Maria de Buenos Aires, de Astor Piazzolla - Cistermúsica
←
→
Transcripción del contenido de la página
Si su navegador no muestra la página correctamente, lea el contenido de la página a continuación
Mecenas Maria de Buenos Aires, de Astor Piazzolla Daniel Schvetz, direção Ana Ester Neves, soprano Patrocinador Outros Mundos: ÓPERA - TANGO 29 de julho de 2021 · 21h00 Cine-teatro de Alcobaça – João d’Oliva Monteiro Programa Ficha Artística María de Buenos Aires Ana Ester Neves, soprano solista Ópera de câmara em duas partes Christian Luján, barítono solista Astor Piazzolla (1921 - 1992) Guido Lisioli, recitante solista Libreto de Horacio Ferrer (1933 - 2014) Ana Beatriz Manzanilla, primeiro violino Os 17 quadros de María de Buenos Aires: Beatriz Saglimbeni, segundo violino 1. Alevare Pedro Muñoz, viola 2. Tema de María Carolina Matos, violoncelo 3. Balada renga para un organito loco Pedro Wallenstein, contrabaixo 4. Yo soy María Katherine Rawdon, flauta 5. Milonga carrieguera Elizabeth Davis, percussão 6. Fuga y misterio Alexandre Frazão, bateria 7. Poema valseado Mário Delgado, guitarra 8. Tocata rea Martín Sued, bandoneón 9. Miserere canyengue Janice Landritsky, Bárbara Faustino e Zé Bernardino, 10. Contramilonga a la funerala por la primera muerte dança e coro recitante de María 11. Tangata del alba Eduardo Stupia, audiovisual 12. Carta a los árboles y a las chimeneas Duilio Fonda, ilustração 13. Aria de los analistas Daniel Schvetz, piano e direção musical 14. Romanza del duende poeta y curda 15. Alegro tangabile 16. Milonga de la anunciación 17. Tangus Dei Co-produção: Apoio:
Sinopse de câmara, coro e solistas, destacando-se as óperas O Principezinho, O Defunto e Conferência dos Pássaros, María de Buenos Aires é um espetáculo teatral/ a Misatango, a Cantata para un Silencio, o Concerto musical — o primeiro no género de ópera-tango de para Bandoneón e Orquestra, o Duplo Concerto para Astor Piazzolla — com libreto de Horacio Ferrer, poeta Acordeão, Saxofone e Orquestra, o Concertino para uruguaio-argentino que escreveu também poemas para Piano e Cordas, e o bailado O Cavaleiro da Dinamarca, vários tangos de Piazzolla. encomenda da EADCN, no Centenário de Sophia de Mello Breyner. É professor de Composição e Análise O enredo, complexo e com laivos surrealistas, desenvolve- Musical do Conservatório Nacional. Colaborou com a se ao longo de 17 quadros, alternando entre secções Antena 2, a Cinemateca Portuguesa, o CESEM, a ESML, cantadas, recitadas ou exclusivamente instrumentais, a Metropolitana, a Casa da América Latina, o Inatel ou onde acompanhamos a vida, morte, ressurreição e o Instituto Cervantes, entre outras entidades. maternidade de María. A protagonista deambula entre personagens típicos e cenas do quotidiano da capital argentina, cruzando-se com um poeta narrador que é Ana Ester Neves também um duende, várias marionetas sob seu controle, Reconhecida intérprete do canto lírico português, e um circo de psicanalistas. afirma-se no panorama musical pela sua qualidade María e a sua sombra são a representação de Buenos e versatilidade vocais que lhe permitem abraçar Aires, associadas ao tango, à vida das ruas e da noite. projetos muito contrastantes, desde a música barroca à Mas a personagem encerra em si múltiplas leituras e contemporânea, passando da ópera ao musical. surge frequentemente associada tanto à Virgem Maria Diplomou-se em Canto pelo Conservatório Nacional de e a Jesus Cristo, como à condição feminina. Música de Lisboa e prosseguiu os seus estudos na Royal A obra estreou na Sala Planeta em Buenos Aires a 8 Academy of Music em Londres onde obteve uma Pós- de maio de 1968. O próprio compositor classificou-a de Graduação em Ópera e posteriormente na Universidade “Operita”, que poderemos considerar “de Câmara”, e é de Boston, na School for the Arts, onde concluiu o apresentada com um efetivo de onze instrumentistas, Mestrado em Interpretação Vocal. dois cantores solistas (uma soprano e um barítono), um A intensa diversidade da sua carreira tem-na levado recitante e um grupo coral de pequeno formato (com 4 a a apresentar-se em Portugal, Inglaterra, Áustria, 6 elementos) também recitante. Alemanha, Itália, Grécia, Espanha, França, Brasil e EUA, quer como recitalista, quer como solista de orquestra. Também do repertório operático destacam-se as suas Biografias interpretações de Micaela na ópera Carmen, Musetta em La Bohéme, La Contessa em As Bodas de Fígaro, Tatyana em Eugene Onegin, Bess em Porgy and Bess, D. Elvira em Daniel Schvetz D. Giovanni, Xenya em Boris Godunov, Lady Billows em Estudou piano e composição no Conservatório Nacional Albert Herring, Laura em Neues vom Tage, Violetta em de Buenos Aires - López Bouchard, composição no La Traviata, Tosca em Tosca, Cio-Cio-San em Madama Conservatório Beethoven, e música electroacústica Butterfly, a Mãe em Ahmal and the Night Visitors, entre na Universidade Ricardo Rojas. Participou nos Cursos outras. Estreou a ópera The Bacchae no papel principal Latino-Americanos de Música Contemporânea e Cursos de Agave de Theodore Antoniou, em Atenas. de Verão no IRCAM (recursos eletroacústicos). Foi É sua preocupação a divulgação do repertório português, discípulo em piano de Roberto Brando, Moises Makaroff, pelo que o tem apresentado nas salas portuguesas mais M. R. Oubiña de Castro, em composição, contraponto e importantes e também no estrangeiro. Estreou os papéis fuga de Guillermo Graetzer, em análise e harmonia do principais das óperas O Doido e a Morte (D. Aninhas) e A séc. XX de Fermina Casanova. Viajou várias vezes pela Rainha Louca (D. Maria I) de Alexandre Delgado, Édipo Argentina, Peru, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai ou a Tragédia do Saber (Jocasta) e Os Dias Levantados como intérprete e investigador dos diversos folclores, (O Anjo Camponês) de António Pinho Vargas e As Três sendo inspirado por muitas obras desse período, não Máscaras de Ferro (Fanny Owen) de Eurico Carrapatoso. só pelas riquíssimas variedades e estilos musicais, Estreou também a cantata Urban Urbe de Daniel como pela poesia, literatura e tradições culturais das Schvetz. Destacam-se ainda as suas interpretações da diversas geografias e povoações. Participou em projetos 14.ª Sinfonia de Chostakovitch, o Requiem para o Planeta jazzísticos e de improvisação pura, de inspiração Terra de João Pedro Oliveira, o Requiem de Verdi, e El folclórica como Luna, Canto Entero, de tango e inspiração Sombrero de Tres Bicos de Falla. tangueira como El Borde, Duo Naka-Schvetz, e de vários projetos de música contemporânea como Ophris com Vencedora dos concursos Mary Garden e Luísa Todi, é César Viana, interpretando obras de compositores detentora dos prémios operáticos Gilbert Betjemann e portugueses, e os ensembles Septeto Daniel Schvetz, Ricordi. Gravou a Sinfonia n.º 6 de Joly Braga Santos para Duo Moderato Tangabile com o tubista Sérgio Carolino, a Marco Polo, Os Dias Levantados de António Pinho o duo Pois É com a cantora Sara Belo e Pianordeão Vargas para a EMI-Classics e gravou também para a com o acordeonista Pedro Santos. Compôs vários tipos RTP, RDP e BBC. É membro fundador do Trio Vissi d’Arte de obras para piano — peças curtas, ciclos de prelúdios, e colaborou com o Grupo de Música Contemporânea de variações, peças didáticas — para orquestra, ensembles Lisboa.
A sua interpretação de Mrs. Lovett em Sweeney Todd Guido Lisioli de Stephen Sondheim valeu-lhe a nomeação para os Globos de Ouro na categoria de Melhor Atriz e o Prémio Guido Lisioli, de nacionalidade argentina, é um professor, Bernardo Santareno de Melhor Interpretação. compositor e produtor musical com mais de dez anos de experiência na preparação de cantores de diferentes No campo da Pedagogia foi Professora Assistente da faixas etárias, estilos musicais e nacionalidades. Disciplina de Canto na Universidade de Boston, lecionou Canto no Conservatório Regional do Algarve, na Com formação académica na consagrada Escola Universidade de Évora e no Politécnico de Castelo Branco de Musica Popular de Avellaneda (Buenos Aires, (ESART). É professora na Escola Profissional de Teatro Argentina) teve como professores grandes lendas da de Cascais. É convidada frequentemente para lecionar música argentina pertencentes ao tango, jazz, folclore, Masterclasses de Canto e tem realizado várias ações de rock e pop. formação sobre técnica vocal para profissionais de voz, Para complementar a sua formação fez os cursos locutores da rádio e televisão. de “Management e Desenvolvimento de Artistas” e “Reflexões da musica” com o ex-director de Sony BMG Christian Luján Argentina, Afo Verde e com a experimentada licenciada Alejandra Cragnolini, formadores no Teatro San Martin Christian Luján iniciou os seus estudos no Instituto das em Buenos Aires. Belas Artes de Medellín, Colombia. Frequenta o Curso de musicologia na FCSH e o de canto no Conservatório O seu percurso musical inclui produções e colaborações Nacional onde estudou com Manuela de Sá. Prosseguiu em diferentes projectos de metal, rock, pop, dark-folk, e os seus estudos no Flanders Opera Studio, na Bélgica, folclore argentino, levando-o também a participar em sob a direção de Ronny Lawers e na International Opera bandas sonoras para largas e curtas metragens. Como Academy sob a direção de Guy Joosten. compositor grava os seus trabalhos musicais individuais e de grupo onde conta com a colaboração de diferentes Tem representado: Albert em Werther de Jules Massenet, músicos. Lorenzo em I Capuleti e I Montecchi de Bellini, Leporello em D. Giovanni de W. A. Mozart, Guglielmo, em Così Foi convidado a partilhar palco em eventos musicais fan Tutte de W.A. Mozart, Un Dieu Infernal em Alceste com grandes figuras da música mundial como Duncan de Gluck, Dottor Grenvil em La Traviata de G. Verdi, Le Patterson (ex-Anathema), Anneke Van Giersbergen (ex- Geôlier em Les Dialogues des Carmélites de F. Poulenc, The Gathering) em diferentes partes do mundo. Varsonofjev em Khovansktsjina de M. Mussorgsky, Charles Edward em Candide de L. Bernstein, Papageno Na área do ensino foi vocal coach selecionado para dar em A Flauta Mágica de W. A. Mozart, K. Mauricio aulas na Yamaha Musical (Quilmes, Argentina) onde em A Morte do Palhaço de José Mário Branco e João ensinou um grande número de cantores ao longo de Brites, Pinellino em Gianni Schicchi de G. Puccini, vários anos, continuando depois a sua carreira como Father em Romy Schneider Opera de Joris Blanckaert, professor em Portugal. Lodovico e Montano em Otello de G. Verdi, Rabbit e Prince em Assepoester Droom, Vermummte Herr e Otto em Frülings Erwachen, Publio em La Clemenza di Tito de W.A. Mozart, Colas em Bastien und Bastienne de W.A. Mozart, Junius Brutos em The Rape of Lucretia de Benjamin Britten, entre outros. Ao longo da sua carreira, já atuou em alguns das salas de espetáculos mais prestigiadas, como o Teatro Verdi di Trieste, o Teatro Nacional São Carlos, o Alden Biesen Zomeropera 2014, Brussels Philharmonic, Vlaamse Opera, Teatro São João, Flagey e Centro Cultural de Belém. É expressamente proibida a captação de imagens e som durante o espetáculo. Desligue o telemóvel, desfrute e grave na sua memória. Poderá rever os melhores momentos no website e nas redes sociais do festival. Consulte a programação completa em www.cistermusica.com
Libreto Libreto original María de Buenos Aires Voces de los hombres que volvieron del Misterio De Horacio Ferrer (Recitado) Que moje el Diablo en garnacha su renga pata al moler. Cuadro 1: Alevare La voz de un Payador El Duende (Cantado) Ahora que es la hora y que un rumor de yerba Mora El tiempo muestra la hilacha, trasnocha en tu silencio, por un poro de este asfalto ¡y nadie la quiere ver! yo habré de conjurar tu voz… Ahora que es la hora. El Duende Ahora que ya has muerto para siempre y van de asalto, (Hablado) por vos, mis brujas rubias a tanguear misas calientes Ella vino desde aquella dimensión transbariotera donde al alba, con sus lerdas putañías de contraltos. alcanza, Ahora que tu amor se fue a baraja y, zurdamente, a la esperanza, una barrera y un camino; con una extraña arcada canallesca en cada ojera, la campana, tres estrellas, una ojera en el balcón te ardió una cruz de vino en la tiniebla de la frente. sombroso, un gol, la plaza… El sol sin prisa de una misa con mañanas y vecinos y Ahora que en la sórdida tensión filibustera torcazas; de un clave bien trampeado tocan tangos con tus huesos algunos mozos que le den a las polleras; las manos desveladas de un Caín y una trotera. y un andén, con otro humo y otra pena y otro tren para la espera. Ahora que el rencor, con rabia y pólvora de un peso Una novena una ramera, un almacén. gatilla, en su plegado bandoneón, la hechicería de un golpe en Ay Menor para el costado de tus besos. La voz de un Payador (Cantado) Ahora que ya estás de nunca más, Niña María, La pequeña nació un día yo mezclaré un puñado de esa voz bandoneonera, que estaba borracho Dios: que aún quema en tu garganta, con un poco de la mía, por eso, en su voz, dolían con borra de recuerdos, fiato negro y carraspera tres clavos zurdos… ¡Nacía tordilla de un bordón. Así, del íntimo extramuro con un insulto en la voz! porteño de tu adiós, atravesando las fronteras sencillas de la muerte, he de traer tu canto oscuro. Voces de los hombres que volvieron del Misterio (Recitado) Tendrá la edad de Dios y dos antiguas mataduras: Tres clavos negros… Un día Un odio a diestra; y, a zurda, una ternura. Y al duro que estaba mufado Dios. y dulce son fantasma de sus ecos, las futuras Marías, repechando Santa Fe rumbo a otra aurora, se La voz de un Payador apuraran temblando sin saber por qué se apuran… (Cantado) Tres clavos negros… Un día Ahora que es la hora. Humo zaino y yerba Mora… que estaba de estaño Dios. Penacho de relente, ya tu voz — maríamente — vendrá con tu memoria, aquí pequeña y una, ahora. El Duende (Hablado) Ahora que es tu hora: María de Buenos Aires. Y dos angelotes de la guarda parda, dos raros palomos que andaban de trote por la orilla ñata, Cuadro 2: Tema de María. trajeron — llorando — a la Niña en el lomo. (María responde a esa convocatoria y aparece En la cal mulata del último muro, plegando de pena las encarnada en su voz en un tema de tango, “Tema de alas de lata, María”. El tango es el lenguaje de María, aquí una grabaron su nombre: María, con balas morenas. canción sin palabras) De arena y de frío le hicieron los días, ¡tan duros! Y, a espaldas del río, allá donde el río se junta a la nada, con una pregunta bordada en la falda, la Niña Cuadro 3: Balada renga para organito loco. María creció en siete días. La voz de un Payador La voz de un Payador (Cantado) (Cantado) Pianito de mala racha Zapada a contrasuerte, que muele cuentos… A ver Milonga a suerte de verdad, si muestra el rengo la hilacha que un bordón de mala muerte de su valse, a la muchacha, — sin llorarte ni quererte — ¡la que nadie quiere ver! fraseaba en tu soledad…
Voces de los hombres que volvieron del Misterio El Duende (Recitado) (Hablado) Pequeña… ¡Qué inversa suerte De olvido eres entre todas las mujeres. saber toda la verdad! La voz de un Payador La voz de un Payador (Cantado) (Cantado) Triste María de Buenos Aires… La zapada de la muerte punteaba en su soledad. El Duende (Hablado) El Duende De olvido eres entre todas las mujeres. (Hablado) Como esta ciudad, de duelo y de fiesta, robada a as La voz de un Payador brujas terrajas y en celo que (Cantado) empujan la vida, María fue un poco del loco desvelo de Triste María de Buenos Aires… cada baraja suicida y vacía El Duende jugada a la apuesta perdida de la soledad. (Hablado) Fue el verso de antojo broncao en la puerta del primer De olvido eres entre todas las mujeres. fracaso y la rosa tuerta de un payaso cojo. Diosa y atorranta, del cielo y del hampa Extra: entre los Cuadro 3 y 4 (misma música que fue trampa lo mismo. Y atados de Cuadro 15) un pelo por el alba van, su parte de abismo, su parte de pan. Cuadro 4: Yo soy María La voz de un Payador (Cantado) María Y en el barrio, las arpías (Cantado) viejas de negro capuz Yo soy María como en una eucaristía de Buenos Aires mugrentera, por María de Buenos Aires María, no ven quién soy yo? rezan lunfardos en cruz. María Tango, María del arrabal, María noche, María pasión fatal, Voces de los hombres que volvieron del Misterio María del amor de Buenos Aires (Recitado) ¡soy yo! Allá en el barrio, María, ¡le han puesto nombre a tu cruz! Yo soy María de Buenos Aires La voz de un Payador si en este barrio la gente pregunta quién soy, (Cantado) pronto muy bien lo sabrán María de Agorería, las hembras que tendrás dos tangos por cruz… me envidiarán, y cada macho a mis pies El Duende como un ratón (Hablado) en mi trampa ha de caer. Pero aquellos hombres, los rudos maestros de mi tristería, que saben del mudo arremango Yo soy María que cabe a ese nombre, y han vuelto - a su modo - tan de Buenos Aires lerdos, tan serios de todos los soy la más bruja cantando ¡y amando también! nuestros misterios, cuando hay pena llena Si el bandoneón me provoca… ¡tiará, tatá! canyengueando el aire de las curderías, lo le muerdo fuerte la boca… ¡tiará, tatá! nombran - apenas - ladrando a su recuerdo la sombra con diez espasmos en flor que yo tengo en mi ser. de los tangos que ya fueron y no existen todavía. Siempre me digo ¡dale María! La voz de un Payador cuando un misterio me viene trepando la voz, (Cantado) y canto un tango que jamás nadie cantó Triste María de Buenos Aires… y sueño un sueño que nadie jamás soñó: porque el mañana es hoy El Duende con el ayer después, ¡che! (Hablado) De olvido eres entre todas las mujeres. (Tarareo y orquesta) La voz de un Payador Yo soy María (Cantado) de Buenos Aires Triste María de Buenos Aires… de Buenos Aires María, ¡yo soy mi ciudad! María Tango, María del arrabal,
María noche, María pasión fatal, de un zodíaco mulato, María del amor de Buenos Aires le harán trece mordeduras ¡soy yo! en las líneas de la mano. (Cantado) Cuadro 5: Milonga Carrieguera (por María la Y un beso, que era un poco Niña) de azafrán y de desgano, se sabrá a página entera Porteño gorrión con sueño ¡como si fuera un asalto! (Cantado) En los ojos de mi niña, Setenta veces los siete contracompás de otros llantos, asombros le habrán robado, anda una oscura nostalgia le quedarán tres: el mío de cosas que aún no han pasado. y los ojos de su gato. La calle le echo los naipes María de odiar, recontramarcados, (Cantado) la madre: hilaba Pérezas; Porteño gorrión con Sueño, y el padre: arriaba fracasos. ya nunca me alcanzarás… La vieja tristonguería Porteño gorrión con sueño del blues de los lunfardarios, (Cantado) da un qué sé yo a mi María Mi voz, en todas las voces y otro al lomo de su gato. para siempre sentirás. (Recitado) Zaina la voz, la cadera, Cuadro 6: Fuga y Misterio (Instrumental) la crencha y los pechos zainos, (María, tal como presagiara el Porteño Gorrión con le van, de furca, en la espalda, Sueño, se marcha de noche de su barrio y atraviesa, las ganas de veinte machos. silenciosa y alucinada, la ciudad) (Cantado) De renoche, cuando llueve Cuadro 7: Poema Valseado siempre igual - siempre - en su patio, (Encanallada por un bandoneón como en las antiguas le cuentan tangos de hadas leyendas del tango, ella canta su conversión a la vida las bocas del subterráneo. oscura) Setenta veces los siete María vientos del Sur, la han alzado; (Cantado) sólo a mi voz ella entorna Un bandoneón que mi tristeza tiene escrita, su piel, su rosa y sus años. hoy dos temblores me ha mezclado en la garganta: con gusto a Sur, me dio el temblor de milonguita, María y otro - peor - ¡que sabe a Norte y nadie canta! (Cantado) Porteño Gorrión con Sueño, (Recitado) vos nunca me alcanzarás. Del bandoneón, que huele a sombra de macroses, Soy rosa de un no te quiero, oigo el arcángel de la prostibulería, ya nunca me alcanzarás. frasear su acorde canallesco a siete voces que suenan siete y son - siempre - la mía. Porteño gorrión con sueño (Cantado) (Cantado) Te irás de noche, María Si hasta el abrazo de morir me siento en celo, de este cantón porteñato, y me lo arranco un poco en cada gatería, con la trenza destrenzada ¡qué duelo habrá que ya no alcance a ser mi duelo! y el sueño desabrochado. ¡qué parda trampa que no pueda ser ya mía! Y los pardos camioneros (Recitado) que estiban bronca al mercado Y seré un resto de ceniza entanguecida; te harán un ramo de grelos y el medio amor, desde el final, me hará su guiño, y un coro de navajazos. y, aún, arderé, por dos monedas, otra vida, sobre un lunático repliegue del corpiño. Mas allá, en los masalláses nocheteros y enwhiskados, (Cantado) dos hippies de barba zurda Seré más triste, más descarte, más robada la insultarán con milagros. que el tango atroz que nadie ha sido todavía; y a Dios daré, muerta y de trote hacia la nada, (Recitado) el espasmódico temblor de cien Marías… Las rubias mandragoneras
(Recitado) Con restos de antiguos crespones en llamas Un nuevo viento de la rosa de los vientos pondremos candiles las viejas madamas. remueve el son de un bandoneón en mi retiro. Y el bandoneón tiene una bala en el aliento Voces de ladrones antiguos para gritar mi muerte al son de un sólo tiro… (Recitado) Atávicos signos de supersticiones tendrán nuestras uñas de antiguos ladrones. Cuadro 8: Tocata Rea (El Duende se bate a duelo con el Bandoneón) Voces de madamas (Recitado) El Duende Las viejas madamas, abriendo los lechos, (Recitado, al Bandoneón) tendremos la hoja de te entre los pechos. Goteaban un absorto prestigio de glicinas las llagas de tu fuelle. Y el eco de un rosario Voces de ladrones antiguos tangueado eran tus pliegues, cinchando la barcina (Recitado) ternura de un milagro… ¡Qué estafa esas espinas Con un antifaz de charol en la jeta que un día nos vendiste gimiendo en el calvario! daremos maitines con dos palanquetas. Yo sé que, entre tus voces, secreto y arbitrario. Voces de madamas y ladrones te chaira las lengüetas el Diablo, y que tus sones (Recitado. A una vez) son gritos afanados del óleo perdulario Que hoy viene la Niña y estarán en flor que un Goya miserable pintó contra un sudario, la yeta y el vino y un Re muy Menor. con lágrimas de Judas, de horteras y cabrones. Ladrón antiguo mayor Yo he visto a tu patota de sardos bandoneones (Cantado) batir las negras alas y arder las botoneras Porque estaba escrito con sal en los muros a punto de Macumba. Y, allá, en los trascartones de esta catacumba porteñesca y sola, del Mal, sangrar del turbio marfil de los botones y abrimos al grito de siete bandolas la voz de María, ¡con todo el beso afuera! un séptimo sello lunfardo y maduro. ¿A dónde la enterraste? ¡Me cache! Si ella era Porque estaba escrito con tango, este día, el poco misterio que un Dios atribulado, y afuera hay olvido y es Martes y es Trece, un pobre Dios porteño que amaba a su manera, dará un negro gallo de sangre, tres veces, nos dio, para que siempre - por dentro - nos siguiera la pascua canyengue que anuncia a María. golpeando una pregunta, ¡que vos nos has matado! Voces de madamas Ahora y en la hora, de atrape y profecía (Recitado) te harán los sordos dedos de un ángel retobado Ya viene la Niña buscando el mulato un solo a dos puñales, por cada fechoría, camino del abismo, montada en su gato. un solo de Iscariote, con swing de antifonía canera, hasta que escupas, de a dos, Ladrón antiguo mayor ¡los dos teclados! (Cantado) Son reas candelas de luz en cuclillas Entonces con un verso de dientes apretados, sus ojos que alumbran, corriendo las losas, un verso en punta de hacha, con sed, total, prohibido, pequeñas auroras polares de cosas, te voy a hacer un tajo triunfal, de lado a lado, muy viejas, que habitan las alcantarillas. para que mueras triste, gritando de parado, en una como náusea de tangos, lo perdido. Le queman las noches detrás de la frente, como húmedas monjas de polvo que zurcen - rezando morbosas milongas - sus dulces, Cuadro 9: Miserere canyengue de los ladrones calladas y extrañas ojeras calientes. antiguos en las alcantarillas. Voces de ladrones antiguos Ladrón antiguo mayor (Recitado) (Cantado) La Niña ha llegado… La Niña cayó: Hoy, que a los poetas y a los pungas y a las locas ¡diremos un cántico en Clave de No! les saldrá, otra vez, un cuervo blanco por la boca: hoy, que por el dos profundo y fijo de los dados Ladrón antiguo mayor miran, de otro mundo, dos ojitos alunados… (Cantado, a María) Desde hoy, para siempre, condeno a tu sombra: Hoy, que irá a buscar su par por bares espantosos, Que en pena y robada a la mano de Dios, la cansada pierna de neón de un luminoso; regrese al asfalto, dramática y sola, Hoy, que la aburrida tangazón de un cortado y arrastre tus culpas, bien hembra y bien sombra, un arlequín - que vio la punta de un piolín - sangrada por siete navajas de Sol. ¡se hundió abrazado de un terrón!… (María tararea desgarradamente su tema como fondo Voces de madamas de coros) (Recitado)
Voces de madamas Por el escote, le salía una neblina (Recitado) negra y atada con la cinta sucia y triste María torcaza, María en el buche, que un raro beatle destrenzaba, a la sordina, te harán los martirios su sórdido escruche. del luto misterioso de sus twistes. Voces de ladrones antiguos Se murió tanto la Niña (Recitado) cuando se puso a morir, María de un peso, ¡María, qué risa! que era una trágica encinta te trincan los muslos dos manos de tiza… que, llena de muertecitas, ¡no cesaba de parir! Voces de madamas (Recitado) ¡Qué cosa! nuestra María María de un whisky, María en las rocas, murió por primera vez… que gusto - a la vuelta - ¡tendrás en la boca! La enterraron dos mendigas al doblar de las propinas Voces de ladrones antiguos en la borra de un exprés. (Recitado) María bufosa, María de Amén, Pero en su sola catamufa, zurdo antojo y un punto escarlata tendrás en la sien. de un loco mimo sobrehumano, a contrayumba de dos pequeñas explosiones de los ojos, Ladrón antiguo mayor echó dos lágrimas de rimmel por la tumba… (Cantado) Allá va la Sombra de María a su otro infierno… María de Buenos Aires Sólo, queda aquí, la vaina rosa de su cuerpo: lloró por primera vez. tiene todo el mal del mundo, en flor, cabal y abierto hasta el final; y sin embargo, ¡el corazón Cuadro 11: Tangata del Alba (Instrumental) se ha negado a ser peor! (Ya sepultado el cuerpo de María, comienza el largo Voces de madamas y de los ladrones via crucis de La Sombra de María. Deambula, perdida, (A una vez) por Buenos Aires) Ladrón Antiguo Mayor: su corazón… ¡está muerto! Cuadro 12: Carta a los árboles y a las chimeneas. La sombra de María SEGUNDA PARTE (Hablado) Buenos Aires, Abril de Toda Mi Tristeza. Cuadro 10: Contramilonga a la funerala por la Queridos Árboles, amadas Chimeneas que dan la primera muerte de María sombra y dan la nube de mi barrio: El Duende (Cantado) (Recitado) Mi dolor ha inventado el dolor María de Buenos Aires de otra cruz en la misma raíz; murió por primera vez; se lo dijeron - fue tarde… (Hablado) con sus muecas funerales, Todo pasó como sabrán… Que estoy de luto por mi un puñal y un cascabel. propio recuerdo. En tanto les escribo con la ternura al hombro y llena de esa sola mala Y el alba se atoró con sensación de embolia palabra que no sé cómo se dice; sale, rea, de cuando la Niña, arriando el gesto, otra vez, el Sol para apedrearme el miedo con unas rumbo a una calle con velones y magnolias migas de su dulce desayuno, como ya con las cosas de morir y el frío puestos. aquel que tira tres pelotas por veinte contra la cara ensangrentada de la infamia. Y en la esquina donde aún tejen las Mamitas con esplín, (Cantado) dos Malenas de relente Ya la gente fue a vivir; - que habían muerto muchas veces - ¡cabe el cielo en un jornal!; le enseñaron a morir. loco de azul, a Dios le sobra luz para amasar los pájaros y el pan. Misterio allá, misereteando en la maroma Si El, otra vez me cierra el ventanal, de un jingle obsceno en soledad de sacramento, hartos de mí, los ojos me darán fueron cinchando la cureña de palomas tres vueltas y se irán los doce judas de un cristito temulento. bizqueando hasta un guiñol de pólvora y de alcohol. Por las fábricas, las pibas que hacen la noche a telar, Ya dirán, en el barrio, después: le pusieron, a María, su recuerdo está grave, ¡otra vez!… un malvón de poliamida y una orquídea de percal. (Hablado)
Queridos Árboles y amadas Chimeneas: igual que el con culpas de antes ¡de antes!… humo y que la hoja ya perdidos, oirán mi nombre con la sombra en la muerte viva la vez Analista primero primera y la vez última que un viento - (Cantado) asma del Sur, gusto de Amén, macho en exilio - ¡entre a Buenos Aires, Buenos Aires, zapar su Tango Aún por Buenos saca tus sueños al sol, Aires! que este sueño es de María, ¡rataplín y rataplón! (Hablado y Cantado) Nada más. No hay adiós: que el adiós Coro de Analistas nos dolía al principio y no al fin. (Recitado) ¡Cámara uno: al recuerdo! (Hablado) ¡Cámara dos: a la conciencia! Ya en un balcón oloroso a mi voz, pónganle dos lutitos Que pongan un decorado de hollín. con trapecios de tiniebla, La Sombra de María que la niña hará su salto vestida de memoria negra. Y el Analista Primero Cuadro 13: Aria de los Analistas le pide cuatro piruetas. Coro de Analistas Analista primero (Recitado) (Cantando a la Sombra de María) ¡Pasen a ver, caballeros!: Cerrá los ojos María, cosas jamás nunca vistas que así en tus ojos cabrá traeremos los analistas un patio ñato y un canto ¡a este circo porteñero!… que en ese patio se oirá. … ¡Pasen a ver!: malabares (Hablado) de un bello remordimiento Es el llanto de tu madre? que hace su trágico intento ¡con siete libriums impares!… La sombra de María (Hablado) Analista primero No lo siento. Dicen, de ella, que tenía en la cintura una (Cantado) gran sensiblería, como de silla Buenos Aires, Buenos Aires vacía, y que fregaba estrellas sucias para afuera. Pero saca tus sueños al sol, que nunca lloraba. Eso cuentan que los sueños tienen picos, los que estaban de ella al tanto. ¡rataplín y rataplón! Fue un Viernes, - y no fue santo - y, ya, me lo acuerdo Coro de Analistas mal. (Recitado) Analista primero ¡Pasen a ver!: que la vida (Cantando) se enredó en la pena floja, Abrí los sueños, María, y un Yo porque se le antoja que así en tus sueños habrá ¡traga angustias encendidas! una fragua con dos manos Aquí está la voltereta que en esa fragua hacen pan. de un rencor que, en zapatillas, (Hablado) saca un boom de pesadillas Son las manos de tu padre? ¡por detrás de la careta! La sombra de María Analista primero (Hablado) (Cantado) No sé. Pero de él se ha recordado que jugaba al pase Buenos Aires, Buenos Aires, inglés con dos cortafierros cargados saca tus sueños al sol, con sangre dura, y que perdía cuantas veces lo quería. que los sueños tienen filo, Eso juran los que entonces le ¡rataplín y rataplón! ganaban con sietes y onces de risa. Coro de Analistas Fue un Miércoles de ceniza, y ya me lo acuerdo mal. (Recitado) Analista primero ¡Pasen a ver!: que asomado (Cantado) por el plano sagital, Cerrá tus ojos María da un doble de olvido mortal que así dos ojos verás, ¡un gran recuerdo amaestrado! un grito y un beso izquierdo ¡Pasen a ver!: ¡Adelante! que en este grito se va. que en la pista y poco a poco (Hablado) va hilando una sombra el copo
Es ése tu primer beso? (Hablado) Aquí, en este mágico bar talismanero ¡se sabe casi La sombra de María todo!… lo cuentan, de escolaso las sotas (Hablado) y los reyes, ventrílocuos cabreros de cosas que el No sabría. Pero cuentan que en él cabía tanta tristeza Destino fermenta entre los mazos. como la que hubo en el Jesús que no Aquí, pegado al ñato revés de cada vaso nos mira el ojo tuvo para leños y se pintó una cruz en el lomo. Y que, quieto y abierto de locura, que ese beso, otro día, se hizo hacer un algún Discepolín que quiso verle los pasos al diablo, pequeño aborto cerezo en cada labio. Eso callan los que cosió con un hilito de amargura. saben de ese beso y aún lo gozan. Yo, entonces, era una rosa; y ya me lo acuerdo mal. Voces de tres marionetas borrachas de cosas (Recitado) Analista primero Desde que esta copa que el Duende, (Cantado) por triste, se esta fajando, Abrí los sueños, María, tres Marionetas Borrachas que así en tus sueños cabrán de Cosas, lo campaneamos. un whisky y dos golpes rubios que desde el fondo se oirán El Duende (Hablado) (Hablado) Aquí, donde mañana sabe a antaño, buscando a Dios Es corazón que llama? yo vi, de escalofrío, que estaba en lo que quiero y en lo que extraño, cortado a esa sazón, La sombra de María como el tamaño del grano da el tamaño (Hablado) del estío. Difícilmente. Mi corazón cortado en cuatro, está - dicen - sepeliado en las cuatro troneras Aquí, en cada botella, cabe un río; y al fondo de ese río de un billar robado. El que ahora llevo puesto se lo hay otro estaño; y, en curda, en ese compré a una encorazonadora que tenía estaño, un verso mío, y, en el, la plata triste de otro río corazonería de viejo en un paisaje terraja, y vendía que me hizo Duende, me hizo… corazoncitos tristeros de baraja francesa ¡hace mil años! y de conejo, de tatuaje de Marínero con Péreza, de rima de canción de cuna y de alcaucil. A Voces de tres marionetas borrachas de cosas mi, me puso uno que es de vista y no de lastima, (Recitado) recortado del mandil de un bandoneonista; Al Duende - que en la operita y con agujita de estaño y de hilo de humo castaño, me venía el cuento contando - lo bordó en el vientre. Dijo que eso se le ha perdido una sombra era lo que convenía para quien, como yo, soy una y, en curda, la va llamando. sombra María, y ya por sombra - sólo sombra - seré sombra y seré virgen para siempre. El Duende Lo dijo mientras cosía ¡y ya me lo acuerdo mal! (Hablado) De mí, jugado a vos, te mando este retazo de tango con Analista primero ojeras, que allá en tu pena entero, (Cantado) removerá en la amarga ceniza de tus pasos la bronca Cubrí tu pecho, María, enamorada de un canto compañero. con un puñado de sal, que adentro te mira un cero, De mí, y a donde me oigas, irán hasta tu cero, dos lucas ¡y el cero te va a llorar! de rubionas, yironas y Melatos, a echar sobre tu sombra un fato de luceros. La sombra de María (Cantado) (¡Los huesos de Olivari conocen este fato!) Del numeroso gris de anteayer Voces de tres marionetas borrachas de cosas ya no me acuerdo más (Recitado) que de aquel ¡Pobre Duende! Anda por esa misterio cruel que me gritó: sombrita, desesperado: ¡Nacé! y nos pide a los compinches y cuando entre a vivir, que a ella llevemos su llanto. se sonrió… El Duende Y al fin al verme así, (Hablado) tan última y tan yo, De mí, y en donde estés, con una fuerza de locos, como mordiéndose, gritó: un himno estrafalario, tan hondo ¡Morí!… sonará el concierto mersa que un viejo ciego, a vos, te hará en la terza morena de su reo Cuadro 14: Romanza del Duende estradivario. El Duende De mí, y en donde estés, pondré un plenario de dulces
duendecitos que retuerza la niebla de Flaco y en banda tu piel; y un tabernario rumor de nazarenos carcelarios - ¡tan cadenero! - dirá tu Anunciación en parla me anda un Jesús chapalenado, de cuarta, en la voz, inversa. un canyenguito sobón con un compás Voces de tres marionetas borrachas de cosas de punto cruz; (Recitado) y un dulce barro torcaz Iremos todos, Don Duende, de Cruz del Sur los puntos de este curdato que hoy me ha puesto a temblar. a llevarle a la Pequeña de parte suza, un milagro. Y un angelito de terracota, El Duende tuerto del grito en la rota viudez de un pretil, (Hablado) mascando un salmo en sanata, con un jazmín Y así que vos renazcas, sabrás qué trampa tienen la me ató un solcito de leche sobre el sutién, yerba en su barrica, y el cielo del ¡qué dos espasmos de luz agujero que mira del zapato; la lluvia que no viene y un tengo atrás de la piel! sorbo de esa lluvia, y el tiempo en su tiempero… ¡Dale María! Si nueve llantos Decí, sombra María “¡Mi Duende, yo te quiero!” Y nueve son todo el pardo misterio que había que ver, lunas locas y en celo de tu ¡qué loco intento de espiga que vas a hacer!, infarto de luz, te harán - en torno - los guiños sensibleros ¡qué dura rama celeste te va a crujir! de un baile amanecido de risas y ¡Dale que esta al venir! de partos… ¡Dale que duele bien! ¡Ay! Voces de tres marionetas borrachas de cosas (Recitado) (Una estrofa igual a la segunda íntegramente Ya vamos, Sombra María, tarareada) con el Diciembre y los cantos que está amasándote El Duende Tengo atorada con el polen de este estaño. tanta ternura que de una sola ternura ¡a Dios puedo parir! El Duende Y se es que nadie ya quiere de mí nacer, (Hablado) en el rebozo robado de algún Chaplin, Y así, por un silencio de corchea, vendrá - por fin - tu día: ¡entre mis brazos daré un alazano Domingo, que te hará de mamar a un botín! con las más feas hojitas de un laurel de olor, la rea y angélica belleza de sus ramos. Cuadro 17: Tangus Dei Tu día, nacerá del meridiano cachuzo del umbral en donde hornea su misa, algún poeta a Una voz de ese Domingo contramano. Así sea, querida, de cristiano. Así, de tuyo y (Cantado) nuestro… ¡Que sea así! Hoy es Domingo, y al día los sacan del Domingario una novela sin Domingo Cuadro 15: Allegro Tangabile (Instrumental) y el penúltimo borracho. (Las tres Marionetas Borrachas de Cosas salen junto con sus compinches del mágico bar para llevarle de El Duende parte del Duende a la Sombra de María el milagro de (Hablado) la fecundidad. Una sinfonía de marionetas, angelitos Hoy es Domingo: Laurel con leche. Desde el badajo. de de barro cocido, chaplines, murguistas, discepolines su cuchara da un capuchino tres gana enloquecida la calle de Buenos Aires, buscando campanadas: tras los misales, pican moteles las el germen de un hijo para la Sombra de María) derrotadas y alegres nalgas de las matronas: Laurel con ajo. Cuadro 16: Milonga de la Anunciación Una voz de ese Domingo (Cantado) La sombra de María Hoy es Domingo, y las brujas (Cantado) se espiran, porque asomados Tres marionetas del tuco les tiran soles - chuecas y locas - los chicos y los payasos. que una violeta en la boca me hincaron ayer, con un cuchillo en los dientes, por el revés El Duende de mis caderas tordillas, zurciendo van (Hablado) un gran remiendo en flor Hoy es Domingo, laurel con fiaca. Domingamente de hinojo y de sisal rueda un bostezo. Y, en el bostezo, dan ¡Ay!…
las muchachas la buena nueva del buen mal paso que (Hablado) arde en la hilacha pródiga y tensa de Cuánta cosa, uno por uno, le retoña los ovarios fecundos sus bluyines: Laurel caliente. de mil dolores en seducción de sopapo. Una voz de ese Domingo ¡Si parece que tuviera hasta el nombre embarazado! (Cantado) Que retemblor le sacude la entraña, como si echando Hoy es Domingo; y un coro de mil domingos muchachos setenta reencarnaciones de un jesusito nonato, se desde el orsai dice un viejo arrancara del los huesos del vientre, setenta clavos… romance en cuatro dos cuatro. (La sombra de María, comienza a cantar un villancico Voces de amasadoras de tallarines a los lejos) A las amasadoras de tallarines algo nos pasa: Dos angelotes parteros la trincan de bruces, cuando le Por qué es que se nos retiemblan las manos dan de fórceps los fierros del pesebre duras entre la masa? hormigonado. Voces de tres albañiles magos ¡Cómo alumbra para adentro! ¡Qué luz le chaira en el Que gusto le han mezclado los copetines, que tallo! Que clara lastimadura - cruza de muerte y de tienen un apatota de estrellitas, en donde orgasmo - estaban las aceitunas? le enciende por la cadera como un canyengue de Una voz de ese Domingo astros. Fuerza María: que nace y nace, (Cantado) naciendo tanto, Hoy es Domingo y atorran hasta los séptimos tangos; que te pare hasta el olvido, y te empuja entre las manos será, sin embargo el día y en la raíz y en la rabia y te renace del más antiguo trabajo. a pedazos, El Duende por las puntas de otras trenzas, por las grietas de los (Hablado) labios, por el gesto, ¡y por las ganas de Hoy es Domingo: Laurel y azares. Qué Buenos Aires le nacerte hasta el cansancio! echó los naipes a este Domingo que así, en la altura pampero arriba, tres profetitas ¡Cuánta Navidad tenías atragantada en lo años! qué locos laburan juntando ramos de un zafra brava, María, zafra de partos, tu nuevo aroma: Laurel del aire? parto… Una voz de ese Domingo Voces de amasadoras de tallarines (Cantado) A quién recién ha nacido nada le sobra y no Hoy es Domingo y me han dicho tiene cuna. que esta el muñeco de trapo que cuelga en los colectivos Voces de tres albañiles magos viene a lo alto mirando. Su padre que es un carpintero de obra ha de hacerle una. El Duende (Hablado) Una voz ese Domingo Hoy es Domingo: Laurel servido. Qué extraña siembra (Cantado) dio este Domingo, que allá en lo Desde lo alto del Domingo alto de un piso treinta, sola en la sola cal de un los Tres Albañiles Magos, andamio, reparturienta de nueve asombros, en la arena de esa cuna hierve una sombra: ¡Laurel con hembra! un guiño rosa han dejado. Una voz de ese Domingo Voces de tres albañiles magos (Cantado) Porque es que los angelitos todos llorando Hoy es Domingo; y a punta a encurdarse han ido? de diente, como peleando Voces de amasadoras de tallarines allá esa sombra por dentro Porque ese niño no es niño, ¡Jesús! Que es sus lutos se esta lavando. niña: ¡niña ha nacido! Voces de amasadoras de tallarines Una voz ese Domingo Se le abisma la cintura (Cantado) la cincha de un nudo zaino. La Niña tuvo otra niña Voces de tres albañiles magos que es ella misma y no es tanto. Y la marca de sus uñas Quieren final y principio se ve en el cemento armado. ser gotas del mismo llanto. El Duende Voces de espectadores ¡Por Dios!: Los espectadores también queremos saber,
si la letras de este tango ya ha sido o esta por ser. Una voz ese Domingo (Cantado) En los ojos de la niña el tiempo está bien robado: por ayer y por mañana María la han bautizado. El Duende (Hablado) Pero aquellos hombres, los rudos maestros de mi tristería, que saben del mudo arremango que cabe a ese nombre, cuando hay pena llena sobre el aire overo de las curderías, lo nombran, apenas, ladrando a su recuerdo la sombra de los tangos que ya fueron y no existen todavía. Una voz ese Domingo (Cantado) Nuestra María de Buenos Aires… El Duende (Hablado) De olvido eres entre todas las mujeres… Una voz ese Domingo (Cantado) Nuestra María de Buenos Aires… El Duende (Hablado) Presagio eres entre todas las mujeres… Una voz ese Domingo (Cantado) Nuestra María… El Duende (Hablado) De olvido eres entre todas las mujeres… Una voz ese Domingo (Cantado) Nuestra María… El Duende (Hablado) Presagio eres entre todas las mujeres… Una voz ese Domingo (Cantado) María… Una voz ese Domingo (Cantado) María…
También puede leer