra situado no Centro . A partir de 1920, muitos artistas começaram a mudar-se para a Acesso em: 22 de nov. 2011. cidade como o pintor Cássio M’Boy, Assis do Embu, Mestre Sakai, Solano 3 - Galeria de Prefeitos de Trindade, Ana Moyses e Mestre Gama. Em 1969, foi criado o Conselho de Embu das Artes. Turismo e fundada a tradicional Feira de Artes e Artesanato em frente ao Disponível em: . comunidade na exploração do turismo como principal fonte de renda da Acesso em: 20 de nov. 2011. região que em 1959 tornou-se independente administrativamente e teve 4 - Informações sobre em 1960 a primeira sede da Prefeitura de Embu e Annis Neme Bassith3 a prefeitura de Embu como primeiro prefeito. das Artes. Disponível em: . localizadas no mesmo prédio e o atual prefeito é Francisco Nascimento de Acesso em: 20 de nov. 2011. Brito. Há mais de quatro mil servidores4 distribuídos entre as 17 secretarias. Figura 1 - Ao lado, sede da Prefeitura de Embu das Artes que concentra grande parte das secretarias em um mesmo local. 1 12 2. Sobre Embu das Artes
2.2. Federação, governo e cidade Conforme material institucional selecionado junto à Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Embu das Artes, pode-se perceber a mudança da identidade visual adotada pela prefeitura em um período uniforme de 4 em 4 anos. Esse fato demonstra haver estrita relação entre as identidades visuais e as gestões administrativas de governo. O que se propõe neste trabalho é desenvolver uma nova identidade visual para a instituição pública Prefeitura de Embu das Artes e não para uma gestão de governo. A seguir, serão expostas algumas definições para compreender melhor a diferença entre governo, federação e cidade. Figura 2 - Banner comemorativo de final de ano, 2004, formato real: 2,5 x 5 metros. Figura 3 - Capa de jornal institucional da Prefeitura de Embu das Artes. Figura 4 - Marcas adotadas pela Prefeitura de Embu das Artes a partir do ano 2000. 3 4 Figura 5 - Automóvel de 2 informações ao turista. Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Embu das Artes. 5 2. Sobre Embu das Artes 13
Conforme a Constituição Brasileira de 1988, o Brasil é uma República Federativa, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal5. Por República entende-se a forma de governo com as seguintes características: Temporariedade: O Chefe do Governo recebe um mandato, com o prazo de duração predeterminado. E para evitar que as eleições reiteradas do mesmo indivíduo criasse um paralelo com a monarquia, estabeleceu-se a proibição de reeleições sucessivas. Eletividade: Na república o Chefe do Governo é eleito pelo povo, não se admitindo a sucessão hereditária ou por qualquer forma que impeça o povo de participar da escolha.Responsabilidade: O Chefe do Governo 5 - Constituição Brasileira de 1988, texto compilado. é politicamente responsável, o que quer dizer que ele deve prestar contas de sua Disponível em: orientação política, ou ao povo diretamente ou a um órgão de representação . Acesso em: 22 de nov. 2011. Segundo Dalmo de Abreu Dallari, autor do livro Elementos de teoria geral do Estado, é possível fazer outras classificações de governo 6 - Sistema político. Disponível em: . Acesso em: 20 de nov. 2011. Federal que, segundo o Título III, capítulo I da Constituição, possuem autonomia e têm como Chefes de Governo o Governador no âmbito 7 - Divisão político- Estadual e o Prefeito no âmbito Municipal6. Os municípios constituem a administrativa do Brasil. Disponível em: . Acesso em: 22 de nov. 2011. Município ou a cidade são instituições diferentes, visto que o Município permanece e o Chefe de Governo é temporário como citado anteriormente. 2.3. De M`Boy a Embu das Artes Conforme Joan Costa, a marca nominativa, é um signo verbal que designa, dá nome e indica simultaneamente. O nome chega a ser signo visual e a marca desdobra-se em um signo de caráter icônico e não linguístico. É o símbolo da marca ou a marca/símbolo. (COSTA, 2008, p. 23 e 24). Dessa forma, para melhor poder desenvolver o signo visual que será utilizado no novo sistema de identidade visual para a Prefeitura de 14 2. Sobre Embu das Artes
Embu das Artes, é necessário compreender a origem do nome “Embu” e seus significados. Embu das Artes foi emancipado por Lei Estadual nº 5285 de 18 de fevereiro de 1959. Até então, era apenas um distrito denominado M’Boy pertencente ao município de Itapecerica, conforme a Lei nº 93, de abril de 1880. M’Boy passou a denominar-se Embu em 1938 por meio do Decreto Estadual nº 9775, de 30 de novembro de 1938. Atualmente, após o plebiscito realizado em 1º de maio de 2011, a cidade passou a denominar- 8 - Evolução do nome da se Embu das Artes por Lei Estadual Nº 14.537 de 6 de setembro de 20118. cidade de Embu das Artes. Disponível em: e . berço de tradições, o nome tem origem relacionada à colonização Acesso em: 22 de nov. 2011. quando os índios Guaranis do Paraguai (Carijós) chamavam os franceses e espanhóis de Mbair, uma forma comprimida de Mbai-ira, que significa o apartado, o isolado (JORDÃO, 2004, p.61). Os Carijós viviam apartados do núcleo de Piratininga para ficarem protegidos dos nativos dessa região, os índios Tupis, (JORDÃO, 2004, p.58), que posteriormente passariam a denominar a região toda de Mbai, referindo-se aos índios Carijós. Há outra corrente que explica o nome da cidade como uma expressão utilizada pelos índios para a região que era repleta de cobras, que em tupi é muito semelhante a Mbai. Seria o nome registrado na Lei nº 93 citada anteriormente como M’boy. Esta versão é culturalmente a mais difundida na cidade, inclusive pela Lenda da Fundação da Cidade que conta como o índio que salvou o Padre Belchior de Pontes morreu picado e envolvido por uma grande cobra quando saiu para buscar água ao padre desacordado. Segundo a lenda, foi sobre a sepultura do índio que o padre Belchior ergueu a capela de Nossa Senhora do Rosário, onde atualmente encontra-se o Museu de Arte Sacra. A cobra que matou o índio teria dado o nome à aldeia (JORDÃO, 2004, p.131). Independentemente das versões, o nome da cidade é oficialmente registrado como M’Boy, que em tupi significa cobra, conforme Domenico descreve o próprio nome Embu, como sendo um município de São Paulo e que sua antiga denominação era mboia que quer dizer cobra (DOMENICO, 2008, p. 329). Ou ainda a própria tradução da palavra em tupi, Mboy, que significa cobra (DOMENICO, 2008, p. 167). 2. Sobre Embu das Artes 15
2.5. Análise das marcas da Prefeitura de Embu das Artes A seguir são comentadas e analisadas as três marcas adotadas pela Prefeitura de Embu das Artes entre 2000 e 2011. As duas primeiras marcas são referentes às gestões administrativas chefiadas por um mesmo prefeito reeleito. Já a última, é referente ao atual prefeito que trabalha para a reeleição nas eleições de 2012. 2.5.1. Marca de 2000 a 2004 Alguns ícones podem ser decodificados rapidamente, ainda que simplificados a ponto de tornarem-se pictóricos, como no caso da família ao centro e a casa que os acolhe com um sol pondo-se logo acima. Ao fundo da casa, em tons de verde, surge uma representação estilizada de uma folha, onde o verde representa, no caso, tanto a grande área verde protegida por lei estabelecida no Plano Diretor da cidade, como o tipo de relevo que forma o solo. Figura 6 - Marca da Prefeitura de Embu das Artes de 2000 a 2004 desenhada pelo escritório de design Baracasé. Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Embu das Artes. 6 2.5.2. Marca de 2004 a 2008 Como na marca da gestão anterior, é possivel notar a presença de pictogramas de pessoas. Dessa vez, não da família em si, mas de uma sequência de pessoas com os braços levantados abaixo das construções que representam a cidade, como se a estivessem sustentando. As construções são representações bastante simplificadas do Museu de Artes Sacra de Embu das Artes, principal patrimônio histórico da cidade, e nas laterais, as casas antigas da região central entre as árvores para representar a área verde da cidade. 16 2. Sobre Embu das Artes
Figura 7 - Marca da Prefeitura de Embu das Artes de 2004 a 2008 desenhada pela equipe de designers do Departamento de Comunicação da Prefeitura de Embu das Artes. Fonte: Secretaria de 7 Comunicação Social da Prefeitura de Embu das Artes. 2.5.3. Marca de 2008 a 2012 Ao centro encontra-se a silhueta do mapa de Embu das Artes com o nome da cidade ao meio. Ao redor do mapa, estão elementos divididos nas três cores oficiais da bandeira da cidade instituídas pela Lei Municipal nº 367, de 25 de abril de 1968. Na área verde encontram-se as árvores, mais uma vez para representar a área de preservação ambiental da cidade. Na área amarela estão as edificações que representam o desenvolvimento sustentável da cidade, uma diretriz da atual gestão administrativa. Já abaixo, na área vermelha, estão as pessoas em forma pictórica em cores diferentes com a finalidade de representar a diversidade de gênero e raças e a participação de todos para o desenvolvimento da cidade. Figura 8 - Marca da Prefeitura de Embu das Artes de 2008 a 2012 desenhada pela equipe de designers da Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de Embu das Artes. Fonte: Secretaria de Comunicação Social da Prefeitura de 8 Embu das Artes. 2.5.4. Análise semiótica das três marcas Segundo Décio Pignatari, símbolo relaciona-se com o referente de maneira “arbitrária”, “convencional” (PIGNATARI, 2003, p. 31). Não é exatamente o que pode ser observado nos três casos mostrados anteriormente, pois sua composição icônica e pictórica contém tantos 2. Sobre Embu das Artes 17
elementos que distancia-se do que Décio Pignatari afirma com relação a um signo. “A raiz primitiva parece indicar que ‘signo’ seria algo que se referisse a uma coisa maior do qual foi extraído: uma folha em relação a uma árvore, um dente em relação a um bicho etc”. (PIGNATARI, 2003, p. 27). Ainda que haja a simplificação dos ícones a ponto de tornarem-se pictóricos, o que se percebe é um pensamento oposto ao que cita Décio Pignatari. Não há algo extraído de uma coisa maior, mas há diversos elementos extraídos da Cidade de Embu das Artes, agrupados para referir- se a ela. No primeiro caso, não há qualquer elemento visual que seja possível identificar-se ou relacionar-se diretamente à cidade de maneira exclusiva. A folha, o céu, o verde, o azul, a casa, o sol e as pessoas poderiam referir-se a qualquer outra cidade do Brasil e até mesmo de outros países. Já no segundo caso, o único elemento exclusivo de referência à cidade é o Museu de Arte Sacra, que, além de fazer parte da fundação histórica da cidade, é um cartão postal mundialmente conhecido. Todos os outros elementos, as casas aos lados do Museu de Arte Sacra, as árvores e as pessoas, poderiam fazer referência a qualquer outra cidade. Figura 9 - Detalhe da marca de 2004 a 2008, desenho simplificado do Museu de Arte Sacra. 9 No terceiro caso há no centro da imagem um mapa sem qualquer estilização formal, apenas seu desenho cartográfico formado pelas limitações territoriais com os municípios vizinhos. Mais uma vez, é um pensamento contrário ao exposto por Décio Pignatari. Nesse caso evidente pela tentativa de abarcar a totalidade da cidade pelo desenho cartográfico do território de Embu das Artes, há ainda os elementos adicionais. São eles: pessoas de cores variadas para representar a diversidade, construções de casas, edifícios e árvores, que, como nas duas outras marcas já analisadas, não são referências particulares e diferenciadoras entre a cidade de Embu 18 2. Sobre Embu das Artes
das Artes e as outras. Assim como no exemplo citado anteriormente, cada árvore tem folhas de características exclusivas que permitem identificá-la mesmo quando não está presente, visível ou tangível. Figura 10 - Mapa territorial de Embu das Artes. Detalhe da marca de 2008 a 2012. 10 2.5.5. Marcas ou brasões? Joan Costa, em seu livro Imagem da marca: um fenômeno social. faz uma descrição de como são estruturados os brasões. É possível identificar muitos aspectos semelhantes entre as imagens comentadas como marcas e os brasões, exceto pela não utilização da forma de escudo como é padrão nos brasões. Há imagens de representação da natureza que são classificadas como “ordinárias”, humanas e torres. Essas imagens na heráldica não aplicam-se como símbolos do ponto de vista semiótico, ou seja, o sol não refere-se ao sol, mas aos valores psicológicos ou morais (COSTA, 2008, p.59). Como visto anteriormente, elementos como os pictogramas de pessoas não significam as pessoas propriamente ditas, mas conceitos como bem estar da família, ou a união da população para o desenvolvimento da cidade e, por último, a diversidade de gênero, de raça e de cultura. 2.5.6. Conclusão da análise das imagens adotadas como marcas Como já visto, as imagens expostas neste capítulo foram adotadas e utilizadas como marcas, entretanto constatou-se que assemelham-se com os brasões por sua composição que utiliza diferentes signos agrupados, diferentemente da marca, que de signo verbal, passa a ser signo visual (COSTA, 2008, p. 23). Por signo entende-se algo que refere-se a uma coisa maior, conforme visto em citação de Décio Pignatari, portanto o signo visual deve ser o mais sintético possível como nos exemplos da 2. Sobre Embu das Artes 19
folha da árvore e do dente do bicho vistos anteriormente. Um único elemento pode ser capaz de referir-se a algo maior, a uma totalidade sem ser a própria totalidade. Nesse sentido assemelha-se a figura de retórica sinédoque, pela qual se emprega o todo pela parte ou a parte pelo todo (PIGNATARI, 2003, p. 28). Esse recurso será utilizado como fundamento no desenho da marca gráfica para a Cidade de Embu das Artes. Figura 11 - Exemplo de sinédoque, a parte substitui o todo, o telhado faz referência ao Museu de Arte Sacra, entretando, devido ao desenho utilizando quadrados, pode haver referência à marca de 2004 a 2008. 11 20 2. Sobre Embu das Artes
ref 3 Referências visuais e projetuais
A princípio, foram pesquisadas referências de marcas de prefeituras, visto que o trabalho tem como objetivo propor um sistema de identidade visual cujo elemento primário é a marca. Algumas marcas de cidades, entre as mais populosas do estdado de São Paulo, foram previamente selecionadas, no entanto, foram as marcas dos municípios de Amsterdã e Paris que mais contribuíram para obter referência da expressão visual comentada no capítulo anterior, e assim propor uma marca que contemple as características da cidade e seja sintética o suficiente para ser um elemento que faça referência a um todo maior, ou seja, um signo visual. Figura 1 - Marcas de prefeituras de cidades do Estado de São Paulo. Disponíveis em: , , e . Acesso em: 22 de nov. 2011. 1 Foram pesquisadas algumas imagens que pudessem contribuir para relacionar a marca gráfica com a origem do nome da cidade de Embu das Artes, que é M’boy, palavra derivada do Tupi que significa cobra, como comentado no segundo capítulo, no tópico que trata da origem e significados do nome do município. 22 3. Referências visuais e projetuais
Os símbolos oficiais de Embu das Artes, instituídos em Lei Municipal Nº 130, de 19 de novembro de 1962 para o brasão e Lei Municipal nº 367, de 25 de abril de 1968 para a bandeira, formam uma importante referência visual a ser observada, assim como nas próprias referências de marcas que serão citadas utilizam elementos do brasão e cores oficiais da bandeira e do brasão. Figura 2 - Bandeira de Embu das Artes tem o brasão de armas ao centro. São os símbolos oficiais da cidade. Fonte: Secretaria de Comunicação Social de Embu das Artes. 2 Para obter características da produção artística, foi realizada uma pesquisa com registro fotográfico de diversas obras expostas na Feira de Artes e Artesanato de Embu das Artes, além de uma entrevista com Adelino, escultor que trabalha, expõe e comercializa seus trabalhos na feira. 3.1. Marca e identidade visual da Prefeitura de Amsterdã 1 - Informações sobre A marca da cidade de Amsterdã faz referência a sua fundação histórica fundação de Amsterdã. ligada à igreja católica, simbolizada no brasão de armas pelas três cruzes de Disponível em: . Acesso em: 1 de dez. 2011. 2 - Informações sobre marca da Prefeitura de Amsterdã. Disponível em: . Acesso em: 1 de dez. 2011. Acesso em: 1 de dez. 2011. 3 3. Referências visuais e projetuais 23
Figura 4 - Marca da Prefeitura de Amsterdã. Disponível em: . Acesso em: 1 de dez. 2011. 4 A simplicidade das três cruzes possibilita aplicações em diversas superfícies sem grandes dificuldades, mantendo seu significado histórico, como nos postes das figuras 5 e 6, que apareceram nas ruas de Amsterdã 3 - Informações sobre postes de Amsterdã. por volta de 19083. Adrian Futiger afirma que a cruz poderia ser nomeada Disponível em: o “sinal dos sinais” devido ao ponto de intersecção de duas linhas que pode . Acesso em: desse ponto de intersecção (FRUTIGER, 2007, p. 29). Ele demonstra ainda 1 de dez. 2011. que as linhas inclinadas em angulos de 45º com ponto de intersecção ao centro, como no caso da cruz de Santo André, podem fazer referência a uma pessoa com braços e pernas em pé (FRUTIGER, 2007, p. 20). Demonstra também a simplicidade que pode haver na simbologia da imagem figurativa do Cristo crucificado, reduzida a dois pedaços de madeira amarrados em uma montanha ou na barraca de um excursionista e ainda assim manter seu significado (FRUTIGER, 2007, p. 204). Figuras 5 e 6 - À esquerda, postes instalados nas ruas da cidade de Amsterdã. À direita, o detalhe de poste com as três cruzes de Santo André, um dos símbolos do município de Amsterdã que apareceu nas ruas por volta de 1908. Fontes: http://www.dmo.amsterdam.nl/burgerschap_en/ e http://www.tctubantia.nl/incoming/6461498/ article6751567.ece 5 6 Outra referência visual é a utilização de ícones para as diversas organizações e setores administrativos, que trabalham em parceria com a Prefeitura de Amsterdã. Como no exemplo abaixo, esse tipo de composição poderá ser proposto para a nova identidade visual da Prefeitura de Embu das Artes. 24 3. Referências visuais e projetuais
Figura 7 - Marca da Prefeitura de Amsterdã com ícone aplicado para Companhia Energética e Resíduos. Disponível em: . Acesso em: 1 de dez. 2011. 7 3.2. Marca da Prefeitura de Paris A utilização da geometria e simplificação das formas pelo desenho de poucas linhas é a referência visual destacada para desenvolver uma nova marca para a Prefeitura de Embu das Artes. Essa simplificação das formas da marca da Prefeitura de Paris pode ser notada na estilização da caravela extraída do brasão da cidade. 8 Figura 8 - Acima, a marca da Cidade de Paris. Disponível em: . Acesso em: 1 de dez. 2011. Figura 9 - Abaixo, brasão da cidade de Paris. Fonte: Capa do livro Les Armoiries de Paris. Disponível em: . Acesso em 10 de jan. 2012. 9 3. Referências visuais e projetuais 25
3.3. Referências com a cultura indígena Como já citado anteriormente, os índios que habitavam a região da cidade de Embu das Artes e de São Paulo eram da tribo Tupi. Já os índios vindos com os primeiros jesuítas, eram Caijós (Guarani). Como não foi encontrada qualquer referência histórica de padrões de desenhos indígenas da época da fundação da cidade, buscou-se referência em padrões de desenhos produzidos por índios das tribos guarani ou tupi. Foram localizados padrões para cobra em tribos e culturas indígenas diferentes que demonstram certa semelhança entre si. Figura 10 - Padrões de desenhos para a cobra comuns em culturas indígenas. Acima, padrão da tribo guarani M`Byá; abaixo, à esquerda, padrão de tribo do Alto Xingu e, à direita, motivo de desenho dos Siona. Fontes: Revista Tellus, Ano 8, nº 15, p. 215 e 216; Artigo de José Francisco Sarmento Disponível em: . Acesso em: 10 de jan. 2012. Grafismo Indígena, p. 84. 10 26 3. Referências visuais e projetuais
Como pode ser visto na figura 10, os detralhes seguidos respectivamente por seus padrões são da tribo gurarani M’byá que habitam em Paraty-Mirim / RJ. Esses padrões são reproduzidos em cestos trançados e representam a cobra, mais especificamente a jararaca. Na última fileira, à esquerda, o detalhe de um padrão de tribo indígena do Alto Xingu que significa caminho de cobra. E à direita, um motivo de desenho básico dos índios Siona do sul da Colômbia e do Norte do Equador, que significa Jibóia (VIDAL, 1992, p. 67 e 84). 3.4. Referências da produção artística de Embu das Artes A cidade tem uma vasta produção artística. Foi feita uma pesquisa de campo para identificar os meios mais utilizados pela produção artística para finalidade de comunicação visual ou aplicações de grande escala. Também foi realizada uma entrevista com o escultor e entalhador Adelino para identificar uma tipografia de fácil reprodução e as características de uma imagem que não seja trabalhosa ao entalhar placas de madeira em pequenas dimensões, como 5 por 5 ou 10 por 10 centímetros. Para isso, foi-lhe mostrada a marca atual utilizada pela Prefeitura de Embu das Artes. Segundo o escultor, seria impossível reproduzir uma imagem tão repleta de detalhes quando muito reduzida, quanto à tipografia, afirmou categoricamente que tipos manuscritos com muitos detalhes são realmente trabalhosos e, apesar de conseguir um bom acabamento, prefere não fazer esse tipo de trabalho. Figura 11 - Placas entalhadas por Adelino. Fonte: registro fotográfico feito durante pesquisa de campo na Feira de Artes e Artesanato. 11 3. Referências visuais e projetuais 27
Durante a pesquisa na região central de Embu das Artes, foram observados trabalhos de mosaico nos bancos da praça do Largo 21 de Abril. Esse tipo de trabalho não fica restrito apenas ao Centro da cidade onde ocorre a Feira de Artes e Artesanato todos os finais de semana, mas estende-se aos bairros mais afastados. É utilizada em escala bastante ampliada como painéis de aproximadamente 10 metros e sequências de painéis que cobrem muros de mais de 50 metros de extensão. Figura 12 - Imagens de mosaicos em regiões diferentes de Embu das Artes, separadas por mais de 10 km de distância. Acima, bancos da Praça no Largo 21 de Abril, Centro. 12 13 Figura 13 - Detalhe de sequência de painéis de 2x1,5 metros em muro do Cemitério dos Jesuítas. Figura 14 - Painéis de 2x1,5 metros em muro do Cemitério dos Jesuítas. 14 28 3. Referências visuais e projetuais
con 4 Conceitos fundamentais
Há diversos autores que falam sobre desenho de marcas, designers que dedicaram-se durante anos ao desenho de marcas e revelaram seus processos criativos como, Alexandre Wollner em seu livro Design visual 50 anos, ou Marcas e Sinalização, de Norberto Chamma. Entretanto, a visão mais ampla que consiste o sistema de identidade visual a ser utilizada neste projeto, foi extraída de duas referências bibliográficas complementares. Alina Wheeler, em Design de identidade da marca, detalha todo o processo de criação de uma marca, desde o desenho de um símbolo a todo o ambiente que o circunda e que estruturam um sistema de identidade visual como cores, tipografia, som, movimento e algumas aplicações que demonstram a interação desses elementos entre si. Já o livro Sistema de identidade visual, de Maria Luísa Péon, organiza com clareza a tipografia, cores, logotipos, símbolos e grafismos em grupos ou elementos. Tal referência é utlizada com a finalidade de facilitar a abordagem do que deverá ser explorado durante o projeto e também no próprio desenvolvimento dos desenhos em etapas de trabalho. 4.1. Sistema de identidade visual Segundo Maria Luísa Peón, os elementos de identidade visual podem ser divididos da seguinte forma: Primários: são aqueles nos quais se baseiam todos os demais e cuja veiculação intermitente nas aplicações é essencial para o funcionamento do sistema. São eles o logotipo, o símbolo e a marca. Secundários: Aqueles que, embora de grande importância, tem sua utilização altamente dependente da configuração de cada aplicação, tendo por isso um grau geralmente menor de repetitividade no sistema. Além disso, os elementos secundários na quase totalidade das vezes derivam de componentes dos elementos primários. São eles as cores e o alfabeto institucional. Acessórios: em geral também derivam dos elementos primários e, ainda, dos secundários, são os grafismos, normas para layout, símbolos e logotipos acessórios e os mascotes (PEÓN, 2009, p. 21 e 22). Com base nessa estrutura, no quinto capítulo, em que será exposto o processo criativo da proposta do sistema de identidade visual para a Prefeitura de Embu das Artes, será abordada primeiramente a construção da marca gráfica, posteriormente a família tipográfica institucional, cores institucionais, grafismos e, por último algumas, possibilidades de aplicações. 30 4. Conceitos fundamentais
4.2. Famílias tipográficas De acordo com Alina Wheeler, a tipografia é essencial para um programa de identidade visual eficaz e a escolha da fonte tipográfica requer um conhecimento da amplitude de suas opções e funcionalidades (WHEELER, 2008, p. 122). Para melhor compreender determinados aspectos levados em consideração na escolha da família tipográfica institucional para a Prefeitura de Embu das Artes, alguns conceitos serão brevemente esclarecidos e comentados a seguir. A ideia de família tipográfica, que teve origem da necessidade de criar hierarquias, letras romanas em caixa alta foram criadas em épocas diferentes às letras romanas em caixa baixa. As itálicas surgiram por volta de 1500 e não eram combinadas às romanas em uma mesma linha de texto. Somente na tipografia barroca, por volta de 1600, como classifica Robert Bringhurst, é que os itálicos começaram a ser utilizados habitualmente junto aos romanos em uma mesma linha de texto, pois uma característica forte da tipografia barroca é a utilização de formas contraditórias. Os tipos bold mais volumosos e os condensados surgiram durante o século 19 cumprindo basicamente a mesma função contrastante dos itálicos, que a partir de então, tiveram seu uso menos frequente. (BRINGHUSRT, 2005, p. 63, 138, 140 e 141). Figura 1 - O Adobe Caslon, de Carol Twombly, parte dos tipos gravados por William Caslon na década de 1730 em Londres. Exemplo de tipo classificado como barroco por Robert Bringhurst, 1 acima em tamanho maior o tipo romano e abaixo o tipo itálico. Fonte: Uma família com todos esses elementos forma uma série hierárquica, que Elementos do estilo se baseia não na ascendência histórica, mas na adaptabilidade geral e na tipográfico, p. 18. frequencia de uso. E a série funciona dessa maneira por força não tanto do costume quanto de questões fisiológicas. A monumentalidade das maiúsculas romanas, o volume dos tipos bold, o fluxo caligráfico e (na maioria das vezes) a inclinação do itálico destacam-se de modo eficaz sobre um fundo romano pacífico e predominantemente perpendicular. Experimente rever essa ordem: o texto não irá apenas parecer peculiar; irá causar também desconforto físico ao leitor (BRINGHURST, 2005, p.63). 4. Conceitos fundamentais 31
Além das diferenças tipográficas já citadas, Ellen Lupton menciona a maior diversidade dos tipos sem serifa em comparação ao tipo serifado tradicionalmente utilizado em livros, pesos e tamanhos fino, leve, preto, ultra-estreito, estreito, entre outras variações foram incorporadas. Por volta da década de 1990, em famílias unificadas com versões serifadas e sem serifas, o tipo Scala, de Martin Majoor é um exemplo disso. Seu desenho tem uma espinha dorsal comum em ambas as versões o que confere à família tipográfica a coesão e a identidade particular almejada. As primeiras versões foram serifadas. Posteriormente foram adicionadas versões sem serifa e um conjunto ornamental (LUPTON, 2006, p.47). Figura 2 - Diagrama revela esqueleto comum entre as versões do tipo de letras Scala com serifa e sem serifas desenhados por Martin Majoor. Fonte: Pensar com tipos, p. 47. 2 O quadro da figura 3 ilustra algumas definições e termos comuns utilizados em tipografia que serão observados mais à frente quando comentado o critério de seleção da família tipográfica institucional para compor o sistema de identidade visual da Prefeitura de Embu das Artes. Figura 3 - Definições utilizadas para analisar e classificar tipos de letra. Fonte: Projeto tipográfico, p. 38 a 43). 3 32 4. Conceitos fundamentais
sist 5 Sistema de identidade visual
5.1. Processo criativo da marca gráfica Além das pesquisas de referências visuais e projetuais já descritas nos capítulos anteriores, foi utilizado durante o processo de desenvolvimento da marca gráfica o método de abstração de imagens de Carlos Eduardo Leite Perrone, professor e coordenador do curso de Pós-graduação em Design Gráfico: Conceito e Aplicação da FAAP. O método foi exposto durante a disciplina Marca: nominação e grafismo do curso e tem fundamental importância de aplicação para o projeto desenvolvido aqui. Nesse processo, foram feitas abstrações de imagens a partir de fotografias de gestos manuais que representam palavras-conceito relacionadas à Prefeitura de Embu das Artes. Em seguida, essas fotos foram transformadas em desenhos com auxílio de papel vegetal sobreposto às fotografias e lápis de cor preto para criar áreas de cor quase uniformes com alto contraste para refiná-los após digitalização e vetorização. Até por fim chegarem em uma única forma utilizada como marca gráfica. 5.1.1. Palavras-conceito As palavras-conceito foram extraídas do Título I, artigo 1º da 1- Título I, artigo 1º da Constituição Brasileira de 19881, pois são características funcionais de Constituição da República Federativa do Brasil de deveres referentes às instituições governamentais nas esferas federal, 1988. Disponível em: estadual e municipal. As palavras destacadas foram: desenvolvimento, . Acesso em: 20 de nov. 2011. Figura 1 - Imagem gestual para a palavra-conceito: desenvolvimento Figura 2 - Imagem gestual para a palavra-conceito: segurança 1 2 34 5. Sistema de identidade visual
Figura 3 - Imagem gestual para a palavra-conceito: solidariedade Figura 4 - Imagem gestual para a palavra-conceito: participação 3 4 Dentre as fotografias expostas anteriormente, foi selecionada a da palavra-conceito participação por sua menor complexidade em estrutura e por sua semelhança com o grafismo guarani para a cobra, citado no terceiro capítulo de referências visuais e projetuais. Figuras 5 e 6 - Imagens abstraídas das fotografias 5 de gestos manuais das palavras-conceito desenvolvimento e segurança. 6 5. Sistema de identidade visual 35
Figura 7 - Imagem abstraída da fotografia de gesto manual das palavra- conceito participação. 7 Figura 8 - À esquerda, imagem vetorizada para manipulação digital e, à direita, imagens de padrões guarani para cobra. 8 Após a escolha da imagem final, foram retiradas as duas formas do meio do grafismo com a finalidade de obter maior simplificação e torná-la uma imagem mais compacta e mais semelhante ao grafismo indígena. Essa forma final foi utlizada para a marca gráfica da Prefeitura de Embu das Artes. Figura 9 - Simplificação da imagem para torná-la mais compacta, simples e semelhante ao grafismo indígena de cobra. 9 36 5. Sistema de identidade visual
5.2. Imagem para marca gráfica sobre grid O objetivo da utilização do grid, neste caso, é obter um desenho de marca gráfica simples o suficiente para ser reproduzido nas diversas superfícies adotadas pelos meios artísticos da cidade de Embu das Artes, principalmente os já mencionados como comuns à comunicação visual, que são as esculturas de placas em madeira e desenhos em mosaico com azulejo. A utilização de grids pode auxiliar na finalização das formas pela possibilidade de estabelecer proporções e criar ritmos, Timothy Samara ressalta as vantagens de utilizar o grid como: clareza, eficiência, economia e continuidade e, acima de tudo, introduzir uma ordem sistemática ao layout (SAMARA, 2010, p.202). Já a utilização de um grid modular, torna possível simplificar o desenho com a finalidade de ser reproduzido por terceiros ao tornar mais importante a relação entre as proporções do que um número baseado em medidas como centímetros, polegadas etc. (WOLLNER, 2003, p.215). Por último, vale registrar o comentário de Einstein a respeito do módulo: “ é uma escala de proporções que dificulta o ruim e facilita o bom” (HOLLIS, 2000, p. 139). 2 1 Figura 10 - Marca gráfica sobre grid quadrado modulado sempre em 4 3 vêzes para possibilitar maior facilidade de divisão em duas partes iguais para cada lado, o que não ocorreria se fosse utilizado um grid modular de três partes. 10 A utilização de um grid modular de 4 partes visa facilitar, na divisão em proporções iguais, duas partes iguais para cada lado, como demonstrado da figura 10. Além disso, foram estabelecidas coordenadas para as diagonais com os pontos de encontro referenciados nas proporções modulares de valor 3. A precisão da linha reta não é objetivada como a mais importante característica neste desenho. Aqui é estabelecido um importante atributo para o código visual da nova identidade visual da Prefeitura de Embu 5. Sistema de identidade visual 37
das Artes, a antropia. Ou seja, a previsão da leve deformação da linha resultante do meio artístico de reprodução, seja em escultura em madeira ou pedra, pintura, mosaico, stencil, desenho à lápis, entre outros. As coordenadas estabelecidas no projeto da marca gráfica sobre o grid podem ser observadas pela descrição da linha em si por Adrian Frutiger, em seu livro Sinais e Símbolos, em que ele considera a imagem da linha como inicialmente simulada pela justaposição de pontos. A linha parte de um ponto colocado em movimento como um lápis ao encostar no papel produz um ponto e, se deslizar pelo papel, deixa transparecer seu percurso. Ou seja, uma linha. Entretanto, torna-se evidente a dificuldade de fazer uma reta sem régua, pois o movimento resultante da anatomia da mão e do braço impulsionados pela suspensão do cotovelo, do ombro ou do pulso produzem um movimento circular. Existe ainda o fator diferenciador da gravidade da terra que torna uma linha horizontal menos precisa que uma vertical (FRUTIGER, 2007, p. 8). A falta de exatidão do ser humano em traçar uma linha reta sem réguas não é a maior questão a ser observada no projeto da marca gráfica, mas sim a expressão que cada material de superfície e os instrumentos utilizados para desenhar sobre eles proporciona. A sequencia de imagens na figura 11 exemplifica a diferença característica de cada desenho provocada pelo instrumento e pelo tipo de superfície (FRUTIGER, 2007, p.71 e 72). Figura 11 - Transformações na forma externa do traço pelo meio de expressão utilizado, da esquerda para a direita, sulcos e 11 cortes rústicos em pedra e madeira; escultura com martelo e cinzel em lápides e monumentos; Com base nos exemplos mostrados acima, pode-se dizer que a tinta aplicada com haste produção artística da cidade de Embu das Artes, pela utilização dos primitiva sobre tábuas, diversos instrumentos, técnicas e materiais de produção artísticas, resulta peles e folhas; tinta aplicada com pincel; em características expressivas diferentes. Desta forma, a utilização do grid tinta aplicada com penas modular no desenho da marca gráfica não tem a finalidade de determinar côncavas; expressão em linhas retas e ângulos perfeitos ou a forma externa do traço, mas, antes de tecidos; bordados e, por último, pirografia sobre tudo, determinar as proporções entre os espaços preenchidos e em branco madeira ou cortiça. e os pontos mais determinantes da forma que são os pontos especificados Fonte: Sinais e Símbolos, pelos encontros de coordenadas diagonais e nas extremidades das margens p. 71 e 72. do quadrado. Essa deformação da linha no desenho original da marca gráfica visa reduzir o distanciamento entre o desenho original e a reprodução por meio das diferentes técnicas de gravação e expressão artística. 38 5. Sistema de identidade visual
5.3. Tipografia institucional 2 - A letra manuscita O material levantado na pesquisa de campo evidencia a inexistência de indica a linguagem visual um estilo tipográfico específico na produção de placas em madeira para utilizada no âmbito sinalização externa. Há tipos de diversas características. Alguns tipos de público pelos calígrafos ou privado por pessoas letra podem ser identificados entre as famílias tipográficas utilizadas no letradas (BRINGHURST, meio digital, como Comic Sans e Monotype Corsiva, durante a entrevista 2005, p. 294). com Adelino, escultor e entalhador, uma importante característica pode 3 - Segundo Robert ser identificada para uma família tipográfica ideal à identidade visual Bringhurst, os tipos góticos da Prefeitura de Embu das Artes, segundo ele, quanto mais complexo e foram os primeiros a serem detalhado o desenho da letra, seja com serifas, manuscrita2 ou gótica3, gravados na europa e entre eles, destacam-se maior a dificuldade de reprodução. Ou seja, quanto mais simples, melhor. os utilizados por Johan Gutemberg (BRINGHURST, 2005, p. 290). Figura 12 - Acima, tipo de letra gótico gravado por Henric Pieterzoon Lettersnider em 1942. Fonte: Elementos do Estilo Tipográfico, p. 290. Abaixo, placa de madeira de Antiquário no Centro de Embu das Artes. As letras entalhadas foram baseadas nos tipos góticos. Figura 13 - Acima, placa entalhada em madeira com referência de letras manuscritas para loja de móveis rústicos na região central de Embu das Artes e, abaixo, tipo de letra 12 13 manuscrito desenhado por Hermann Zapf e editado pela Linotype em 1998. Outra característica importante a ser observada é a deformação das Fonte: Elementos do estilo partes externas das letras que, apesar de serem extremamente parecidas tipográfico, p. 297. com os originais digitais, possuem as deformações deixadas pelo tipo de instrumento e o suporte em que são gravadas. Exemplo disso é o trabalho de entalhe em madeira do logotipo da Coca-Cola e da marca da empresa de telefonia Tim, que mantêm as características de proporção e cor. Mas, ao observar mais aproximadamente, é possível notar as irregularidades provocadas pelo processo do entalhe na madeira. 5. Sistema de identidade visual 39
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