Sistema de identidade visual para instituição pública

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Sistema de identidade visual para instituição pública
Sistema
      de identidade visual
    para instituição pública
        Vocabulário visual com referência
             histórico-cultural de
                Embu das Artes

       Fundação Armando Alvares Penteado
             FAAP - Pós-Graduação
       Curso de Pós-Graduação Lato-Sensu
em Design Gráfico: Conceito e Aplicação - CDCGA02
        Aluno: Juan Paulo Pinto Rodríguez
     Orientador: Carlos Eduardo Leite Perrone
                 São Paulo, 2012
Sistema de identidade visual para instituição pública
Sistema de identidade visual para instituição pública
sum                                                         Sumário
 7   1. Introdução
 8   1.1. Problematização
 8   1.2. Justificativa
 9   1.3. Objetivo
 9   1.4. Metodologia
10   1.5. Algumas definições básicas utilizadas

11   2. Sobre Embu das Artes
12   2.1. Fundação Histórica e emancipação
13   2.2. Federação, governo e cidade
14   2.3. De M`Boy a Embu das Artes
15   2.4. Origem e significados do nome da cidade
16   2.5. Análise das marcas da Prefeitura de Embu das Artes

21   3. Referências visuais e projetuais
23   3.1. Marca e identidade visual da Prefeitura de Amsterdã
25   3.2. Marca da Prefeitura de Paris
26   3.3. Referências com a cultura indígena
27   3.4. Referências da produção artística de Embu das Artes

30 4. Conceitos fundamentais
30 4.1. Sistema de identidade visual
31 4.2. Famílias tipográficas
Sistema de identidade visual para instituição pública
33   5. Sistema de identidade visual
34   5.1. Processo criativo da marca gráfica
37   5.2. Imagem para marca gráfica sobre grid
39   5.3. Tipografia institucional
43   5.4. Relação entre marca gráfica e tipograma
45   5.5. Cores institucionais
49   5.6. Pictogramas para secretarias
53   5.7. Grafismos de apoio
56   5.8. Testes de aplicação 56

61 6. Considerações finais

65 7. Referências bibliográficas e outras
66 7.1. Referências bibliográficas
66 7.2. Outras referências

67   8. Anexos
68   8.1. Entrevista com escultor e entalhador Adelino
69   8.2. Entrevista com Mariana, funcionária do Museu do Índio
70   8.4. Projeto gráfico
Sistema de identidade visual para instituição pública
res
Resumo
Em 1º de maio de 2011, houve um plebiscito na cidade de Embu para
decidir se “das Artes” seria oficialmente integrado ao nome do município.
                                                                             1 - Informações sobre o
Desta forma, com mais de 74 mil votos a favor1, a população de Embu          resultado do Plebiscito.
decidiu assumir a identidade da cidade mundialmente reconhecida. Agora,      Acessado em: http://
Embu das Artes é oficialmente o nome da cidade. Coerente a essa decisão      www.embu.sp.gov.
                                                                             br/e-gov/cidade/
da maioria dos eleitores da cidade de Embu, este trabalho tem como           plebiscito/?ver=1551
objetivo estudar e propor um meio de utilização da arte do município
como veículo ou substrato de identidade visual para a Prefeitura de Embu
das Artes. Para isso foram feitas pesquisas bibliográfica e de campo sobre
sua história e sua cultura e o levantamento de referências de projetos de
identidade visual de outras prefeituras como Paris e Amsterdã. Também
foram realizadas entrevistas com artistas para identificar facilidades
e dificuldades em reproduzir elementos compositivos do projeto de
identidade visual já utilizado pela Prefeitura da cidade, com suas imagens
e tipos de letras respectivas. A conclusão deste trabalho propõe um
sistema de identidade visual para a Prefeitura de Embu das Artes que vai
além da marca.
Sistema de identidade visual para instituição pública
Sistema de identidade visual para instituição pública
intr
1

    Introdução
Sistema de identidade visual para instituição pública
Fazer um manual de aplicação da marca ou de identidade visual não é o
                               foco principal deste trabalho que busca compreender quais elementos de
                               uma instituição, ou no caso da Cidade de Embu das Artes, a identificam
                               e como transformá-los em elementos de identidade visual aplicáveis
                               dentro de um sistema integrado. Com base no levantamento e análise
                               das identidades visuais adotadas pela Prefeitura de Embu das Artes nos
                               últimos dez anos e nas pesquisas realizadas das identidades visuais das
                               prefeituras de Amsterdã e Paris, foram identificados elementos que tornam
                               possível diferenciar uma cidade entre tantas outras, pois cada uma tem
                               sua origem, sua própria história de fundação e revela sua própria cultura
                               formada e consolidada com o passar dos anos.

                               1.1. Problematização
     1- Informações sobre
       fundação histórica.
                               Como utilizar a produção artística de Embu das Artes para propor uma
   Disponível em: .
Acesso em: 2 de dez. 2011.
                               1.2. Justificativa
     2 - Informações sobre
          a feira de Artes e
     Artesanato. Disponível    Durante as três últimas gestões administrativas na cidade de Embu
   em: .     cada quatro anos, a Prefeitura utilizou recursos para aplicar uma nova
Acesso em: 2 de dez. 2011.     identidade visual em equipamentos públicos e materiais de comunicação
                               como postos de saúde, escolas, espaços de esportes e lazer, parques,
                               teatros, frotas de veículos, sinalização interna de prédios, uniformes
                               escolares e de funcionários, papelaria institucional, folheteria, site, blog,
                               entre outros.
                                     Ao fazer uma análise das três últimas marcas da Prefeitura de
                               Embu das Artes é possível observar a ruptura de relação visual entre
                               elas e a própria identidade da cidade, que foi conferida por sua história
                               e cultura desde sua fundação, quando os Jesuítas catequisavam os
                               índios por meio da arte1 até tornar-se mundialmente conhecida
                               por sua arte, que é até os dias de hoje exposta e comercializada na
                               tradicional Feira de Artes e Artesanato aos finais de semana, razão
                               pela qual a cidade recebe turistas de muitos países2.

8       1. Introdução
Sistema de identidade visual para instituição pública
1.3. Objetivo
Propor uma marca gráfica e definir outros elementos que integram um
sistema de identidade visual de maneira que torne possível sua reprodução
por meio das diferentes expressões artísticas característcas de Embu das
Artes, como escultura, mosaico, pintura, entre outras.

1.4. Metodologia
1.4.1 Levantamento de Informações culturais e históricas
      de Embu das Artes

Com a finalidade de abstrair referências que possam ser utilizadas para
o desenvolvimento da nova identidade visual da Prefeitura de Embu das
Artes, foi feita uma pesquisa de campo junto aos museus da cidade e
à um dos principais canais da produção artística local que é a Feira de
Artes e Artesanato.
      Nos museus de Arte Sacra e do Índio não foram encontradas
referências visuais de grafismos, obras ou objetos indígenas da época
da fundação histórica da cidade. Em entrevista realizada com uma
funcionária do Museu do Índio, obteve-se a informação de que todas as
obras ali expostas são provenientes do Alto Xingu. Já no Museu de Arte
Sacra, qualquer registro fotográfico é proibido, mas pôde-se constatar
que não há qualquer referência visual indígena, primeiros habitantes
da região (JORDÃO, 2004, p. 58, 61). Entretanto, a própria arquitetura
externa do Museu de Arte Sacra foi registrada por ser um cartão postal
da cidade e um dos principais pontos turísticos na região.

1.4.2. Levantamento de características da atual gestão administrativa
       de Embu das Artes

Foi feito um levantamento da estrutura administrativa da Prefeitura de
Embu das Artes por meio de seu site institucional com o objetivo de
propor as aplicações da marca junto aos nomes das secretarias. Alguns
materiais editoriais e de divulgação também foram obtidos junto à
Secretaria de Comunicação Social de Embu das Artes para fazer análise
visual das marcas e identificar os principais meios em que a nova
identidade visual da prefeitura poderá ser aplicada. Superfícies externas

                                                                            1. Introdução   9
Sistema de identidade visual para instituição pública
também foram registradas para propor aplicações, como prédios públicos
                     e frota de veículos.

                     1.4.3. Análise visual do material institucional

                     As duas marcas adotadas anteriormente pela Prefeitura de Embu das
                     Artes, bem como a atual, foram analisadas para obter referências visuais
                     a serem observadas na nova proposta de marca e de todo o sistema de
                     identidade visual.

                     1.5. Algumas definições básicas utilizadas
                     Marca nominativa refere-se ao que afirma Joan Costa ser o nome um
                     signo linguístico que posteriormente assume um caráter visual por meio
                     do design desdobrando-se em um símbolo da marca, marca/símbolo ou
                     marca gráfica (COSTA, 2008, p. 23 e 24).
                           Por signo entende-se algo que substitua outra coisa (PIGNATARI,
                     2003, p.28). Segundo Décio Pignatari, os signos podem ser classificados
                     de três maneiras em relação ao referente, ou seja, à coisa substituída
                     pelo signo: é um ícone quando possui semelhança ou analogia com o
                     referente; é índice quando possui relação direta com aquilo que produz
                     a coisa a que se refere; e é símbolo quando a relação com o referente é
                     puramente arbitrária, definida por convenção como as palavras faladas ou
                     escritas (PIGNATARI, 2003, p.30 e 31).
                           Dessa maneira, para não causar confusão entre o que Joan Costa
                     afirma sobre símbolo/marca e símbolo, é utilizado o termo marca gráfica
                     para referir-se a expressão visual da marca que não tenha caráter
                     linguístico ou a palavra escrita em si, classificada como símbolo por
                     Décio Pignatari.
                           Para melhor organizar o processo de construção do sistema
                     de identidade visual, será utilizada a distinção dos elementos em
                     primários, secundários e adicionais, definidos assim por Maria Luísa
                     Peón. Entre os elementos primários, estão logotipo, símbolo e marca. Os
                     secundários são cores e alfabeto institucionais, e os elementos adicionais
                     são grafismos, mascotes, normas para layouts, símbolos e logotipos
                     acessórios (PEÓN, 2009, p. 21 e 22).

10   1. Introdução
sob
2

    Sobre Embu das Artes
2.1. Fundação Histórica e emancipação
      1 - informações sobre
                                   A fundação histórica da cidade de Embu das Artes deu-se em 1555
       a fundação histórica
     da cidade de Embu das         quando os primeiros missionários jesuítas chegaram na região com
       Artes. Disponível em:       cerca de 1.500 índios Carijós (Guaranis). Em 1624, o casal Fernão Dias e
        .       Nossa Senhora do Rosário e organizassem uma festa de adoração à Santa
Acesso em: 20 de nov. 2011.
                                   Cruz, a qual é realizada até os dias de hoje.
    2 - informações sobre a              No final do século XVII, foi iniciada a construção da igreja em
      emancipação político-        devoção à Nossa Senhora do Rosário sob a direção do jesuíta Belchior de
   administrativa da cidade.
             Disponível em:
                                   Pontes1. Atualmente, a igreja é o Museu de Arte Sacra situado no Centro
 .               A partir de 1920, muitos artistas começaram a mudar-se para a
Acesso em: 22 de nov. 2011.
                                   cidade como o pintor Cássio M’Boy, Assis do Embu, Mestre Sakai, Solano
3 - Galeria de Prefeitos de        Trindade, Ana Moyses e Mestre Gama. Em 1969, foi criado o Conselho de
           Embu das Artes.         Turismo e fundada a tradicional Feira de Artes e Artesanato em frente ao
            Disponível em:
.           comunidade na exploração do turismo como principal fonte de renda da
Acesso em: 20 de nov. 2011.
                                   região que em 1959 tornou-se independente administrativamente e teve
    4 - Informações sobre          em 1960 a primeira sede da Prefeitura de Embu e Annis Neme Bassith3
     a prefeitura de Embu          como primeiro prefeito.
     das Artes. Disponível
         em: .          localizadas no mesmo prédio e o atual prefeito é Francisco Nascimento de
Acesso em: 20 de nov. 2011.
                                   Brito. Há mais de quatro mil servidores4 distribuídos entre as 17 secretarias.

    Figura 1 - Ao lado, sede
 da Prefeitura de Embu das
Artes que concentra grande
parte das secretarias em um
               mesmo local.

                               1

12      2. Sobre Embu das Artes
2.2. Federação, governo e cidade
Conforme material institucional selecionado junto à Secretaria de
Comunicação Social da Prefeitura de Embu das Artes, pode-se perceber
a mudança da identidade visual adotada pela prefeitura em um período
uniforme de 4 em 4 anos. Esse fato demonstra haver estrita relação entre as
identidades visuais e as gestões administrativas de governo. O que se propõe
neste trabalho é desenvolver uma nova identidade visual para a instituição
pública Prefeitura de Embu das Artes e não para uma gestão de governo.
A seguir, serão expostas algumas definições para compreender melhor a
diferença entre governo, federação e cidade.

                                                                                      Figura 2 - Banner
                                                                                      comemorativo de final de
                                                                                      ano, 2004, formato real:
                                                                                      2,5 x 5 metros.

                                                                                      Figura 3 - Capa de jornal
                                                                                      institucional da Prefeitura
                                                                                      de Embu das Artes.

                                                                                      Figura 4 - Marcas adotadas
                                                                                      pela Prefeitura de Embu das
                                                                                      Artes a partir do ano 2000.

                                                          3              4            Figura 5 - Automóvel de
                             2
                                                                                      informações ao turista.
                                                                                      Fonte: Secretaria de
                                                                                      Comunicação Social da
                                                                                      Prefeitura de Embu das Artes.

                                                      5

                                                                               2. Sobre Embu das Artes          13
Conforme a Constituição Brasileira de 1988, o Brasil é uma
                                  República Federativa, formada pela união indissolúvel dos Estados e
                                  Municípios e do Distrito Federal5.
                                       Por República entende-se a forma de governo com as seguintes
                                  características:

                                           Temporariedade: O Chefe do Governo recebe um mandato, com o prazo de
                                           duração predeterminado. E para evitar que as eleições reiteradas do mesmo
                                           indivíduo criasse um paralelo com a monarquia, estabeleceu-se a proibição de
                                           reeleições sucessivas. Eletividade: Na república o Chefe do Governo é eleito
                                           pelo povo, não se admitindo a sucessão hereditária ou por qualquer forma que
                                           impeça o povo de participar da escolha.Responsabilidade: O Chefe do Governo
 5 - Constituição Brasileira
 de 1988, texto compilado.
                                           é politicamente responsável, o que quer dizer que ele deve prestar contas de sua
             Disponível em:                orientação política, ou ao povo diretamente ou a um órgão de representação
.
Acesso em: 22 de nov. 2011.             Segundo Dalmo de Abreu Dallari, autor do livro Elementos de
                                  teoria geral do Estado, é possível fazer outras classificações de governo
      6 - Sistema político.
   Disponível em: .
Acesso em: 20 de nov. 2011.
                                  Federal que, segundo o Título III, capítulo I da Constituição, possuem
                                  autonomia e têm como Chefes de Governo o Governador no âmbito
      7 - Divisão político-       Estadual e o Prefeito no âmbito Municipal6. Os municípios constituem a
  administrativa do Brasil.
   Disponível em: .
Acesso em: 22 de nov. 2011.
                                  Município ou a cidade são instituições diferentes, visto que o Município
                                  permanece e o Chefe de Governo é temporário como citado anteriormente.

                                  2.3. De M`Boy a Embu das Artes
                                  Conforme Joan Costa, a marca nominativa, é um signo verbal que
                                  designa, dá nome e indica simultaneamente. O nome chega a ser signo
                                  visual e a marca desdobra-se em um signo de caráter icônico e não
                                  linguístico. É o símbolo da marca ou a marca/símbolo. (COSTA, 2008, p.
                                  23 e 24). Dessa forma, para melhor poder desenvolver o signo visual que
                                  será utilizado no novo sistema de identidade visual para a Prefeitura de

14      2. Sobre Embu das Artes
Embu das Artes, é necessário compreender a origem do nome “Embu” e
seus significados.
      Embu das Artes foi emancipado por Lei Estadual nº 5285 de 18 de
fevereiro de 1959. Até então, era apenas um distrito denominado M’Boy
pertencente ao município de Itapecerica, conforme a Lei nº 93, de abril de
1880. M’Boy passou a denominar-se Embu em 1938 por meio do Decreto
Estadual nº 9775, de 30 de novembro de 1938. Atualmente, após o
plebiscito realizado em 1º de maio de 2011, a cidade passou a denominar-
                                                                                    8 - Evolução do nome da
se Embu das Artes por Lei Estadual Nº 14.537 de 6 de setembro de 20118.             cidade de Embu das Artes.
                                                                                    Disponível em:
                                                                                     e
                                                                                    .
berço de tradições, o nome tem origem relacionada à colonização                     Acesso em: 22 de nov. 2011.
quando os índios Guaranis do Paraguai (Carijós) chamavam os
franceses e espanhóis de Mbair, uma forma comprimida de Mbai-ira,
que significa o apartado, o isolado (JORDÃO, 2004, p.61). Os Carijós
viviam apartados do núcleo de Piratininga para ficarem protegidos
dos nativos dessa região, os índios Tupis, (JORDÃO, 2004, p.58),
que posteriormente passariam a denominar a região toda de Mbai,
referindo-se aos índios Carijós.
      Há outra corrente que explica o nome da cidade como uma
expressão utilizada pelos índios para a região que era repleta de cobras,
que em tupi é muito semelhante a Mbai. Seria o nome registrado na Lei nº
93 citada anteriormente como M’boy. Esta versão é culturalmente a mais
difundida na cidade, inclusive pela Lenda da Fundação da Cidade que
conta como o índio que salvou o Padre Belchior de Pontes morreu picado
e envolvido por uma grande cobra quando saiu para buscar água ao padre
desacordado. Segundo a lenda, foi sobre a sepultura do índio que o padre
Belchior ergueu a capela de Nossa Senhora do Rosário, onde atualmente
encontra-se o Museu de Arte Sacra. A cobra que matou o índio teria dado
o nome à aldeia (JORDÃO, 2004, p.131).
      Independentemente das versões, o nome da cidade é oficialmente
registrado como M’Boy, que em tupi significa cobra, conforme Domenico
descreve o próprio nome Embu, como sendo um município de São Paulo e
que sua antiga denominação era mboia que quer dizer cobra (DOMENICO,
2008, p. 329). Ou ainda a própria tradução da palavra em tupi, Mboy, que
significa cobra (DOMENICO, 2008, p. 167).

                                                                             2. Sobre Embu das Artes        15
2.5. Análise das marcas da Prefeitura de Embu das Artes
                                 A seguir são comentadas e analisadas as três marcas adotadas pela
                                 Prefeitura de Embu das Artes entre 2000 e 2011. As duas primeiras marcas
                                 são referentes às gestões administrativas chefiadas por um mesmo prefeito
                                 reeleito. Já a última, é referente ao atual prefeito que trabalha para a
                                 reeleição nas eleições de 2012.

                                 2.5.1. Marca de 2000 a 2004

                                 Alguns ícones podem ser decodificados rapidamente, ainda que
                                 simplificados a ponto de tornarem-se pictóricos, como no caso da família
                                 ao centro e a casa que os acolhe com um sol pondo-se logo acima. Ao
                                 fundo da casa, em tons de verde, surge uma representação estilizada de
                                 uma folha, onde o verde representa, no caso, tanto a grande área verde
                                 protegida por lei estabelecida no Plano Diretor da cidade, como o tipo de
                                 relevo que forma o solo.

     Figura 6 - Marca da
  Prefeitura de Embu das
    Artes de 2000 a 2004
desenhada pelo escritório
      de design Baracasé.
     Fonte: Secretaria de
     Comunicação Social
            da Prefeitura
      de Embu das Artes.    6

                                 2.5.2. Marca de 2004 a 2008

                                 Como na marca da gestão anterior, é possivel notar a presença de
                                 pictogramas de pessoas. Dessa vez, não da família em si, mas de uma
                                 sequência de pessoas com os braços levantados abaixo das construções
                                 que representam a cidade, como se a estivessem sustentando. As
                                 construções são representações bastante simplificadas do Museu de
                                 Artes Sacra de Embu das Artes, principal patrimônio histórico da cidade,
                                 e nas laterais, as casas antigas da região central entre as árvores para
                                 representar a área verde da cidade.

16     2. Sobre Embu das Artes
Figura 7 - Marca da
                                                                                     Prefeitura de Embu
                                                                                     das Artes de 2004 a
                                                                                     2008 desenhada pela
                                                                                     equipe de designers
                                                                                     do Departamento
                                                                                     de Comunicação da
                                                                                     Prefeitura de
                                                                                     Embu das Artes.
                                                                                     Fonte: Secretaria de
                                                                               7
                                                                                     Comunicação Social
                                                                                     da Prefeitura de Embu
                                                                                     das Artes.

2.5.3. Marca de 2008 a 2012

Ao centro encontra-se a silhueta do mapa de Embu das Artes com o nome
da cidade ao meio. Ao redor do mapa, estão elementos divididos nas três
cores oficiais da bandeira da cidade instituídas pela Lei Municipal nº 367,
de 25 de abril de 1968. Na área verde encontram-se as árvores, mais
uma vez para representar a área de preservação ambiental da cidade. Na
área amarela estão as edificações que representam o desenvolvimento
sustentável da cidade, uma diretriz da atual gestão administrativa. Já
abaixo, na área vermelha, estão as pessoas em forma pictórica em cores
diferentes com a finalidade de representar a diversidade de gênero e raças
e a participação de todos para o desenvolvimento da cidade.

                                                                                     Figura 8 - Marca da
                                                                                     Prefeitura de Embu das
                                                                                     Artes de 2008 a 2012
                                                                                     desenhada pela equipe
                                                                                     de designers da Secretaria
                                                                                     de Comunicação Social
                                                                                     da Prefeitura de Embu
                                                                                     das Artes. Fonte: Secretaria
                                                                                     de Comunicação Social
                                                                                     da Prefeitura de
                                                                               8
                                                                                     Embu das Artes.

2.5.4. Análise semiótica das três marcas

Segundo Décio Pignatari, símbolo relaciona-se com o referente de
maneira “arbitrária”, “convencional” (PIGNATARI, 2003, p. 31). Não
é exatamente o que pode ser observado nos três casos mostrados
anteriormente, pois sua composição icônica e pictórica contém tantos

                                                                              2. Sobre Embu das Artes         17
elementos que distancia-se do que Décio Pignatari afirma com relação a
                               um signo.
                                     “A raiz primitiva parece indicar que ‘signo’ seria algo que se referisse
                               a uma coisa maior do qual foi extraído: uma folha em relação a uma
                               árvore, um dente em relação a um bicho etc”.
                               (PIGNATARI, 2003, p. 27).
                                     Ainda que haja a simplificação dos ícones a ponto de tornarem-se
                               pictóricos, o que se percebe é um pensamento oposto ao que cita Décio
                               Pignatari. Não há algo extraído de uma coisa maior, mas há diversos
                               elementos extraídos da Cidade de Embu das Artes, agrupados para referir-
                               se a ela. No primeiro caso, não há qualquer elemento visual que seja
                               possível identificar-se ou relacionar-se diretamente à cidade de maneira
                               exclusiva. A folha, o céu, o verde, o azul, a casa, o sol e as pessoas
                               poderiam referir-se a qualquer outra cidade do Brasil e até mesmo de
                               outros países.
                                     Já no segundo caso, o único elemento exclusivo de referência à
                               cidade é o Museu de Arte Sacra, que, além de fazer parte da fundação
                               histórica da cidade, é um cartão postal mundialmente conhecido. Todos os
                               outros elementos, as casas aos lados do Museu de Arte Sacra, as árvores e
                               as pessoas, poderiam fazer referência a qualquer outra cidade.

                                                                       Figura 9 - Detalhe da marca de 2004 a 2008, desenho
                                                                       simplificado do Museu de Arte Sacra.

                         9

                                      No terceiro caso há no centro da imagem um mapa sem qualquer
                               estilização formal, apenas seu desenho cartográfico formado pelas
                               limitações territoriais com os municípios vizinhos. Mais uma vez, é um
                               pensamento contrário ao exposto por Décio Pignatari. Nesse caso evidente
                               pela tentativa de abarcar a totalidade da cidade pelo desenho cartográfico
                               do território de Embu das Artes, há ainda os elementos adicionais. São eles:
                               pessoas de cores variadas para representar a diversidade, construções de
                               casas, edifícios e árvores, que, como nas duas outras marcas já analisadas,
                               não são referências particulares e diferenciadoras entre a cidade de Embu

18   2. Sobre Embu das Artes
das Artes e as outras. Assim como no exemplo citado anteriormente, cada
árvore tem folhas de características exclusivas que permitem identificá-la
mesmo quando não está presente, visível ou tangível.

       Figura 10 - Mapa territorial de Embu das Artes.
                    Detalhe da marca de 2008 a 2012.

                                                                              10

2.5.5. Marcas ou brasões?

Joan Costa, em seu livro Imagem da marca: um fenômeno social. faz
uma descrição de como são estruturados os brasões. É possível identificar
muitos aspectos semelhantes entre as imagens comentadas como marcas
e os brasões, exceto pela não utilização da forma de escudo como é
padrão nos brasões. Há imagens de representação da natureza que são
classificadas como “ordinárias”, humanas e torres. Essas imagens na
heráldica não aplicam-se como símbolos do ponto de vista semiótico, ou
seja, o sol não refere-se ao sol, mas aos valores psicológicos ou morais
(COSTA, 2008, p.59). Como visto anteriormente, elementos como os
pictogramas de pessoas não significam as pessoas propriamente ditas,
mas conceitos como bem estar da família, ou a união da população para o
desenvolvimento da cidade e, por último, a diversidade de gênero, de raça
e de cultura.

2.5.6. Conclusão da análise das imagens adotadas como marcas

Como já visto, as imagens expostas neste capítulo foram adotadas e
utilizadas como marcas, entretanto constatou-se que assemelham-se com
os brasões por sua composição que utiliza diferentes signos agrupados,
diferentemente da marca, que de signo verbal, passa a ser signo visual
(COSTA, 2008, p. 23). Por signo entende-se algo que refere-se a uma
coisa maior, conforme visto em citação de Décio Pignatari, portanto o
signo visual deve ser o mais sintético possível como nos exemplos da

                                                                             2. Sobre Embu das Artes   19
folha da árvore e do dente do bicho vistos anteriormente. Um único
                               elemento pode ser capaz de referir-se a algo maior, a uma totalidade sem
                               ser a própria totalidade. Nesse sentido assemelha-se a figura de retórica
                               sinédoque, pela qual se emprega o todo pela parte ou a parte pelo todo
                               (PIGNATARI, 2003, p. 28). Esse recurso será utilizado como fundamento
                               no desenho da marca gráfica para a Cidade de Embu das Artes.

                                                                     Figura 11 - Exemplo de sinédoque, a parte substitui o
                                                                     todo, o telhado faz referência ao Museu de Arte Sacra,
                                                                     entretando, devido ao desenho utilizando quadrados, pode
                                                                     haver referência à marca de 2004 a 2008.

                        11

20   2. Sobre Embu das Artes
ref
3

    Referências visuais e projetuais
A princípio, foram pesquisadas referências de marcas de prefeituras, visto
                                  que o trabalho tem como objetivo propor um sistema de identidade visual
                                  cujo elemento primário é a marca. Algumas marcas de cidades, entre as
                                  mais populosas do estdado de São Paulo, foram previamente selecionadas,
                                  no entanto, foram as marcas dos municípios de Amsterdã e Paris que
                                  mais contribuíram para obter referência da expressão visual comentada
                                  no capítulo anterior, e assim propor uma marca que contemple as
                                  características da cidade e seja sintética o suficiente para ser um elemento
                                  que faça referência a um todo maior, ou seja, um signo visual.

      Figura 1 - Marcas de
    prefeituras de cidades
  do Estado de São Paulo.
           Disponíveis em:
     ,
 ,
       e
.
Acesso em: 22 de nov. 2011.

                              1

                                        Foram pesquisadas algumas imagens que pudessem contribuir para
                                  relacionar a marca gráfica com a origem do nome da cidade de Embu
                                  das Artes, que é M’boy, palavra derivada do Tupi que significa cobra,
                                  como comentado no segundo capítulo, no tópico que trata da origem e
                                  significados do nome do município.

22      3. Referências visuais e projetuais
Os símbolos oficiais de Embu das Artes, instituídos em Lei Municipal
    Nº 130, de 19 de novembro de 1962 para o brasão e Lei Municipal nº
    367, de 25 de abril de 1968 para a bandeira, formam uma importante
    referência visual a ser observada, assim como nas próprias referências de
    marcas que serão citadas utilizam elementos do brasão e cores oficiais da
    bandeira e do brasão.

         Figura 2 - Bandeira de Embu das Artes tem o brasão de
             armas ao centro. São os símbolos oficiais da cidade.
    Fonte: Secretaria de Comunicação Social de Embu das Artes.

                                                                                                                                2

          Para obter características da produção artística, foi realizada uma
    pesquisa com registro fotográfico de diversas obras expostas na Feira de
    Artes e Artesanato de Embu das Artes, além de uma entrevista com Adelino,
    escultor que trabalha, expõe e comercializa seus trabalhos na feira.

    3.1. Marca e identidade visual da Prefeitura de Amsterdã
                                                                                                                                      1 - Informações sobre
    A marca da cidade de Amsterdã faz referência a sua fundação histórica                                                             fundação de Amsterdã.
    ligada à igreja católica, simbolizada no brasão de armas pelas três cruzes de                                                     Disponível em: . Acesso
                                                                                                                                      em: 1 de dez. 2011.

                                                                                                                                      2 - Informações sobre
                                                                                                                                      marca da Prefeitura de
                                                                                                                                      Amsterdã. Disponível
                                                                                                                                      em: . Acesso em: 1 de dez. 2011.                        Acesso em: 1 de dez. 2011.

3

                                                                                                                     3. Referências visuais e projetuais      23
Figura 4 - Marca da
  Prefeitura de Amsterdã.
   Disponível em: .
Acesso em: 1 de dez. 2011.

                              4

                                        A simplicidade das três cruzes possibilita aplicações em diversas
                                  superfícies sem grandes dificuldades, mantendo seu significado histórico,
                                  como nos postes das figuras 5 e 6, que apareceram nas ruas de Amsterdã
   3 - Informações sobre
     postes de Amsterdã.
                                  por volta de 19083. Adrian Futiger afirma que a cruz poderia ser nomeada
           Disponível em:         o “sinal dos sinais” devido ao ponto de intersecção de duas linhas que pode
            . Acesso em:
                                  desse ponto de intersecção (FRUTIGER, 2007, p. 29). Ele demonstra ainda
           1 de dez. 2011.        que as linhas inclinadas em angulos de 45º com ponto de intersecção ao
                                  centro, como no caso da cruz de Santo André, podem fazer referência a
                                  uma pessoa com braços e pernas em pé (FRUTIGER, 2007, p. 20). Demonstra
                                  também a simplicidade que pode haver na simbologia da imagem figurativa
                                  do Cristo crucificado, reduzida a dois pedaços de madeira amarrados em
                                  uma montanha ou na barraca de um excursionista e ainda assim manter seu
                                  significado (FRUTIGER, 2007, p. 204).

                                                                            Figuras 5 e 6 - À esquerda, postes instalados nas ruas da
                                                                            cidade de Amsterdã. À direita, o detalhe de poste com as
                                                                            três cruzes de Santo André, um dos símbolos do município
                                                                            de Amsterdã que apareceu nas ruas por volta de 1908.
                                                                            Fontes: http://www.dmo.amsterdam.nl/burgerschap_en/
                                                                            e http://www.tctubantia.nl/incoming/6461498/
                                                                            article6751567.ece
                              5                                         6

                                       Outra referência visual é a utilização de ícones para as diversas
                                  organizações e setores administrativos, que trabalham em parceria
                                  com a Prefeitura de Amsterdã. Como no exemplo abaixo, esse tipo
                                  de composição poderá ser proposto para a nova identidade visual da
                                  Prefeitura de Embu das Artes.

24      3. Referências visuais e projetuais
Figura 7 - Marca da
                                                                                      Prefeitura de Amsterdã
                                                                                      com ícone aplicado para
                                                                                      Companhia Energética
                                                                                      e Resíduos. Disponível
                                                                                      em: .
                                                                                      Acesso em: 1 de dez. 2011.

                                                                                7

3.2. Marca da Prefeitura de Paris
A utilização da geometria e simplificação das formas pelo desenho de
poucas linhas é a referência visual destacada para desenvolver uma nova
marca para a Prefeitura de Embu das Artes. Essa simplificação das formas
da marca da Prefeitura de Paris pode ser notada na estilização da caravela
extraída do brasão da cidade.

                                                                                8

 Figura 8 - Acima, a marca da Cidade de Paris. Disponível
   em: . Acesso em: 1 de dez. 2011.

  Figura 9 - Abaixo, brasão da cidade de Paris. Fonte: Capa
     do livro Les Armoiries de Paris. Disponível em: . Acesso em 10 de jan. 2012.

                                                                                9

                                                                     3. Referências visuais e projetuais      25
3.3. Referências com a cultura indígena
                                      Como já citado anteriormente, os índios que habitavam a região da cidade
                                      de Embu das Artes e de São Paulo eram da tribo Tupi. Já os índios vindos
                                      com os primeiros jesuítas, eram Caijós (Guarani).
                                            Como não foi encontrada qualquer referência histórica de padrões de
                                      desenhos indígenas da época da fundação da cidade, buscou-se referência
                                      em padrões de desenhos produzidos por índios das tribos guarani ou tupi.
                                      Foram localizados padrões para cobra em tribos e culturas indígenas
                                      diferentes que demonstram certa semelhança entre si.

     Figura 10 - Padrões de
      desenhos para a cobra
        comuns em culturas
  indígenas. Acima, padrão
    da tribo guarani M`Byá;
abaixo, à esquerda, padrão
de tribo do Alto Xingu e, à
direita, motivo de desenho
 dos Siona. Fontes: Revista
      Tellus, Ano 8, nº 15, p.
        215 e 216; Artigo de
   José Francisco Sarmento
     Disponível em: . Acesso em:
 10 de jan. 2012. Grafismo
              Indígena, p. 84.

                                 10

26       3. Referências visuais e projetuais
Como pode ser visto na figura 10, os detralhes seguidos
respectivamente por seus padrões são da tribo gurarani M’byá que habitam
em Paraty-Mirim / RJ. Esses padrões são reproduzidos em cestos trançados
e representam a cobra, mais especificamente a jararaca. Na última fileira,
à esquerda, o detalhe de um padrão de tribo indígena do Alto Xingu que
significa caminho de cobra. E à direita, um motivo de desenho básico dos
índios Siona do sul da Colômbia e do Norte do Equador, que significa
Jibóia (VIDAL, 1992, p. 67 e 84).

3.4. Referências da produção artística de Embu das Artes
A cidade tem uma vasta produção artística. Foi feita uma pesquisa de
campo para identificar os meios mais utilizados pela produção artística
para finalidade de comunicação visual ou aplicações de grande escala.
Também foi realizada uma entrevista com o escultor e entalhador Adelino
para identificar uma tipografia de fácil reprodução e as características de
uma imagem que não seja trabalhosa ao entalhar placas de madeira em
pequenas dimensões, como 5 por 5 ou 10 por 10 centímetros. Para isso,
foi-lhe mostrada a marca atual utilizada pela Prefeitura de Embu das
Artes. Segundo o escultor, seria impossível reproduzir uma imagem tão
repleta de detalhes quando muito reduzida, quanto à tipografia, afirmou
categoricamente que tipos manuscritos com muitos detalhes são realmente
trabalhosos e, apesar de conseguir um bom acabamento, prefere não fazer
esse tipo de trabalho.

                                                                                      Figura 11 - Placas
                                                                                      entalhadas por Adelino.
                                                                                      Fonte: registro fotográfico
                                                                                      feito durante pesquisa de
                                                                                      campo na Feira de Artes e
                                                                                      Artesanato.

                                                                                11

                                                                     3. Referências visuais e projetuais       27
Durante a pesquisa na região central de Embu das Artes, foram
                                   observados trabalhos de mosaico nos bancos da praça do Largo 21 de
                                   Abril. Esse tipo de trabalho não fica restrito apenas ao Centro da cidade
                                   onde ocorre a Feira de Artes e Artesanato todos os finais de semana, mas
                                   estende-se aos bairros mais afastados. É utilizada em escala bastante
                                   ampliada como painéis de aproximadamente 10 metros e sequências de
                                   painéis que cobrem muros de mais de 50 metros de extensão.

   Figura 12 - Imagens de
      mosaicos em regiões
   diferentes de Embu das
 Artes, separadas por mais
    de 10 km de distância.
Acima, bancos da Praça no
 Largo 21 de Abril, Centro.                                        12                                     13

   Figura 13 - Detalhe de
  sequência de painéis de
2x1,5 metros em muro do
   Cemitério dos Jesuítas.

   Figura 14 - Painéis de
2x1,5 metros em muro do
   Cemitério dos Jesuítas.

                              14

28      3. Referências visuais e projetuais
con
4

    Conceitos fundamentais
Há diversos autores que falam sobre desenho de marcas, designers que
                            dedicaram-se durante anos ao desenho de marcas e revelaram seus processos
                            criativos como, Alexandre Wollner em seu livro Design visual 50 anos, ou
                            Marcas e Sinalização, de Norberto Chamma. Entretanto, a visão mais ampla
                            que consiste o sistema de identidade visual a ser utilizada neste projeto, foi
                            extraída de duas referências bibliográficas complementares. Alina Wheeler,
                            em Design de identidade da marca, detalha todo o processo de criação de uma
                            marca, desde o desenho de um símbolo a todo o ambiente que o circunda
                            e que estruturam um sistema de identidade visual como cores, tipografia,
                            som, movimento e algumas aplicações que demonstram a interação desses
                            elementos entre si. Já o livro Sistema de identidade visual, de Maria Luísa
                            Péon, organiza com clareza a tipografia, cores, logotipos, símbolos e
                            grafismos em grupos ou elementos. Tal referência é utlizada com a finalidade
                            de facilitar a abordagem do que deverá ser explorado durante o projeto e
                            também no próprio desenvolvimento dos desenhos em etapas de trabalho.

                            4.1. Sistema de identidade visual
                            Segundo Maria Luísa Peón, os elementos de identidade visual podem ser
                            divididos da seguinte forma:

                                     Primários: são aqueles nos quais se baseiam todos os demais e cuja veiculação
                                     intermitente nas aplicações é essencial para o funcionamento do sistema. São
                                     eles o logotipo, o símbolo e a marca.
                                     Secundários: Aqueles que, embora de grande importância, tem sua utilização
                                     altamente dependente da configuração de cada aplicação, tendo por isso um
                                     grau geralmente menor de repetitividade no sistema. Além disso, os elementos
                                     secundários na quase totalidade das vezes derivam de componentes dos
                                     elementos primários. São eles as cores e o alfabeto institucional.
                                     Acessórios: em geral também derivam dos elementos primários e, ainda,
                                     dos secundários, são os grafismos, normas para layout, símbolos e logotipos
                                     acessórios e os mascotes (PEÓN, 2009, p. 21 e 22).

                                  Com base nessa estrutura, no quinto capítulo, em que será exposto
                            o processo criativo da proposta do sistema de identidade visual para a
                            Prefeitura de Embu das Artes, será abordada primeiramente a construção
                            da marca gráfica, posteriormente a família tipográfica institucional, cores
                            institucionais, grafismos e, por último algumas, possibilidades de aplicações.

30   4. Conceitos fundamentais
4.2. Famílias tipográficas
De acordo com Alina Wheeler, a tipografia é essencial para um programa
de identidade visual eficaz e a escolha da fonte tipográfica requer um
conhecimento da amplitude de suas opções e funcionalidades (WHEELER,
2008, p. 122). Para melhor compreender determinados aspectos levados
em consideração na escolha da família tipográfica institucional para
a Prefeitura de Embu das Artes, alguns conceitos serão brevemente
esclarecidos e comentados a seguir.
      A ideia de família tipográfica, que teve origem da necessidade de
criar hierarquias, letras romanas em caixa alta foram criadas em épocas
diferentes às letras romanas em caixa baixa. As itálicas surgiram por volta
de 1500 e não eram combinadas às romanas em uma mesma linha de texto.
Somente na tipografia barroca, por volta de 1600, como classifica Robert
Bringhurst, é que os itálicos começaram a ser utilizados habitualmente
junto aos romanos em uma mesma linha de texto, pois uma característica
forte da tipografia barroca é a utilização de formas contraditórias. Os tipos
bold mais volumosos e os condensados surgiram durante o século 19
cumprindo basicamente a mesma função contrastante dos itálicos, que a
partir de então, tiveram seu uso menos frequente. (BRINGHUSRT, 2005, p.
63, 138, 140 e 141).
                                                                                                   Figura 1 - O Adobe
                                                                                                   Caslon, de Carol Twombly,
                                                                                                   parte dos tipos gravados
                                                                                                   por William Caslon na
                                                                                                   década de 1730 em
                                                                                                   Londres. Exemplo de tipo
                                                                                                   classificado como barroco
                                                                                                   por Robert Bringhurst,
                                                                                              1    acima em tamanho maior
                                                                                                   o tipo romano e abaixo
                                                                                                   o tipo itálico. Fonte:
         Uma família com todos esses elementos forma uma série hierárquica, que                    Elementos do estilo
         se baseia não na ascendência histórica, mas na adaptabilidade geral e na                  tipográfico, p. 18.

         frequencia de uso. E a série funciona dessa maneira por força não tanto do
         costume quanto de questões fisiológicas. A monumentalidade das maiúsculas
         romanas, o volume dos tipos bold, o fluxo caligráfico e (na maioria das vezes)
         a inclinação do itálico destacam-se de modo eficaz sobre um fundo romano
         pacífico e predominantemente perpendicular. Experimente rever essa ordem: o
         texto não irá apenas parecer peculiar; irá causar também desconforto físico ao
         leitor (BRINGHURST, 2005, p.63).

                                                                                          4. Conceitos fundamentais       31
Além das diferenças tipográficas já citadas, Ellen Lupton menciona
                                    a maior diversidade dos tipos sem serifa em comparação ao tipo serifado
                                    tradicionalmente utilizado em livros, pesos e tamanhos fino, leve, preto,
                                    ultra-estreito, estreito, entre outras variações foram incorporadas. Por
                                    volta da década de 1990, em famílias unificadas com versões serifadas
                                    e sem serifas, o tipo Scala, de Martin Majoor é um exemplo disso. Seu
                                    desenho tem uma espinha dorsal comum em ambas as versões o que
                                    confere à família tipográfica a coesão e a identidade particular almejada.
                                    As primeiras versões foram serifadas. Posteriormente foram adicionadas
                                    versões sem serifa e um conjunto ornamental (LUPTON, 2006, p.47).

                                                                           Figura 2 - Diagrama revela esqueleto comum entre as versões
                                                                           do tipo de letras Scala com serifa e sem serifas desenhados
                                                                           por Martin Majoor. Fonte: Pensar com tipos, p. 47.

                                2

                                          O quadro da figura 3 ilustra algumas definições e termos comuns
                                    utilizados em tipografia que serão observados mais à frente quando
                                    comentado o critério de seleção da família tipográfica institucional para
                                    compor o sistema de identidade visual da Prefeitura de Embu das Artes.

      Figura 3 - Definições
 utilizadas para analisar e
  classificar tipos de letra.
Fonte: Projeto tipográfico,
                 p. 38 a 43).

                                3

32       4. Conceitos fundamentais
sist
5

    Sistema de identidade visual
5.1. Processo criativo da marca gráfica
                                    Além das pesquisas de referências visuais e projetuais já descritas nos
                                    capítulos anteriores, foi utilizado durante o processo de desenvolvimento
                                    da marca gráfica o método de abstração de imagens de Carlos Eduardo
                                    Leite Perrone, professor e coordenador do curso de Pós-graduação em
                                    Design Gráfico: Conceito e Aplicação da FAAP. O método foi exposto
                                    durante a disciplina Marca: nominação e grafismo do curso e tem
                                    fundamental importância de aplicação para o projeto desenvolvido aqui.
                                          Nesse processo, foram feitas abstrações de imagens a partir de
                                    fotografias de gestos manuais que representam palavras-conceito
                                    relacionadas à Prefeitura de Embu das Artes. Em seguida, essas fotos
                                    foram transformadas em desenhos com auxílio de papel vegetal
                                    sobreposto às fotografias e lápis de cor preto para criar áreas de cor
                                    quase uniformes com alto contraste para refiná-los após digitalização e
                                    vetorização. Até por fim chegarem em uma única forma utilizada como
                                    marca gráfica.

                                    5.1.1. Palavras-conceito

                                    As palavras-conceito foram extraídas do Título I, artigo 1º da
    1- Título I, artigo 1º da
                                    Constituição Brasileira de 19881, pois são características funcionais de
 Constituição da República
    Federativa do Brasil de         deveres referentes às instituições governamentais nas esferas federal,
      1988. Disponível em:          estadual e municipal. As palavras destacadas foram: desenvolvimento,
 .
Acesso em: 20 de nov. 2011.

Figura 1 - Imagem gestual
  para a palavra-conceito:
          desenvolvimento

Figura 2 - Imagem gestual
  para a palavra-conceito:
                segurança

                                1                                                                               2

34       5. Sistema de identidade visual
Figura 3 - Imagem gestual
                                                                                         para a palavra-conceito:
                                                                                         solidariedade

                                                                                         Figura 4 - Imagem gestual
                                                                                         para a palavra-conceito:
                                                                                         participação

3                                                                                  4

          Dentre as fotografias expostas anteriormente, foi selecionada a da
    palavra-conceito participação por sua menor complexidade em estrutura
    e por sua semelhança com o grafismo guarani para a cobra, citado no
    terceiro capítulo de referências visuais e projetuais.

                                                                                         Figuras 5 e 6 - Imagens
                                                                                         abstraídas das fotografias
                                                                                   5
                                                                                         de gestos manuais
                                                                                         das palavras-conceito
                                                                                         desenvolvimento e
                                                                                         segurança.

                                                                                   6

                                                                           5. Sistema de identidade visual       35
Figura 7 - Imagem
abstraída da fotografia de
gesto manual das palavra-
    conceito participação.

                                7

      Figura 8 - À esquerda,
   imagem vetorizada para
    manipulação digital e, à
direita, imagens de padrões
          guarani para cobra.

                                8

                                         Após a escolha da imagem final, foram retiradas as duas formas do
                                    meio do grafismo com a finalidade de obter maior simplificação e torná-la
                                    uma imagem mais compacta e mais semelhante ao grafismo indígena. Essa
                                    forma final foi utlizada para a marca gráfica da Prefeitura de Embu das Artes.

  Figura 9 - Simplificação
 da imagem para torná-la
 mais compacta, simples e
  semelhante ao grafismo
       indígena de cobra.

                                9

36       5. Sistema de identidade visual
5.2. Imagem para marca gráfica sobre grid
O objetivo da utilização do grid, neste caso, é obter um desenho de
marca gráfica simples o suficiente para ser reproduzido nas diversas
superfícies adotadas pelos meios artísticos da cidade de Embu das Artes,
principalmente os já mencionados como comuns à comunicação visual, que
são as esculturas de placas em madeira e desenhos em mosaico com azulejo.
      A utilização de grids pode auxiliar na finalização das formas pela
possibilidade de estabelecer proporções e criar ritmos, Timothy Samara
ressalta as vantagens de utilizar o grid como: clareza, eficiência, economia
e continuidade e, acima de tudo, introduzir uma ordem sistemática ao
layout (SAMARA, 2010, p.202). Já a utilização de um grid modular,
torna possível simplificar o desenho com a finalidade de ser reproduzido
por terceiros ao tornar mais importante a relação entre as proporções
do que um número baseado em medidas como centímetros, polegadas
etc. (WOLLNER, 2003, p.215). Por último, vale registrar o comentário de
Einstein a respeito do módulo: “ é uma escala de proporções que dificulta
o ruim e facilita o bom” (HOLLIS, 2000, p. 139).

                      2
              1

                                                                                      Figura 10 - Marca gráfica
                                                                                      sobre grid quadrado
                                                                                      modulado sempre em 4
                            3                                                         vêzes para possibilitar
                                                                                      maior facilidade de
                                                                                      divisão em duas partes
                                                                                      iguais para cada lado, o
                                                                                      que não ocorreria se fosse
                                                                                      utilizado um grid modular
                                                                                      de três partes.

                                                                                10

      A utilização de um grid modular de 4 partes visa facilitar, na
divisão em proporções iguais, duas partes iguais para cada lado, como
demonstrado da figura 10. Além disso, foram estabelecidas coordenadas
para as diagonais com os pontos de encontro referenciados nas
proporções modulares de valor 3.
      A precisão da linha reta não é objetivada como a mais importante
característica neste desenho. Aqui é estabelecido um importante atributo
para o código visual da nova identidade visual da Prefeitura de Embu

                                                                        5. Sistema de identidade visual      37
das Artes, a antropia. Ou seja, a previsão da leve deformação da linha
                                      resultante do meio artístico de reprodução, seja em escultura em madeira
                                      ou pedra, pintura, mosaico, stencil, desenho à lápis, entre outros.
                                            As coordenadas estabelecidas no projeto da marca gráfica sobre o grid
                                      podem ser observadas pela descrição da linha em si por Adrian Frutiger, em
                                      seu livro Sinais e Símbolos, em que ele considera a imagem da linha como
                                      inicialmente simulada pela justaposição de pontos. A linha parte de um ponto
                                      colocado em movimento como um lápis ao encostar no papel produz um
                                      ponto e, se deslizar pelo papel, deixa transparecer seu percurso. Ou seja, uma
                                      linha. Entretanto, torna-se evidente a dificuldade de fazer uma reta sem régua,
                                      pois o movimento resultante da anatomia da mão e do braço impulsionados
                                      pela suspensão do cotovelo, do ombro ou do pulso produzem um movimento
                                      circular. Existe ainda o fator diferenciador da gravidade da terra que torna uma
                                      linha horizontal menos precisa que uma vertical (FRUTIGER, 2007, p. 8).
                                            A falta de exatidão do ser humano em traçar uma linha reta sem
                                      réguas não é a maior questão a ser observada no projeto da marca gráfica,
                                      mas sim a expressão que cada material de superfície e os instrumentos
                                      utilizados para desenhar sobre eles proporciona. A sequencia de imagens na
                                      figura 11 exemplifica a diferença característica de cada desenho provocada
                                      pelo instrumento e pelo tipo de superfície (FRUTIGER, 2007, p.71 e 72).
                  Figura 11 -
          Transformações na
    forma externa do traço
    pelo meio de expressão
      utilizado, da esquerda
     para a direita, sulcos e
                                 11
  cortes rústicos em pedra
        e madeira; escultura
  com martelo e cinzel em
    lápides e monumentos;
                                            Com base nos exemplos mostrados acima, pode-se dizer que a
 tinta aplicada com haste             produção artística da cidade de Embu das Artes, pela utilização dos
     primitiva sobre tábuas,          diversos instrumentos, técnicas e materiais de produção artísticas, resulta
         peles e folhas; tinta
       aplicada com pincel;
                                      em características expressivas diferentes. Desta forma, a utilização do grid
 tinta aplicada com penas             modular no desenho da marca gráfica não tem a finalidade de determinar
   côncavas; expressão em             linhas retas e ângulos perfeitos ou a forma externa do traço, mas, antes de
   tecidos; bordados e, por
   último, pirografia sobre
                                      tudo, determinar as proporções entre os espaços preenchidos e em branco
         madeira ou cortiça.          e os pontos mais determinantes da forma que são os pontos especificados
 Fonte: Sinais e Símbolos,            pelos encontros de coordenadas diagonais e nas extremidades das margens
                   p. 71 e 72.
                                      do quadrado. Essa deformação da linha no desenho original da marca gráfica
                                      visa reduzir o distanciamento entre o desenho original e a reprodução por
                                      meio das diferentes técnicas de gravação e expressão artística.

38       5. Sistema de identidade visual
5.3. Tipografia institucional
                                                                                          2 - A letra manuscita
     O material levantado na pesquisa de campo evidencia a inexistência de
                                                                                          indica a linguagem visual
     um estilo tipográfico específico na produção de placas em madeira para               utilizada no âmbito
     sinalização externa. Há tipos de diversas características. Alguns tipos de           público pelos calígrafos
                                                                                          ou privado por pessoas
     letra podem ser identificados entre as famílias tipográficas utilizadas no
                                                                                          letradas (BRINGHURST,
     meio digital, como Comic Sans e Monotype Corsiva, durante a entrevista               2005, p. 294).
     com Adelino, escultor e entalhador, uma importante característica pode
                                                                                          3 - Segundo Robert
     ser identificada para uma família tipográfica ideal à identidade visual              Bringhurst, os tipos góticos
     da Prefeitura de Embu das Artes, segundo ele, quanto mais complexo e                 foram os primeiros a serem
     detalhado o desenho da letra, seja com serifas, manuscrita2 ou gótica3,              gravados na europa e
                                                                                          entre eles, destacam-se
     maior a dificuldade de reprodução. Ou seja, quanto mais simples, melhor.             os utilizados por Johan
                                                                                          Gutemberg (BRINGHURST,
                                                                                          2005, p. 290).

                                                                                          Figura 12 - Acima, tipo
                                                                                          de letra gótico gravado
                                                                                          por Henric Pieterzoon
                                                                                          Lettersnider em 1942.
                                                                                          Fonte: Elementos do Estilo
                                                                                          Tipográfico, p. 290. Abaixo,
                                                                                          placa de madeira de
                                                                                          Antiquário no Centro de
                                                                                          Embu das Artes. As letras
                                                                                          entalhadas foram baseadas
                                                                                          nos tipos góticos.

                                                                                          Figura 13 - Acima, placa
                                                                                          entalhada em madeira
                                                                                          com referência de letras
                                                                                          manuscritas para loja de
                                                                                          móveis rústicos na região
                                                                                          central de Embu das Artes
                                                                                          e, abaixo, tipo de letra
12                                                                                  13    manuscrito desenhado por
                                                                                          Hermann Zapf e editado
                                                                                          pela Linotype em 1998.
           Outra característica importante a ser observada é a deformação das             Fonte: Elementos do estilo
     partes externas das letras que, apesar de serem extremamente parecidas               tipográfico, p. 297.

     com os originais digitais, possuem as deformações deixadas pelo tipo de
     instrumento e o suporte em que são gravadas. Exemplo disso é o trabalho
     de entalhe em madeira do logotipo da Coca-Cola e da marca da empresa
     de telefonia Tim, que mantêm as características de proporção e cor. Mas,
     ao observar mais aproximadamente, é possível notar as irregularidades
     provocadas pelo processo do entalhe na madeira.

                                                                            5. Sistema de identidade visual        39
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