Chanson Vivante II Os grandes sucessos atuais da música francesa e canadense - UNESP / IBILCE
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1 Chanson Vivante II Os grandes sucessos atuais da música francesa e canadense Claudia Xatara Nelson Luís Ramos Colaboradores − estagiários da UNESP/IBILCE-SJRP − Bruno César Buani e Maria Amélia Araújo 2007 Digitalização e atualização Leandro Pereira Barbosa 2013 Editora NovaGraf Apoio: UNESP/FAPERP
2 Copyright © claudia xatara e nelson luis ramos 2007 Edição: Equipe Novagraf Editora Capa: Claudia Xatara Formato: 15x21 cm Mancha: 10,6x18,1 cm Tipologia: Minion Papel da capa: Triplex 300g Papel do miolo: Off Set 90g Número de Páginas: 96pg Impressão: Novagraf Editora Ltda Revisão dos sites: Márcio Santana da Silva Téc.Lab. Rec. Audiovisuais Ibilce/Unesp-SJRP CIP-BRASIL. CATOLOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS,RJ X15c v.2 Xatara, Claudia Maria, 1962- Chanson vivante II : os grandes sucessos atuais da música francesa e canadense / Claudia Xatara, Nelson Luís Ramos ; colaboradores Bruno César Buani e Maria Amélia Araújo. – São José do Rio Preto, SP : Nova Graf, 2007. 96p. Conteúdo: v.1. 1998-2002 – v.2. 2003-2007 Inclui bibliografia ISBN 978-85-98633-14-5 1. Música popular - França – História e crítica. 2. Música popular - Quebec (Canadá) - História e crítica. I. Ramos, Nelson Luís, 1996-. II. Título. 07-3958. CDD: 780.420944 CDD: 78.067.26(44) 17.10.07 18.10.07 003970 Novagraf Editora Rua João Baptista Ferreira, 211 – Pq. Indl. Campo Verde CEP 15076-110 – São José do Rio Preto – SP Fone/Fax: (17) 3218-5660 e-mail: novagraf@novagraf.com.br
3 Aos meus mais queridos aprendizes de francês, Bruna e Vítor Claudia Ma chanson ce n’est pas ma chanson, c’est ma vie. (Gilles Vigneault, Mon Pays) Nelson Aos nossos leitores. Claudia e Nelson
4 AGRADECIMENTOS Após o surpreendente sucesso de público do Chanson Vivante I, duas edições esgotadas e primeiras vendas na estande da Livraria Francesa por ocasião da Bienal do Livro de São Paulo, em 2004, e agora apenas digitalizado (ibilce.unesp.br/Home/Departamentos/LetrasModernas/CRIF /chanson-vivante-i.pdf), surgiu o projeto deste Chanson Vivante II. A este público, jovem ou adulto, aluno ou professor, conhecedor profundo da cultura francesa ou apenas francófilo, nosso muito obrigado.
5 SUMÁRIO Os novos horizontes da música em francês p. 11 Panorama da música de expressão francesa p. 14 1. No Canadá p. 15 2. Na França p. 16 3. Algumas interações Canadá-França p. 19 Os grandes sucessos da música francesa e canadense p. 23 A fleur de toi p. 27 Au gré des saisons p. 30 Caravane p. 32 Cesse la pluie p. 34 Compter les corps p. 37 Dégénérations/ Le reel du fossé p. 40 Écris l'histoire p. 43 Femme like U p. 46 Hey oh p. 49 Je viens du sud p. 52 La cerise p. 55 Laisse parler les gens p. 58 Le sourire p. 62 Ma philosophie p. 64 Montréal –40ºC p. 67 Partons vite p. 70 Quand je manque de to i p. 73 San Ou - La Rivière p. 76 Si seulement je pouvais lui manquer p. 79 Y’a du monde p. 82 Exploitation pédagogique p. 85 Bibliografia p. 89 Os autores p. 92
6 OS NOVOS HORIZONTES DA MÚSICA EM FRANCÊS Chanson Vivante I revelou-se um sucesso de público: as manifestações recebidas nos deixaram satisfeitos, pois nosso trabalho dera mais frutos do que esperávamos. Apresentar, em poucas páginas, o universo da música francesa de todos os tempos acrescido de um período de cinco anos – 1998-2002 – com as canções e intérpretes mais representativos daquele momento parecia-nos tarefa complicada, mas o efeito positivo foi a excelente acolhida obtida. A que se deve isso? A paisagem musical da canção em língua francesa mostrou exatamente o que faltava em nosso meio cultural: em poucas páginas conseguíramos oferecer ao público brasileiro um panorama da rica e variada produção musical da França somada à de outra região de expressão francesa, representada por parte do Canadá. Se o universo musical da França já se mostrava, há algum tempo, bastante ignorado por parte de nosso público, o do território francófono canadense aparecia como um grande desconhecido. Em um mundo globalizado, em que a presença do inglês é moeda corrente e predominante, o livro evidenciou a profusão de manifestações musicais várias em uma língua que parecia fadada ao esquecimento. A presença forte da canção em francês não só na França – que ainda conseguiu ser bem exportada durante boa parte do século XX – como também em uma de suas ex-colônias demonstra o quanto essa música nunca deixou de se renovar, dentro daquele velho espírito francês de abertura ao mundo e incorporação de novos valores culturais. A ex-colônia, o Canadá francês, forneceu grandes intérpretes e compositores que se somaram à cena musical francesa nas últimas décadas, num processo de trocas que só enriqueceram a diversificada realidade que nosso livro tentou evidenciar. Decorre daí o Chanson Vivante II: 2003-2007... Para a maioria dos brasileiros, atualmente os quilômetros que separam o nosso país da França são bem mais perceptíveis do que até no início do século passado. Tínhamos uma aproximação cultural muito maior. Éramos plenamente francófilos. Mas apesar de os discursos pró- plurilingüismo de hoje serem apenas esparsos, somos um país em que o ensino/aprendizagem da língua francesa vem crescendo, estimulado por ações governamentais, sobretudo de âmbito cultural e educacional promovidas pela França e pelo Canadá. Esforços à parte, como poderíamos dizer que se encontra no Brasil a música francesa produzida em nossos dias? Diríamos que quase não é escutada ou divulgada pela mídia convencional. As referências do grande público não passam de coletâneas de músicas francesas antigas e tradicionais. Propomo-nos a atenuar este hiato... Seria, entretanto, um lapso imperdoável falar da música francesa sem nos lembrar dos grandes nomes de todas as épocas e dos sucessos mais antigos conhecidos no mundo inteiro. A primeira parte deste livro, pois, procura mostrar ao público mais jovem um pouco da história desta música tão consagrada.
7 Mas nossa grande finalidade é a de divulgar a língua francesa por meio da música, levando os sucessos a todos que dificilmente os encontrariam à venda em território nacional e possibilitando a sua utilização pedagógica. Por isso a segunda parte apresenta a jovens e adultos – estudiosos ou não de francês – uma seleção dos sucessos musicais de expressão francófona e francesa propriamente dita, que estiveram nas paradas na França e no Canadá e levaram os melhores prêmios de 2003 a 2007, quando contamos, então, um período de cinco anos. Para isso foram pesquisados os resultados de todos os concursos que dão destaque à música francesa (o “Grand Prix du Disque” da Academia Charles-Cros, os “Victoires de la Musique”, o “Grand Prix de l’Eurovision”, o “Top 50”, o Disco de Prata, de Ouro, de Platina etc) e de todos esses resultados selecionamos 20 músicas, com ritmos e intérpretes diversos. Cada música traz letra e dados sobre o intérprete, o compositor e a gravadora. Além disso, indicamos um endereço Internet seja para todos terem acesso à música ou aos 20 clips. A terceira parte reúne variados modelos de exercícios para uma exploração didático- pedagógica: trabalhos sobre a fonética, a morfologia, a sintaxe, a semântica e o léxico. Esses modelos são aplicáveis a quaisquer músicas, constantes desse livro ou não, destinando-se especificamente a professores de língua francesa que trabalhem com alunos em diferentes níveis de aprendizagem. Essa parte, portanto, foi redigida em francês e apresentada de maneira bastante objetiva e sucinta, com o cuidado de não perder de vista a música como prioridade, mesmo em se tratando do espaço da sala de aula.
8 PANORAMA DA MÚSICA FRANCESA Para nos referirmos com justiça aos compositores e intérpretes da música francesa popular considerados expoentes através dos tempos, várias antologias foram consultadas (v. Bibliografia), fontes de pesquisa preciosas e confiáveis. Mas não temos a pretensão de apresentar, por nossa vez, qualquer antologia, nem reconstituir uma memória histórica da evolução deste gênero de manifestação oral. Na verdade, a música em francês vai muito além daquela divulgada por intérpretes propriamente franceses ou canadenses. Há a inglesa Jane Birkin, os belgas Jacques Brel, Axelle Red e Maurane; a belga – mas quebequense de adoção – Lara Fabian; o italiano Yves Montand; a espanhola Jeanne Mas; os suíços Jaen Bart, Sarclo e Stephan Eicher; o holandês Dick Annergarn; os egípcios Claude François e Dalida; os argelinos Khaled e Étienne Daho, o armênio Charles Aznavour, dentre tantos outros. Nossos propósitos, porém, restringem-se a um panorama sobre os intérpretes e compositores apenas desses dois países e a uma seleção de músicas de expressão francesa que fizeram sucesso em território francês e/ou canadense, de 1998 a 2002. 1. No Canadá Nomes consagrados continuam presentes no cenário musical franco-canadense, como Robert Charlebois, Gilles Vigneault, Diane Dufresne, Ginette Reno, Louise Forestier, Claude Dubois, Monique Leyrac, Michel Rivard, Daniel Lavoie, Marjo, Richard e Marie-Claire Séguin, Jean-Pierre Ferland, Renée Claude, o talentoso compositor Luc Plamondon, dentre outros tantos grandes intérpretes que fizeram a riqueza da música quebequense e, evidentemente, da música francófona. A esses artistas somam-se outros mais recentes, cujo sucesso os consagrou mundialmente, como Céline Dion, ou os tornou reconhecidos na cena musical francófona, como Isabelle Boulay, Lynda Lemay e Garou. Além desses, outros também se afirmaram dos anos 80-90 para cá: Lara Fabian, Daniel Bélanger, Laurence Jalbert, Luce Dufault, Daniel Boucher, France D’Amour, Paul Piché, Chloé Sainte-Marie, Marie-Chantal Toupin, Éric Lapointe, Kevin Parent, Richard Desjardins, Raoul Duguay, Diane Tell, Jean Leloup, Luc De Larochellière, Marie Denise Pelletier, Sylvie Tremblay, Geneviève Paris, Jim Corcoran, Bruno Pelletier, o grupo Mes Aïeux, o grupo folclórico e tradicional La Bottine Souriante, tantos nomes que fazem a riqueza da Bela Província (como é conhecido o Quebec) e cuja lista é grande... Há, além desses, os acadianos (originários da província de Nova Brunswick) Natasha Saint-Pier, Marie-Jo Thério, Isabelle Roy, Roch Voisine,
9 Édith Butler ou o acadiano-louisianês Zachary Richard, cujo sucesso veio quase sempre a partir do Quebec. Mas o que encontramos de novo no Canadá no período 2003-2007? Apenas para se ter uma idéia do que surgiu por lá nesse período, temos os textos engajados – política, meio ambiente, problemas sociais – de Alexandre Belliard; o multiinstrumentista, eclético e “poeta dos detalhes do quotidiano” Urbain Desbois; as canções urbanas e atuais do Quebec da cantora e marionetista Claire Lafrenière; a jovem e excepcional Marilou; o premiado Marc-André Fortin e Marie-Élaine Thibert (ambos de Star Académie); a cantora grunge, alternativa, do rock violento e do country psicodélico Mara Tremblay (que já estourara nas paradas em 1999); o retorno do grupo de rock Vilain Pingouin; os textos que mesclam electro-folk, jazz e pop de Ariane Moffatt; o pop emergente Jean- François Moran; a fulgurante Ima, que não canta apenas em francês e ainda é porta-voz da Anistia Internacional. Como se vê, a cena quebequense nunca deixa de se renovar, apresentando-se sempre sob múltiplas expressões, tão ao gosto do público de língua francesa. 2. Na França Na terra da língua de Molière, a música francesa adquiriu novos brilhos e novas formas, testemunho do vigor com que essa forma de expressão artística é tratada por seu público, sempre ávido de renovação mas ao mesmo tempo não abandonando a riqueza do seu patrimônio musical. Na linha tão ao gosto francês dos cantores “à texte”, vemos surgir Bénabar (premiado nas “Victoires de la Musique 2004”) e suas cenas da vida emocionantes e engraçadas, tão finamente observadas; Benjamin Biolay e seus álbuns harmoniosos e impressionistas; o universo rico e poético de Thomas Fersen; as descrições das coisas da vida de Vincent Delerm; as canções intimistas de Corneille. A esses nomes vemos somar o das cantoras “à texte”, com seu universo pessoal e poético, como é caso de Keren Ann e sus mescla de música pop francesa, folk americano e música iídiche; Emilie Simon com seu universo fantástico e moderno ou Carla Bruni com suas canções autobiográficas e apaixonadas, ambas premiadas nas “Victoires de la Musique” em 2004; e, finalmente, Coralie Clément com sua voz leve e seus textos ácidos. Outros renovam a tradição das canções “à texte”, como Les Têtes Raides cujos belos textos são acompanhados de uma síntese entre rock alternativo e “bal musette”. Vale a pena citar, nessa mesma linha, La Tordue, Les Ogres de Barback, Les Wriggles, Les Hurlements de Léo e La Rue Kétanou. Artistas atípicos também povoam esse universo musical francês. São exemplos típicos o multi-instrumentista M, dono de um universo lúdico bastante perceptível, Sanseverino e suas
10 canções “drolatiques” e seu swing envolvente, e ainda Calogero, cantor e compositor fora das normas, também premiado nas “Victoires de la Musique” de 2004. Há ainda as artistas “jeune public”, jovens cantoras de 16 a 25 anos, intérpretes de um novo tipo – ritmos dinâmicos e textos que tocam principalmente o universo pré-adolescente –, cujo sucesso é obtido a partir da televisão e da mídia. É o caso de Jenifer, Emma Daumas, Nolwenn, Alizée, Lorie e Chimène Badi. No contexto do rap, o movimento originalmente portador de temas como racismo, violência, amizade ou família, chega à maturidade e torna-se mais sereno, mantendo sua popularidade entre os jovens. MC Solaar permanece, mas outros também se destacam, como o grupo marselhês IAM e suas posições sociais anti-racistas ou o rap melódico e sereno de Ménélik, os toques de humor e as origens parisienses e cabo-verdianas de Stomy Bugsy ou o pan-africanismo de Passi, os textos divertidos e apimentados de Doc Gynéco ou o rap sem concessão e engajado dos parisienses do NTM. Já o hip hop francês, em um meio tão masculino, abre-se para as vozes femininas com o sucesso da jovem Diam's (“Victoires de la Musique 2004”). Grupos enérgicos e engajados também dominam a cena, com suas mensagens sociais mescladas de tolerância e bom humor, cuja inspiração origina-se na tradição, nos estilos atuais e nos ritmos de fora (reggae e rai). Mickey 3D – “Victoires de la Musique 2004” – fala de ecologia, sociedade e futuro político, o parisiense Java gosta dos jogos de palavras, Tryo mescla canção francesa engajada com ritmos do reggae e world music, Zebda (de Toulouse) mistura grandes sucessos e textos mais engajados com rock, raï, reggae e funk, e Kyo – também “Victoires de la musique 2004”– e seu pop vigoroso que trata da vida diária dos jovens, entre revolta e paixão. E, finalmente, Louise Attaque, que soube manter a qualidade dos álbuns e o violino misturado ao rock, cativando um grande público. Mas não podemos deixar de falar daqueles que fizeram o nome da canção francesa. Se selecionarmos apenas os intérpretes ou grupos e compositores de letras ou músicas francesas, poderemos reverenciar, por um lado, os monstros sagrados, seja de ontem, seja da atualidade, tradicional e internacionalmente conhecidos, como: Charles Aznavour, Claude Nougaro, Dalida, Edith Piaf, Georges Brassens, Gilbert Bécaud, Juliette Gréco, Maurice Chevalier. Por outro lado, dentre os menos conhecidos no Brasil, mas aclamados na França em todos os tempos e muitos além das fronteiras, , como na Ásia e no Leste Europeu, encontramos: Alain Souchon, Daniel Balavoine, Francis Cabrel, Françoise Hardy, Jean-Jacques Goldman, Johnny Hallyday, Julian Clerc, La Mano Negra, Maxime Le Forestier, Michel Jonasz, Michel Sardou, Renaud, Salvatore Adamo, Sinclair, Téléphone, Véronique Sanson, Yves Duteil, etc. Nos anos 90, outros talentos despontaram e continuam divulgando a música produzida na França: Autour de Lucie, Axel Bauer, Étienne Daho, Florent Pagny, Hélène Ségara, Henri Salvador, Indochine, Jean-Louis Aubert, Jeanne Mas, Jil Caplan, Les Innocents, Les Négresses Vertes, Liane
11 Foly, Louise Attaque, Mylène Farmer, Noir Désir, Ophélie Winter, Pascal Obispo, Patrick Bruel, Rita Mitsouko, Teri Moïse, Vanessa Paradis, etc. No Brasil, determinados artistas franceses atuais conseguiram também cativar um público fiel. É o caso de Daft Punk, Deep Forest, Desireless, Gipsy Kings, Era, Jordy, Kkaled, Manu Chao, MC Solaar, Patricia Kaas etc. 3. Algumas interações Canadá-França No Quebec, La Bolduc e Soldat Lebrun são os grandes sucessos até os anos 50, quando então Félix Leclerc se sobressai, levando a música ao teatro. Porém, é na França que Leclerc teve maior reconhecimento da crítica. Na década de 60, a marcante presença na França de Georges Brassens e Léo Ferré é acompanhada da de Gilles Vigneault no Quebec. Nos anos 70, Robert Charlebois iniciou no Quebec sua trajetória de glória e o gênero country, em que Soldat Lebrun et Willie Lamothe se destacam, é muito popular e rende milhões de cópias vendidas. Na França, em contrapartida, brilha Brigitte Fontaine. Na passagem do milênio, a cultura hip-hop agrupa diversas manifestações, dentre as quais a música rap. O termo ‘rap’, gíria afro-americana, quer dizer ‘falar’ e de fato representa a produção do MC (mestre de cerimônia), aquele que consegue falar em versos mais rapidamente que o seu principal interlocutor – o próprio público. O fluxo do discurso rap visa tornar o discurso ininteligível para o não-iniciado, renovando uma tradição da cultura de origem do povo negro (apesar de ser a música funk considerada por muitos críticos a verdadeira fonte da música negra autêntica) e revelando, portanto, profundas raízes ao invés de aparente modismo. Em sua grande maioria, os rappers são artistas negros ou de outras origens étnicas e o público, sobretudo os jovens de 14 a 21 anos, da periferia ou não. Os temas reivindicativos tratados em suas letras trazem problemas seculares da opressão policial e do racismo, canalizam a esperança de viver em um mundo melhor e a resistência à globalização em prol da afirmação da diversidade cultural, da hegemonia. O léxico utilizado revela gírias e, misturadas ao francês, palavras vernáculas de outras etnias. O estilo desta “geração lírica” é rico em imagens e recursos sonoros. Antes de chegar ao Quebec, cujo palco mais representativo é Montreal com o grupo Dubmatique e suas melodias fáceis impregnadas de valores religiosos (bem diferente do rap americano, mais agressivo), o rap tomou conta de Paris com MC Solaar, que privilegiou uma métrica bem ordenada e figuras de estilo bem definidas. Depois o rap chegou a Marselha, principalmente com o grupo IAM ou Les Fabulous Trobadors, criadores de um som que mistura tradições folclóricas e ritmos pós-modernos.
12 Encontramos, ainda, no Quebec, expressivos grupos: 2 Faces-le Gémeaux, Eminem, La Constellation, La Gamic, LMDS, Loco Locas, M.O.S.T., Muzion, Rainmen, Sans Pression e Yvon Krevé. Na França, Doc Gyneco, La Cliqua, NTM e Stomy Bugsy estão entre os de maior sucesso, além do grupo Noir Désir, que passou da ala metal ou mesmo punk, com sua instrumentação elétrica, a seqüências mais ritmadas e menos turbulentas de visões apocalípticas e denúncia sociopolítica, com uma instrumentação mais eclética. A lista de nomes é, sem dúvida, inesgotável, revelando na verdade omissão de outros, tão expoentes quanto. Registremos aqui, portanto, para todos os que não foram nominalmente lembrados, nossa deferência... Enfim a música, perfeito enlace entre a produção textual e sonora, é o modo por excelência de tocar ao mesmo tempo qualquer público. Não importa em qual língua, é um fenômeno mundial, seja erudito, em luxuosas salas de espetáculos e concertos, seja popular, em programas de TV e rádio, karaokês, videoclips ou rodas de amigos, comercializando-se anualmente pelo império do CD e DVD. A música é de todos e para todos, brasileira, americana, italiana, indiana, world music... A música francesa dos últimos cinco anos, la voilà!
13 OS GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA FRANCESA Como vimos, a diversidade e riqueza da música de expressão francesa é tal que as 20 músicas apresentadas neste livro não é senão uma amostragem e, evidentemente, tivemos que nos valer de critérios objetivos para selecioná-las. Chegamos, pois, às músicas preferidas pela crítica especializada e pelo público francês e canadense, no período de 2003 a 2007, especialmente por meio das seguintes fontes: - Chanson originale do “Les Victoires de la Musique” (prêmios aos melhores da música na França) - Chanson populaire de l’année da “ADISQ” (Associação Quebequense da Indústria do Disco) - Classificação de “Francophonie Diffusion” (parceria de 150 rádios distribuídas em 70 países do mundo) - Classificação Singles de “Disque en France” (panorama da música na França no portal do Sindicato Nacional da Edição Fonográfica) - Compilação “Hits France” (produção anual de CDs com as músicas da parada) - Gala da “SOCAN” (Sociedade canadense dos autores, compositores e editores de música) - Melhores vendas de “Amazon” (site de vendas de uma das maiores livrarias do mundo) - O artista do verão da TV5 (canal de televisão francófono internacional) O resultado dessa pesquisa revela as músicas abaixo como os maiores sucessos, que organizamos em ordem alfabética no próximo seguimento, com as indicações de gênero, intérprete, compositor, gravadora e letra. Sucessos gravados na França: A fleur de toi Caravane Cesse la pluie Écris l'histoire Femme like U Hey oh Je viens du sud La cerise Sucessos gravados no Canadá: Laisse parler les gens Le sourire Au gré des saisons Ma philosophie Compter les corps Partons vite Dégénérations / Le reel du fossé Quand je manque de toi Montréal -40ºC San Ou - La Rivière Y’a du monde Si seulement je pouvais lui manquer
14 1. A fleur de toi Gênero musical: R’n’B Intérprete: Vitaa Vitaa é o nome artístico de Charlotte Gonin, descendente de italianos que nasceu em 1983, em Mulhouse, na região de Lyon. Foi descoberta pelo Dj Kost que organizou um dueto entre ela e o rapper Dadoo. E foi com a música Pas à pas, nesse dueto, que ela ficou conhecida como Vitaa. Durante muitos anos ela trabalha com a colaboração de diversos rappers e cantores de R’n’b, como a rapper Diam’s, que lhe abre as portas para um reconhecimento maior do público. Seu primeiro álbum solo, lançado em fevereiro de 2007, contém composições próprias baseadas em pequenas histórias da vida cotidiana e já vendeu mais de 60.000 cópias apenas em uma semana, ficando em primeiro lugar nas paradas francesas. Ver: vitaa.fr/ Compositor: Vitaa Álbum: A Fleur de toi (2007) Gravadora: Universal Music Vídeo: dailymotion.com/video/xqoxs_vitaa-a-fleur-de-toi Letra: Les jours passent mais ça ne compte pas J'ai tant de mal à vivre, ivre De ce parfum si différent du tien Pire, j'ai compté chaque minute qui me retient à lui Comme si j'étais ma propre prisonnière Ça fait bientôt un an qu'il m'a sauvé de toi Souvent je me demande où j'en serai pour toi Souvent je me demande ce que tu fais, où tu es, qui tu aimes... Sors de mes pensées J'ai changé d'adresse, de numéro merci J'ai balancé tes lettres et des défauts même si J'ai fait semblant d'avoir trouvé la force Je garde au plus profond de moi tout ce que tu m'as aimé J'essaye de t'oublier avec un autre Le temps ne semble pas gommer tes fautes J'essaye mais rien n'y fait je ne peux pas, je ne veux pas, Je n'y arrive pas, je ne l'aime pas comme toi J'essaye de me soigner avec un autre Qui tente en vain de racheter tes fautes Il semble si parfait mais rien n'y fait je capitul, Je ne peux pas je ne l'aime pas comme toi Lui, il a tenté de me consoler même si il n'a pas tes mots ni ton passé C'est vrai mais il n'a pas ton goût pour la fête, Pour la nuit pour les autres, pour tout ce que je hais Il a séché toutes tes larmes, tu sais Il a ramassé tes pots cassés et il a réglé tous tes impayé(e)s, tes impostures, tes ratures Tout ce que tu m'a laissé Il m'aime comme un fou et me connait par coeur, Il me dit je t'aime parfois durant des heures Mais il ne sent pas ton odeur Pourquoi je te respire dans ses bras Sors de mes pensées
15 J'essaye de t'oublier avec un autre Le temps ne semble pas gommer tes fautes J'essaye mais rien n'y fait je ne peux pas, je ne veux pas, Je n'y arrive pas, je ne l'aime pas comme toi J'essaye de me soigner avec un autre Qui tente en vain de racheter tes fautes Il semble si parfait mais rien n'y fait je capitul, Je ne peux pas je ne l'aime pas comme toi Je ne l'aime pas comme toi Dis moi seulement pourquoi? Tu me restes comme ça... Je veux t'oublier Reprend tes rêves et disparaît Car je veux l'aimer comme toi... J'essaye de t'oublier avec un autre Le temps ne semble pas gommer tes fautes J'essaye mais rien n'y fait je ne peux pas, je ne veux pas, Je n'y arrive pas, je ne l'aime pas comme toi J'essaye de me soigner avec un autre qui tente en vain de racheter tes fautes Il semble si parfait mais rien n'y fait je capitul, Je ne peux pas je ne l'aime pas comme toi Je ne l'aime pas comme toi
16 2. Au gré des saisons Gênero musical: Pop Intérprete: Dumas Cantor quebequense revelado no Festival de música de Granby e no Festival de músicas de Petite Valée. Em maio de 2001, Dumas lança seu primeiro CD, que fica entre os dez melhores do ano e entre os cinco melhores francófonos e se confirma como uma das novas figuras mais estimadas na universo musical quebequense. Suas músicas misturam o new-wave, o electro e o pop, com refrão persistente e letras que falam de tudo e de nada, de amor e de viagens. Em 2005 ele ganha o Félix de «Autor, compositor, intérprete do ano» na noite de gala da ADISQ por seu show solo, e seu disco também é lançado na França, onde rapidamente começa a tocar nas rádios. Em 2006 ganha o Disco de Ouro com 50.000 cópias vendidas de seu segundo CD, e em seu terceiro CD se consolida no cenário musical como um brilhante autor-compositor-intéprete, criativo, completo e maduro. Seu terceiro álbum será lançado na França ainda esse ano. Ver: dumasmusique.ca/?p=5 Compositor: Dumas Álbum: Fixer les temps (2006) Gravadora : Tacca Musique Vídeo: youtube.com/watch?v=9qIavxJ1Ec0 Letra: Comme les saisons changent Comme l’hiver une fleur Comme ma vie dérange Quand à cent à l’heure Au gré des saisons tu verras Tôt ou tard, tôt ou tard La vie me prend La vie me jette Tôt ou tard, tôt ou tard Quand gèle la terre Comme une balle au coeur Au gré des saisons tu verras Tôt ou tard, tôt ou tard La vie me prend Et elle me jette Tôt ou tard, tôt ou tard Au gré des saisons tu verras Tôt ou tard, tôt ou tard La vie me prend La vie me jette Tôt ou tard, tôt ou tard
17 3. Caravane Gênero musical: Música pop francesa Intérprete: Raphaël Nascido na Bolonha, filho de mãe argentina e pai russo-marroquino, Raphaël começa a tocar piano desde os quatro anos, depois saxofone e guitarra na adolescência. Embalado pelas influências de David Bowie a Bob Dylan, passando por Jacques Brel, o jovem prodígio da música firma, em 2000, o primeiro álbum, extremamente promissor, intitulado Hôtel de l’Univers, sob o qual sua música rock deixa uma grande marca nos textos de canções. Autor e compositor ideal, ele conduz o universo à flor da pele, explora as incertezas que assombram a vida de um jovem artista do seu tempo. Ele se diferencia pelos ambientes e pelas palavras, pelas notas do piano e pelas linhas da guitarra. Dotado de uma voz doce e surpreendente, Raphaël exprime a dificuldade de possuir um tema recorrente: partir em busca de um futuro melhor. Além de Gérard Manset (autor de duas canções do cantor), Raphaël se inspira em Rimbaud e Kerouac para escrever e compor e se tornou um ícone do pop-rock francês. Em 2005, o álbum Caravane se encontra no 6º lugar dos mais vendidos na França e se conserva no topo durante todo o verão. Ver: raphael.fm/ Álbum: Caravane (2005) Gravadora: Capitol Vídeo: youtube.com/watch?v=xHJoY0oSD_Y Letra: Est-ce que j'en ai les larmes aux yeux Que nos mains ne tiennent plus ensemble Moi aussi je tremble un peu Est-ce que je ne vais plus attendre Est-ce qu'on va reprendre la route, Est-ce que nous sommes proches de la nuit Est-ce que ce monde a le vertige Est-ce qu'on sera un jour puni Est-ce que je rampe comme un enfant Est-ce que je n'ai plus de chemise C'est le Bon Dieu qui nous fait C'est le Bon Dieu qui nous brise Est-ce que rien ne peut s' arriver Puisqu'il faut qu'il y ait une justice Je suis né dans cette caravane Et nous partons allez viens Allez viens Tu lu tu, tu lu tu... Et parce que ma peau est la seule que j'ai Que bientôt mes os sont dans le vent Je suis né dans cette caravane Et nous partons allez viens, allez viens Tu lu tu, tu lu tu..., allez viens..., tu lu tu, tu lu tu...
18 4. Cesse la pluie Gênero musical: Pop Intérprete: Anggun Anggun Cipta nasceu em 1974 em Jakarta, Indonésia. Influenciada pelo pai - cantor, compositor, intérprete e produtor renomado - ela grava, aos 7 anos, seu primeiro disco. Mascote infantil e depois ídolo adolescente, Anggun inspira as músicas modernas e converte os jovens de seu país ao rock. Mas em Londres e depois em Paris, dá início à uma nova carreira. A etapa decisiva corresponde, sem dúvida nenhuma, ao seu encontro com Eric Benzi, autor, compositor e produtor de suas músicas. O primeiro fruto da colaboração de Eric, Au nom de la lune, lançado em 1997, vende mais de um milhão de exemplares no mundo todo. Participante do processo de valorização da língua francesa, Anggun recebe a prestigiosa medalha da associação dos Chevalier des Arts et des Lettres. Porta-voz da Organização das Nações Unidas, ela participa também da erradicação do subdesenvolvimento pelo mundo. Ver: anggun.com/ Compositores: Evelyne Kral (letra); Frédéric Jaffré (música) Álbum: Luminescence Gravadora: Heben Music Vídeo: youtube.com/watch?v=clySUDtQprg Letra: Là-haut sur un nuage J'aimais sans me douter Qu'éclaterait l'orage Je n'ai pas vu le temps changer Tes mots sur leur passage Ont tout noyé, brisé Tu es resté fermé Je ne sais plus où aller... Oublier cet orage éphémère L'effacer et t'aimer comme hier Je cherche et je cherche Le remède pour qu'enfin Cesse la pluie Cesse la pluie Oublier cet orage éphémère L'effacer, retourner en arrière Je cherche et je cherche Le remède pour qu'enfin Cesse la pluie Cesse la pluie Tu as tourné la page D'un coup de vent glacé Et d'un éclair sauvage Balayé le passé Et si le ciel se dégage Le coeur léger j'irai Sur un nuage me poser Et me laisser aller... Oublier cet orage éphémère L'effacer et t'aimer comme hier
19 Je cherche et je cherche Le remède pour qu'enfin Cesse la pluie Cesse la pluie Oublier cet orage éphémère L'effacer, retourner en arrière Je cherche et je cherche Le remède pour qu'enfin Cesse la pluie Cesse la pluie
20 5. Compter les corps Gênero musical: Pop Intérprete: Vulgaires Machins Banda quebequense formada em 1995 por Guillaume (vocal, guitarra), Marie-Eve (vocal, guitarra, piano), Maxime (baixo) e Patrick (bateria), quando, com o apoio e o encorajamento do público, começam a fazer suas primeiras composições. Já em seu primeiro demo, a banda é convidada por membros da banda Grimskunk a se juntar ao selo da Indica, lançando seu primeiro CD em 1998. Já estão em seu quarto CD e usam suas letras de cunho político para criticar o neo-liberalismo, a falsa democracia e a condição desumana em que vivemos, se livrando do estigma adolescente e atraindo a identificação e a adesão de toda uma geração. Sua turnê pelo Quebec se torna um sucesso, assim como na França, onde se apresentam diversas vezes. Ver: vulgairesmachins.org/histoire/biographie/ Compositor: G. Beauregard / Vulgaires machins Álbum: Compter les corps (2006) Gravadora: Indica / Outside Music Vídeo: youtube.com/watch?v=Jd93kqluQ78 Letra: Tout seul, j’veux pas mourir de honte En petites miettes sur le seuil Compter les corps qui tombent J’veux pas rester tout seul Je pensais que les mensonges faisaient mal, mais la vérité est encore pire Les imbéciles se convertissent par millions, et les escrocs gagnent du terrain Les architectes nous dessinent une illusion et l’indifférence nous trace le chemin Je compte les corps tomber, comme des feuilles mortes, sur le terrain Seul, je regarde mourir le monde En petites miettes sur le seuil Je saignerai sur ma feuille J’regarde mourir Je pensais que les mensonges faisaient mal, mais la vérité est encore pire Les assassins nous dessinent une illusion, et l’ignorance nous trace le chemin Je compte les corps tomber, comme des feuilles mortes, sur le terrain Seul, je regarde mourir le monde En petites miettes sur le seuil Je saignerai sur ma feuille J’regarde mourir le monde Quand j’y pense deux minutes, conscient et lucide C’est compliqué, mais possible Les imbéciles se comptent peut-être par millions, mais la raison gagne du terrain Les serviteurs se comptent encore par millions, mais la discorde gagne du terrain J’espère, un peu plus loin, briser la honte qui me retient Seul, j’veux pas mourir de honte Résigné par l’épreuve. J’veux pas mourir de honte Et accepter le deuil J’regarde mourir le monde En petites miettes sur le seuil Je saignerai sur ma feuille J’regarde mourir le monde
21 6. Dégénérations/ Le reel du fossé Gênero musical: Folk Intérprete: Mes Aïeux Grupo de música folclórica do Quebec criado em 1996 e formado por: Marie-Hélène Fortin, Éric Desranleau, Stéphane Archambault, Frédéric Giroux, Marc-André Paquet e Benoît Archambault. Ultilizam personagens e assuntos tradicionais do folclore quebequense para abordar com humor temas modernos como mundialização, política, supermedicação e o frenetismo da vida moderna. Sua música, nomeada de «funklorique», é uma combinação da música tradicional francesa com o rock, o popular e a música disco e contém até mesmo a bossa nova. Em 2006 seu álbum En Famille ganhou o disco duplo de platina, com 200.000 cópias vendidas e a música Dégénérations foi escolhida por auditores de uma rede de rádio muito importante no Canadá como a «Música francófona do ano», tendo eles também arrebatado o prêmio de «Melhor Álbum de Folk Contemporâneo» na noite de gala da ADISQ 2005. Ver: mesaieux.qc.ca Compositor: Stéphane Archambault Álbum: Tire-toi une bûche (2004) Gravadora: Disques Victoire Vídeo: youtube.com/watch?v=rTIdNUTIto8 Letra: Ton arrière-arrière-grand-père, il a défriché la terre Ton arrière-grand-père, il a labouré la terre Et pis ton grand-père a rentabilisé la terre Pis ton père, il l'a vendue pour devenir fonctionnaire Et pis toi, mon p'tit gars, tu l'sais pus c'que tu vas faire Dans ton p'tit trois et demi bien trop cher, frette en hiver Il te vient des envies de devenir propriétaire Et tu rêves la nuit d'avoir ton petit lopin de terre Ton arrière-arrière-grand-mère, elle a eu quatorze enfants Ton arrière-grand-mère en a eu quasiment autant Et pis ta grand-mère en a eu trois c'tait suffisant Pis ta mère en voulait pas; toi t'étais un accident Et pis toi, ma p'tite fille, tu changes de partenaire tout l'temps Quand tu fais des conneries, tu t'en sauves en avortant Mais y'a des matins, tu te réveilles en pleurant Quand tu rêves la nuit d'une grande table entourée d'enfants Ton arrière-arrière-grand-père a vécu la grosse misère Ton arrière-grand-père, il ramassait les cennes noires Et pis ton grand-père - miracle ! - est devenu millionnaire Ton père en a hérité, il l'a tout mis dans ses RÉERs Et pis toi, p'tite jeunesse, tu dois ton cul au ministère Pas moyen d'avoir un prêt dans une institution bancaire Pour calmer tes envies de hold-uper la caissière Tu lis des livres qui parlent de simplicité volontaire Tes arrière-arrière-grands-parents, ils savaient comment fêter Tes arrière-grands-parents, ça swignait fort dans les veillées Pis tes grands-parents ont connu l'époque yé-yé Tes parents, c'tait les discos ; c'est là qu'ils se sont rencontrés
22 Et pis toi, mon ami, qu'est-ce que tu fais de ta soirée ? Éteins donc ta tivi ; faut pas rester encabané Heureusement que dans' vie certaines choses refusent de changer Enfile tes plus beaux habits car nous allons ce soir danser…
23 7. Ecris L'Histoire Gênero musical: Música pop francesa Intérprete: Grégory Lemarchal Durante a Star Academy 4, o maior triunfo foi Grégory Lemarchal. Ele tem um rosto de anjo, um caráter que lhe confere uma bela imagem e voz...e uma doença grave que ele enfrenta com muita coragem desde pequeno. A vida deste jovem rapaz emocionou as famílias francesas e até hoje ele é exemplo para não se desistir nunca de uma carreira musical. Sua cultura musical se deu sob a influência de Céline Dion, Lara Fabian, Isabelle Boulay e Florent Pagny, mas desenvolveu um estilo próprio, herdado de uma longa tradição. Ver: musique.ados.fr/Gregory-Lemarchal.html Compositor: P. Manners (letra) Álbum: Je Deviens Moi (2005) Gravadora: Mercury/ Universal Vídeo: youtube.com/watch?v=tGT6a92Wmy4 Letra: Voudrais-tu me voir M'oublier M'approcher me croire M'inviter Ou n'pas savoir Quand viendra la fin ? C'est toi qui choisis De rester Me laisser ici En douter C'est toi aussi Qui sait et c'est bien Que veux-tu Qu' je fasse ? M'effacer ou M'avancer pour Être dans ta trace Tout te dire ou Bien me taire Que veux-tu que je fasse ? REFRAIN : Écris l'histoire Tout c' que tu voudras entre Mes lignes Ton territoire Étendu si loin sur le mien Écris l'histoire Dans ma mémoire Mais n'écris jamais la fin (Mais n'écris jamais la fin) Dis-moi tu m' préfères
24 À genoux Parti ou par terre À tes pieds Pour avoir l'air De n' pas être rien ? Faut-il que j'arrête ? Un mot et J' n'en fais qu'à ta tête J'disparais Change de planète Sauf si tu me retiens Que veux tu de moi ? J'attendrai que Tu me le dises Un amour ou pas? Quelqu'un qui te demande à toi: Voudrais-tu de moi ? REFRAIN : x2
25 8. Femme Like U Gênero musical: Groove, R’n’B Intérprete: Kamar K-Maro, de nome verdadeiro Cyril Kamar, tem 24 anos e nasceu em Beirute. Sua família residia no Canadá quando ele era ainda adolescente. É em Montreal que ele se apaixona pelo R’n’B dos EUA e funda seu primeiro grupo de rap e R’n’B Les Messagers Du Son (LMDS), chegando a obter o prêmio de melhor álbum hip hop. Não bastasse o grande êxito do grupo, o cantor decide fazer carreira solo. Além disso, cria sua própria gravadora, Kpone, lança sua própria linha de roupas, Balek, e publica seu primeira música Femme Like U, um tremendo sucesso em Quebec e em toda Europa, correspondente à uma venda de 750.000 exemplares. Ver: kmaro.jeun.fr/ Álbum: La Good Life (2004) Gravadora: East West / Warner Music Vídeo: youtube.com/watch?v=ZC-efJBSkd4 Letra: REFRAIN : Donne-moi ton coeur baby, Ton corps baby hey Donne-moi ton bon vieux funk, Ton rock baby, Ta soul baby hey Chante avec moi, je veux une femme like you Pour m'emmener au bout du monde, une femme like you Hey Donne-moi ton coeur baby, Ton corps baby hey Donne-moi ton bon vieux funk, Ton rock baby, ta soul baby hey Chante avec moi, je veux un homme like you Bad boy tu sais qu' tu m' plais, un homme like you Hey Quand tu chantes, j'oublie J'ai plus le moindre soucis J'ai le mal qui fuit, Tu donnes un son à ma vie Et puis j' sais pas qu'est-ce qui s' passe, T'as ce regard dans la face Qui me ramène à la case départ, là où j' suis parti, Nous ramène à la soirée du bar quand on est sortis Et c'est cette même complicité qui s'installe, Ou quand on est sur la scène Et qu'on brille sous la même étoile Quand ta voix croise la mienne, que j'ai ta soul dans mes veines Que mon vibe coule dans les tiennes Femme t'es belle mais quand tu chantes t'es sexy, Flash sur elle, rock, soul baby {au REFRAIN } Complice on leur donne un bon son, like...
26 A la tv, Mary J.Blige glamourous, ton style et ton charme t'es fabulous Un délice pour un macadam Mhhm baby baby, si tu savais comme j' te mhhm baby baby Crois-moi que l'atmosphère est parfaite, Et plus tu chantes, plus je j' glisse sur la pente et j'perds la tête Deux vies, deux voix qui s' rencontrent Deux histoires qui se racontent Une chanson pour le dire, Y'a les mots, les images pour le décrire Une belle rencontre à l'ancienne, Prends un flash! y'a d' la magie sur scène, Le rideau tombe et c'est terminé Une belle collabo, des mots sur une feuille, pour se rappeler {au REFRAIN :} Donne-moi ton coeur, Donne-moi ton corps, Donne-moi ta soul, Ton rock'n'roll Je veux une femme like you Un homme like you {au REFRAIN, x2}
27 9. Hey Oh Gênero musical: Groove, R’n’B Intérpretes: Tizy Bone / Silky Shai Os dois integrantes do grupo encontram-se em Nantes em 1999. Silky Shai é proveniente da Costa do Marfim e Tizy Bone é de Madagascar. Influenciados pela paixão que tinham pela música R’n’B e as batidas do hip-hop americano, os dois jovens artistas praticam juntos o ato de cantar nas ruas. A trajetória deles não foi tão fácil, a ponto de terem que abandonar os textos das próprias canções. E isso justifica a escolha do nome do grupo: “Tragédie é justamente para dar sorte”, explica Tizy. É em 2003, graças ao título Hey oh, que eles são reconhecidos por uma grande gravadora e dão, dessa forma, o primeiro passo, entrando diretamente na primeira posição das paradas de sucesso. Tizy e Silky, com 22 e 24 anos respectivamente, produzem um sucesso fenomenal. Ver: musique.ados.fr/Tragedie.html Album: Tragédie (2003) Gravadora: UP Music / Warner Music Vídeo: youtube.com/watch?v=YmH-vz41Na4 Letra: Ho ho ho ho ho Ho ho ho ho ho Ho ho ho ho Ho ho ho ho ho REFRAIN : Est-ce que tu m'entends hey ho ! Est-ce que tu me sens hey ho ! Touche moi je suis là hey ho! ho ho ho ho ho ho S'il te plaît réponds moi hey ho Un geste suffira hey ho ! Est-ce que tu m'aperçois hey ho! Ho ho ho ho ho ho Ca fait longtemps, en bas de ta fenêtre J'appelle vainement mais personne ne répond Fais juste un signe pour montrer que t'es là Ho yé ho ho ho ho ho Déjà deux heures qu'en bas de chez toi Je cris ton nom mais personne m'entend juste un signe suffira Baisse la tête ho ! Regarde qui est là Ho ho ho ho ho ho ho ho ho {au REFRAIN} Je sais que t'es là mais tu n'entends pas Qu'en bas de chez toi je t'appelle mais tu n' réponds pas Je sais que t'es là, mais tu n'entends pas Qu'en bas de chez toi je t'appelle Est-ce que tu m'entends ? Est-ce que tu me sens ? Un geste suffira s'il te plait réponds-moi
28 Est-ce que tu m'aperçois ? Car en bas de chez toi je fais les cents pas Est-ce que tu me vois ? Dis-le moi {au REFRAIN } La seule chose que j'attends, C'est juste que tu descends Trop longtemps que j'attends Je commence à perdre patience J'ai appris que tu aimais ça Faire languir tous les mecs comme moi Et celui qui s'acharnera Ce sera lui que tu choisiras {au REFRAIN } Ho ho ho ho ho ho ho
29 10. Je Viens Du Sud Gênero musical: Pop Intérprete: Chimène Badi Chimène é uma jovem artista de 20 anos. Candidata em um jogo musical televisivo popular na França, ela foi selecionada entre milhares de participantes. Dotada de uma sublime voz, ela publica em 2003, Entre nous, o primeiro disco realizado pelo célebre compositor Rick Allison, com uma venda de mais de 400.000 exemplares. Agora interpreta Tellement beau, primeira passagem do último álbum Le Miroir. Ver: chimenebadi.fr/ Compositores: Delanoé / Sardou (letra); Jacques Revaux (música) Álbum: Live à L'Olympia (2005) Gravadora: AZ Vídeo: youtube.com/watch?v=-kDSn9-1GDw Letra: J'ai dans le cœur, quelque part, De la mélancolie, Mélange de sang barbare Et de vin d'ltalie, Un mariage à la campagne Tiré par deux chevaux, Un sentier dans la montagne Pour aller puiser l'eau. J'ai au fond de ma mémoire Des lumières d'autrefois Qu'une très vieille femme en noir Illuminait pour moi, Une maison toute en pierres Que la mer a rongée Au-dessus d'un cimetière Où les croix sont penchées. Je viens du sud Et par tous les chemins, J'y reviens... J'ai dans la voix, certains soirs, Quelque chose qui crie, Mélange d'un chant barbare Et d'un ciel d'ltalie, Des colères monumentales Que les vents m'ont soufflées, Des discours interminables Après le déjeuner. Je viens du sud Et par tous les chemins, J'y reviens... J'ai quelque part dans le cœur De la mélancolie, L'envie de remettre à l'heure Les horloges de ma vie, Un sentier dans la montagne
30 Quand j'aurai besoin d'eau, Un jardin dans la campagne Pour mes jours de repos, Une maison toute en pierres Que la mer a rongée Au-dessus d'un cimetière Où mon père est couché. Je viens du sud Et par tous les chemins, J'y reviens... Et par tous les chemins, J'y reviens...
31 11. La Cerise Gênero musical: Rock Intérprete: Matmatah É num bar de Brest que o grupo Matmatah nasce. No início, a história é apenas um dueto, Stan e Sammy, os dois guitarristas. No caminho, eles encontram dois outros jovens da mesma idade, Eric, que toca baixo e canta, e Fanch, o baterista. O encontro é decisivo e eles decidem juntos formar um grupo que fizesse uma música...do tipo étnico-rock, que não esquecesse suas raízes célticas. Eles se auto-produziam, se auto- distribuíam. Depois de uma primeira música tão interessante quanto bizarra, Les moutons, eles lançam o primeiro álbum, La Ouache, em 1998, fazendo referência à maneira que tinham de lidar com as coisas, de um modo agitado. Sucessos como Emma, Derrière ton dos e L’apologie são muito conhecidos pelo público jovem, que gostam da banda e dançam como se estivessem possuídos durante os shows. Depois da morte de um dos integrantes, a banda encontra um novo baterista pronto para recompor as energias no lançamento do terceiro álbum Archie Kramer, em 2004. Um disco talvez mais “doce” e menos “comprometido”, mas sempre rock. Ver: musique.ados.fr/Matmatah.html Álbum: La Cerise (2006) Gravadora: Barclay Vídeo: youtube.com/watch?v=EdXIJF80T-Q Letra: Et l'on serpente à la surface, Négligeable bagatelle, Candidate forcée à l’hécatombe perpétuelle, Ouvrons la chasse aux mécréants qui n'ont jamais goûté l'opium, Sensé faire de nous des hommes et des mères pour nos enfants, Alors on brûle on brûle on brûle, on accumule autant d'émules, De peuple en peuple, de ville en ville, pendant que les théocrates dealent. Si Dieu existe ? Je n'en sais rien. Quel est le plus beau des jardins ? Si par le plus grand des hasards tout ça existe, je ne veux pas le savoir. Alors ne me fais pas croire que nous attend la bonne surprise, J'ai autre chose à faire à voir dans cette vie de friandises, Ne me laisse pas croire que nous attend la bonne surprise, Et si jamais tout n'est pas noir, ce ne sera que la cerise. Et l’on torture à la surface Le corps, le sexe, la femme, la science Et autres formes de connaissances trop dangereuses pour nos systèmes Je refuse toute abstinence plutôt que de m’avouer vaincu J’invoque ici l’immanence, la transcendance en temps voulu Ignorants noyés sous la gnose Prenez le ou non comme une fronde Mais je ne ferais pas de vos névroses Un modèle pour mon monde Si Dieu existe, je n’en sais rien Je ne péterais jamais plus haut Que le Cul d’aucun de vos Saints Si Dieu existe, rencard à l’échafaud
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