Chanson Vivante II Os grandes sucessos atuais da música francesa e canadense - UNESP / IBILCE

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       Chanson Vivante II

   Os grandes sucessos atuais
 da música francesa e canadense

              Claudia Xatara
             Nelson Luís Ramos

                    Colaboradores
      − estagiários da UNESP/IBILCE-SJRP −

      Bruno César Buani e Maria Amélia Araújo

                        2007

             Digitalização e atualização
              Leandro Pereira Barbosa

                        2013

Editora NovaGraf               Apoio: UNESP/FAPERP
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                                   Copyright © claudia xatara e nelson luis ramos 2007

                                           Edição: Equipe Novagraf Editora
                                             Capa: Claudia Xatara
                                          Formato: 15x21 cm
                                           Mancha: 10,6x18,1 cm
                                          Tipologia: Minion
                                     Papel da capa: Triplex 300g
                                    Papel do miolo: Off Set 90g
                                 Número de Páginas: 96pg
                                         Impressão: Novagraf Editora Ltda

                                   Revisão dos sites: Márcio Santana da Silva
                                                     Téc.Lab. Rec. Audiovisuais
                                                    Ibilce/Unesp-SJRP

CIP-BRASIL. CATOLOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS,RJ

           X15c
           v.2

Xatara, Claudia Maria, 1962-
   Chanson vivante II : os grandes sucessos atuais da música francesa e canadense / Claudia Xatara, Nelson Luís Ramos ;
colaboradores Bruno César Buani e Maria Amélia Araújo. – São José do Rio Preto, SP : Nova Graf, 2007.
    96p.

     Conteúdo: v.1. 1998-2002 – v.2. 2003-2007
     Inclui bibliografia
     ISBN 978-85-98633-14-5

1.    Música popular - França – História e crítica. 2. Música popular - Quebec    (Canadá) - História e crítica. I. Ramos,
      Nelson Luís, 1996-. II. Título.

07-3958.          CDD: 780.420944
                  CDD: 78.067.26(44)

17.10.07      18.10.07           003970

                                                    Novagraf Editora
                                 Rua João Baptista Ferreira, 211 – Pq. Indl. Campo Verde
                                      CEP 15076-110 – São José do Rio Preto – SP
                                               Fone/Fax: (17) 3218-5660
                                           e-mail: novagraf@novagraf.com.br
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Aos meus mais queridos aprendizes de francês,
               Bruna e Vítor

                                        Claudia

    Ma chanson ce n’est pas ma chanson,
               c’est ma vie.
         (Gilles Vigneault, Mon Pays)

                                        Nelson

             Aos nossos leitores.
                                    Claudia e Nelson
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              AGRADECIMENTOS

Após o surpreendente sucesso de público do Chanson
Vivante I, duas edições esgotadas e primeiras vendas na
estande da Livraria Francesa por ocasião da Bienal do Livro
de São Paulo, em 2004, e agora apenas digitalizado
(ibilce.unesp.br/Home/Departamentos/LetrasModernas/CRIF
/chanson-vivante-i.pdf), surgiu o projeto deste Chanson
Vivante II. A este público, jovem ou adulto, aluno ou
professor, conhecedor profundo da cultura francesa ou
apenas francófilo, nosso muito obrigado.
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                                          SUMÁRIO

Os novos horizontes da música em francês            p. 11
Panorama da música de expressão francesa            p. 14
   1. No Canadá                                     p. 15
   2. Na França                                     p. 16
   3. Algumas interações Canadá-França              p. 19
Os grandes sucessos da música francesa e canadense p. 23
    A fleur de toi                          p. 27
    Au gré des saisons                      p. 30
    Caravane                                p. 32
    Cesse la pluie                          p. 34
    Compter les corps                       p. 37
    Dégénérations/ Le reel du fossé         p. 40
    Écris l'histoire                        p. 43
    Femme like U                            p. 46
    Hey oh                                  p. 49
    Je viens du sud                         p. 52
    La cerise                               p. 55
    Laisse parler les gens                  p. 58
    Le sourire                              p. 62
    Ma philosophie                          p. 64
    Montréal –40ºC                          p. 67
    Partons vite                            p. 70
    Quand je manque de to       i           p. 73
    San Ou - La Rivière                     p. 76
    Si seulement je pouvais lui manquer     p. 79
    Y’a du monde                            p. 82

Exploitation pédagogique      p. 85
Bibliografia                  p. 89
Os autores                     p. 92
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                   OS NOVOS HORIZONTES DA MÚSICA EM FRANCÊS

         Chanson Vivante I revelou-se um sucesso de público: as manifestações recebidas nos
deixaram satisfeitos, pois nosso trabalho dera mais frutos do que esperávamos. Apresentar, em
poucas páginas, o universo da música francesa de todos os tempos acrescido de um período de
cinco anos – 1998-2002 – com as canções e intérpretes mais representativos daquele momento
parecia-nos tarefa complicada, mas o efeito positivo foi a excelente acolhida obtida.
         A que se deve isso? A paisagem musical da canção em língua francesa mostrou
exatamente o que faltava em nosso meio cultural: em poucas páginas conseguíramos oferecer ao
público brasileiro um panorama da rica e variada produção musical da França somada à de outra
região de expressão francesa, representada por parte do Canadá. Se o universo musical da França já
se mostrava, há algum tempo, bastante ignorado por parte de nosso público, o do território
francófono canadense aparecia como um grande desconhecido. Em um mundo globalizado, em que
a presença do inglês é moeda corrente e predominante, o livro evidenciou a profusão de
manifestações musicais várias em uma língua que parecia fadada ao esquecimento.
         A presença forte da canção em francês não só na França – que ainda conseguiu ser bem
exportada durante boa parte do século XX – como também em uma de suas ex-colônias demonstra
o quanto essa música nunca deixou de se renovar, dentro daquele velho espírito francês de abertura
ao mundo e incorporação de novos valores culturais. A ex-colônia, o Canadá francês, forneceu
grandes intérpretes e compositores que se somaram à cena musical francesa nas últimas décadas,
num processo de trocas que só enriqueceram a diversificada realidade que nosso livro tentou
evidenciar. Decorre daí o Chanson Vivante II: 2003-2007...
         Para a maioria dos brasileiros, atualmente os quilômetros que separam o nosso país da
França são bem mais perceptíveis do que até no início do século passado. Tínhamos uma
aproximação cultural muito maior. Éramos plenamente francófilos. Mas apesar de os discursos pró-
plurilingüismo de hoje serem apenas esparsos, somos um país em que o ensino/aprendizagem da
língua francesa vem crescendo, estimulado por ações governamentais, sobretudo de âmbito cultural
e educacional promovidas pela França e pelo Canadá.
         Esforços à parte, como poderíamos dizer que se encontra no Brasil a música francesa
produzida em nossos dias? Diríamos que quase não é escutada ou divulgada pela mídia
convencional. As referências do grande público não passam de coletâneas de músicas francesas
antigas e tradicionais. Propomo-nos a atenuar este hiato...
         Seria, entretanto, um lapso imperdoável falar da música francesa sem nos lembrar dos
grandes nomes de todas as épocas e dos sucessos mais antigos conhecidos no mundo inteiro. A
primeira parte deste livro, pois, procura mostrar ao público mais jovem um pouco da história desta
música tão consagrada.
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         Mas nossa grande finalidade é a de divulgar a língua francesa por meio da música,
levando os sucessos a todos que dificilmente os encontrariam à venda em território nacional e
possibilitando a sua utilização pedagógica.
         Por isso a segunda parte apresenta a jovens e adultos – estudiosos ou não de francês –
uma seleção dos sucessos musicais de expressão francófona e francesa propriamente dita, que
estiveram nas paradas na França e no Canadá e levaram os melhores prêmios de 2003 a 2007,
quando contamos, então, um período de cinco anos.
         Para isso foram pesquisados os resultados de todos os concursos que dão destaque à
música francesa (o “Grand Prix du Disque” da Academia Charles-Cros, os “Victoires de la
Musique”, o “Grand Prix de l’Eurovision”, o “Top 50”, o Disco de Prata, de Ouro, de Platina etc) e
de todos esses resultados selecionamos 20 músicas, com ritmos e intérpretes diversos. Cada música
traz letra e dados sobre o intérprete, o compositor e a gravadora. Além disso, indicamos um
endereço Internet seja para todos terem acesso à música ou aos 20 clips.
         A terceira parte reúne variados modelos de exercícios para uma exploração didático-
pedagógica: trabalhos sobre a fonética, a morfologia, a sintaxe, a semântica e o léxico. Esses
modelos são aplicáveis a quaisquer músicas, constantes desse livro ou não, destinando-se
especificamente a professores de língua francesa que trabalhem com alunos em diferentes níveis de
aprendizagem. Essa parte, portanto, foi redigida em francês e apresentada de maneira bastante
objetiva e sucinta, com o cuidado de não perder de vista a música como prioridade, mesmo em se
tratando do espaço da sala de aula.
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                         PANORAMA DA MÚSICA FRANCESA

         Para nos referirmos com justiça aos compositores e intérpretes da música francesa popular
considerados expoentes através dos tempos, várias antologias foram consultadas (v. Bibliografia),
fontes de pesquisa preciosas e confiáveis. Mas não temos a pretensão de apresentar, por nossa vez,
qualquer antologia, nem reconstituir uma memória histórica da evolução deste gênero de
manifestação oral.
         Na verdade, a música em francês vai muito além daquela divulgada por intérpretes
propriamente franceses ou canadenses. Há a inglesa Jane Birkin, os belgas Jacques Brel, Axelle Red
e Maurane; a belga – mas quebequense de adoção – Lara Fabian; o italiano Yves Montand; a
espanhola Jeanne Mas; os suíços Jaen Bart, Sarclo e Stephan Eicher; o holandês Dick Annergarn; os
egípcios Claude François e Dalida; os argelinos Khaled e Étienne Daho, o armênio Charles
Aznavour, dentre tantos outros. Nossos propósitos, porém, restringem-se a um panorama sobre os
intérpretes e compositores apenas desses dois países e a uma seleção de músicas de expressão
francesa que fizeram sucesso em território francês e/ou canadense, de 1998 a 2002.

         1. No Canadá

         Nomes consagrados continuam presentes no cenário musical franco-canadense, como
Robert Charlebois, Gilles Vigneault, Diane Dufresne, Ginette Reno, Louise Forestier, Claude
Dubois, Monique Leyrac, Michel Rivard, Daniel Lavoie, Marjo, Richard e Marie-Claire Séguin,
Jean-Pierre Ferland, Renée Claude, o talentoso compositor Luc Plamondon, dentre outros tantos
grandes intérpretes que fizeram a riqueza da música quebequense e, evidentemente, da música
francófona.
         A esses artistas somam-se outros mais recentes, cujo sucesso os consagrou mundialmente,
como Céline Dion, ou os tornou reconhecidos na cena musical francófona, como Isabelle Boulay,
Lynda Lemay e Garou. Além desses, outros também se afirmaram dos anos 80-90 para cá: Lara
Fabian, Daniel Bélanger, Laurence Jalbert, Luce Dufault, Daniel Boucher, France D’Amour, Paul
Piché, Chloé Sainte-Marie, Marie-Chantal Toupin, Éric Lapointe, Kevin Parent, Richard
Desjardins, Raoul Duguay, Diane Tell, Jean Leloup, Luc De Larochellière, Marie Denise Pelletier,
Sylvie Tremblay, Geneviève Paris, Jim Corcoran, Bruno Pelletier, o grupo Mes Aïeux, o grupo
folclórico e tradicional La Bottine Souriante, tantos nomes que fazem a riqueza da Bela Província
(como é conhecido o Quebec) e cuja lista é grande... Há, além desses, os acadianos (originários da
província de Nova Brunswick) Natasha Saint-Pier, Marie-Jo Thério, Isabelle Roy, Roch Voisine,
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Édith Butler ou o acadiano-louisianês Zachary Richard, cujo sucesso veio quase sempre a partir do
Quebec.
           Mas o que encontramos de novo no Canadá no período 2003-2007? Apenas para se ter
uma idéia do que surgiu por lá nesse período, temos os textos engajados – política, meio ambiente,
problemas sociais – de Alexandre Belliard; o multiinstrumentista, eclético e “poeta dos detalhes do
quotidiano” Urbain Desbois; as canções urbanas e atuais do Quebec da cantora e marionetista Claire
Lafrenière; a jovem e excepcional Marilou; o premiado Marc-André Fortin e Marie-Élaine Thibert
(ambos de Star Académie); a cantora grunge, alternativa, do rock violento e do country psicodélico
Mara Tremblay (que já estourara nas paradas em 1999); o retorno do grupo de rock Vilain
Pingouin; os textos que mesclam electro-folk, jazz e pop de Ariane Moffatt; o pop emergente Jean-
François Moran; a fulgurante Ima, que não canta apenas em francês e ainda é porta-voz da Anistia
Internacional.
           Como se vê, a cena quebequense nunca deixa de se renovar, apresentando-se sempre sob
múltiplas expressões, tão ao gosto do público de língua francesa.

           2. Na França

        Na terra da língua de Molière, a música francesa adquiriu novos brilhos e novas formas,
testemunho do vigor com que essa forma de expressão artística é tratada por seu público, sempre
ávido de renovação mas ao mesmo tempo não abandonando a riqueza do seu patrimônio musical.
        Na linha tão ao gosto francês dos cantores “à texte”, vemos surgir Bénabar (premiado nas
“Victoires de la Musique 2004”) e suas cenas da vida emocionantes e engraçadas, tão finamente
observadas; Benjamin Biolay e seus álbuns harmoniosos e impressionistas; o universo rico e
poético de Thomas Fersen; as descrições das coisas da vida de Vincent Delerm; as canções
intimistas de Corneille. A esses nomes vemos somar o das cantoras “à texte”, com seu universo
pessoal e poético, como é caso de Keren Ann e sus mescla de música pop francesa, folk americano e
música iídiche; Emilie Simon com seu universo fantástico e moderno ou Carla Bruni com suas
canções autobiográficas e apaixonadas, ambas premiadas nas “Victoires de la Musique” em 2004; e,
finalmente, Coralie Clément com sua voz leve e seus textos ácidos.
        Outros renovam a tradição das canções “à texte”, como Les Têtes Raides cujos belos textos
são acompanhados de uma síntese entre rock alternativo e “bal musette”. Vale a pena citar, nessa
mesma linha, La Tordue, Les Ogres de Barback, Les Wriggles, Les Hurlements de Léo e La Rue
Kétanou.
        Artistas atípicos também povoam esse universo musical francês. São exemplos típicos o
multi-instrumentista M, dono de um universo lúdico bastante perceptível, Sanseverino e suas
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canções “drolatiques” e seu swing envolvente, e ainda Calogero, cantor e compositor fora das
normas, também premiado nas “Victoires de la Musique” de 2004.
        Há ainda as artistas “jeune public”, jovens cantoras de 16 a 25 anos, intérpretes de um novo
tipo – ritmos dinâmicos e textos que tocam principalmente o universo pré-adolescente –, cujo
sucesso é obtido a partir da televisão e da mídia. É o caso de Jenifer, Emma Daumas, Nolwenn,
Alizée, Lorie e Chimène Badi.
        No contexto do rap, o movimento originalmente portador de temas como racismo,
violência, amizade ou família, chega à maturidade e torna-se mais sereno, mantendo sua
popularidade entre os jovens. MC Solaar permanece, mas outros também se destacam, como o
grupo marselhês IAM e suas posições sociais anti-racistas ou o rap melódico e sereno de Ménélik,
os toques de humor e as origens parisienses e cabo-verdianas de Stomy Bugsy ou o pan-africanismo
de Passi, os textos divertidos e apimentados de Doc Gynéco ou o rap sem concessão e engajado dos
parisienses do NTM. Já o hip hop francês, em um meio tão masculino, abre-se para as vozes
femininas com o sucesso da jovem Diam's (“Victoires de la Musique 2004”).
        Grupos enérgicos e engajados também dominam a cena, com suas mensagens sociais
mescladas de tolerância e bom humor, cuja inspiração origina-se na tradição, nos estilos atuais e nos
ritmos de fora (reggae e rai). Mickey 3D – “Victoires de la Musique 2004” – fala de ecologia,
sociedade e futuro político, o parisiense Java gosta dos jogos de palavras, Tryo mescla canção
francesa engajada com ritmos do reggae e world music, Zebda (de Toulouse) mistura grandes
sucessos e textos mais engajados com rock, raï, reggae e funk, e Kyo – também “Victoires de la
musique 2004”– e seu pop vigoroso que trata da vida diária dos jovens, entre revolta e paixão. E,
finalmente, Louise Attaque, que soube manter a qualidade dos álbuns e o violino misturado ao rock,
cativando um grande público.
         Mas não podemos deixar de falar daqueles que fizeram o nome da canção francesa. Se
selecionarmos apenas os intérpretes ou grupos e compositores de letras ou músicas francesas,
poderemos reverenciar, por um lado, os monstros sagrados, seja de ontem, seja da atualidade,
tradicional e internacionalmente conhecidos, como: Charles Aznavour, Claude Nougaro, Dalida,
Edith Piaf, Georges Brassens, Gilbert Bécaud, Juliette Gréco, Maurice Chevalier.
         Por outro lado, dentre os menos conhecidos no Brasil, mas aclamados na França em todos
os tempos e muitos além das fronteiras, , como na Ásia e no Leste Europeu, encontramos: Alain
Souchon, Daniel Balavoine, Francis Cabrel, Françoise Hardy, Jean-Jacques Goldman, Johnny
Hallyday, Julian Clerc, La Mano Negra, Maxime Le Forestier, Michel Jonasz, Michel Sardou,
Renaud, Salvatore Adamo, Sinclair, Téléphone, Véronique Sanson, Yves Duteil, etc.
         Nos anos 90, outros talentos despontaram e continuam divulgando a música produzida na
França: Autour de Lucie, Axel Bauer, Étienne Daho, Florent Pagny, Hélène Ségara, Henri Salvador,
Indochine, Jean-Louis Aubert, Jeanne Mas, Jil Caplan, Les Innocents, Les Négresses Vertes, Liane
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Foly, Louise Attaque, Mylène Farmer, Noir Désir, Ophélie Winter, Pascal Obispo, Patrick Bruel,
Rita Mitsouko, Teri Moïse, Vanessa Paradis, etc.
         No Brasil, determinados artistas franceses atuais conseguiram também cativar um público
fiel. É o caso de Daft Punk, Deep Forest, Desireless, Gipsy Kings, Era, Jordy, Kkaled, Manu Chao,
MC Solaar, Patricia Kaas etc.

         3. Algumas interações Canadá-França

         No Quebec, La Bolduc e Soldat Lebrun são os grandes sucessos até os anos 50, quando
então Félix Leclerc se sobressai, levando a música ao teatro. Porém, é na França que Leclerc teve
maior reconhecimento da crítica.
         Na década de 60, a marcante presença na França de Georges Brassens e Léo Ferré é
acompanhada da de Gilles Vigneault no Quebec.
         Nos anos 70, Robert Charlebois iniciou no Quebec sua trajetória de glória e o gênero
country, em que Soldat Lebrun et Willie Lamothe se destacam, é muito popular e rende milhões de
cópias vendidas. Na França, em contrapartida, brilha Brigitte Fontaine.
         Na passagem do milênio, a cultura hip-hop agrupa diversas manifestações, dentre as quais
a música rap. O termo ‘rap’, gíria afro-americana, quer dizer ‘falar’ e de fato representa a produção
do MC (mestre de cerimônia), aquele que consegue falar em versos mais rapidamente que o seu
principal interlocutor – o próprio público. O fluxo do discurso rap visa tornar o discurso
ininteligível para o não-iniciado, renovando uma tradição da cultura de origem do povo negro
(apesar de ser a música funk considerada por muitos críticos a verdadeira fonte da música negra
autêntica) e revelando, portanto, profundas raízes ao invés de aparente modismo.
         Em sua grande maioria, os rappers são artistas negros ou de outras origens étnicas e o
público, sobretudo os jovens de 14 a 21 anos, da periferia ou não. Os temas reivindicativos tratados
em suas letras trazem problemas seculares da opressão policial e do racismo, canalizam a esperança
de viver em um mundo melhor e a resistência à globalização em prol da afirmação da diversidade
cultural, da hegemonia. O léxico utilizado revela gírias e, misturadas ao francês, palavras
vernáculas de outras etnias. O estilo desta “geração lírica” é rico em imagens e recursos sonoros.
         Antes de chegar ao Quebec, cujo palco mais representativo é Montreal com o grupo
Dubmatique e suas melodias fáceis impregnadas de valores religiosos (bem diferente do rap
americano, mais agressivo), o rap tomou conta de Paris com MC Solaar, que privilegiou uma
métrica bem ordenada e figuras de estilo bem definidas. Depois o rap chegou a Marselha,
principalmente com o grupo IAM ou Les Fabulous Trobadors, criadores de um som que mistura
tradições folclóricas e ritmos pós-modernos.
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         Encontramos, ainda, no Quebec, expressivos grupos: 2 Faces-le Gémeaux, Eminem, La
Constellation, La Gamic, LMDS, Loco Locas, M.O.S.T., Muzion, Rainmen, Sans Pression e Yvon
Krevé. Na França, Doc Gyneco, La Cliqua, NTM e Stomy Bugsy estão entre os de maior sucesso,
além do grupo Noir Désir, que passou da ala metal ou mesmo punk, com sua instrumentação
elétrica, a seqüências mais ritmadas e menos turbulentas de visões apocalípticas e denúncia
sociopolítica, com uma instrumentação mais eclética.
         A lista de nomes é, sem dúvida, inesgotável, revelando na verdade omissão de outros, tão
expoentes quanto. Registremos aqui, portanto, para todos os que não foram nominalmente
lembrados, nossa deferência...
         Enfim a música, perfeito enlace entre a produção textual e sonora, é o modo por
excelência de tocar ao mesmo tempo qualquer público. Não importa em qual língua, é um
fenômeno mundial, seja erudito, em luxuosas salas de espetáculos e concertos, seja popular, em
programas de TV e rádio, karaokês, videoclips ou rodas de amigos, comercializando-se anualmente
pelo império do CD e DVD.
         A música é de todos e para todos, brasileira, americana, italiana, indiana, world music... A
música francesa dos últimos cinco anos, la voilà!
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                   OS GRANDES SUCESSOS DA MÚSICA FRANCESA

          Como vimos, a diversidade e riqueza da música de expressão francesa é tal que as 20
músicas apresentadas neste livro não é senão uma amostragem e, evidentemente, tivemos que nos
valer de critérios objetivos para selecioná-las.
          Chegamos, pois, às músicas preferidas pela crítica especializada e pelo público francês e
canadense, no período de 2003 a 2007, especialmente por meio das seguintes fontes:
-   Chanson originale do “Les Victoires de la Musique” (prêmios aos melhores da música na
    França)
-   Chanson populaire de l’année da “ADISQ” (Associação Quebequense da Indústria do Disco)
-   Classificação de “Francophonie Diffusion” (parceria de 150 rádios distribuídas em 70 países do
    mundo)
-   Classificação Singles de “Disque en France” (panorama da música na França no portal do
    Sindicato Nacional da Edição Fonográfica)
-   Compilação “Hits France” (produção anual de CDs com as músicas da parada)
-   Gala da “SOCAN” (Sociedade canadense dos autores, compositores e editores de música)
-   Melhores vendas de “Amazon” (site de vendas de uma das maiores livrarias do mundo)
-   O artista do verão da TV5 (canal de televisão francófono internacional)
          O resultado dessa pesquisa revela as músicas abaixo como os maiores sucessos, que
organizamos em ordem alfabética no próximo seguimento, com as indicações de gênero, intérprete,
compositor, gravadora e letra.

Sucessos gravados na França:

A fleur de toi
Caravane
Cesse la pluie
Écris l'histoire
Femme like U
Hey oh
Je viens du sud
La cerise                                           Sucessos gravados no Canadá:
Laisse parler les gens
Le sourire                                          Au gré des saisons
Ma philosophie                                      Compter les corps
Partons vite                                        Dégénérations / Le reel du fossé
Quand je manque de toi                              Montréal -40ºC
San Ou - La Rivière                                 Y’a du monde
Si seulement je pouvais lui manquer
14

1. A fleur de toi

Gênero musical: R’n’B
Intérprete: Vitaa
             Vitaa é o nome artístico de Charlotte Gonin, descendente de italianos que nasceu em
             1983, em Mulhouse, na região de Lyon. Foi descoberta pelo Dj Kost que organizou um
             dueto entre ela e o rapper Dadoo. E foi com a música Pas à pas, nesse dueto, que ela
             ficou conhecida como Vitaa. Durante muitos anos ela trabalha com a colaboração de
             diversos rappers e cantores de R’n’b, como a rapper Diam’s, que lhe abre as portas
             para um reconhecimento maior do público. Seu primeiro álbum solo, lançado em
             fevereiro de 2007, contém composições próprias baseadas em pequenas histórias da
             vida cotidiana e já vendeu mais de 60.000 cópias apenas em uma semana, ficando em
             primeiro lugar nas paradas francesas.
             Ver: vitaa.fr/
Compositor: Vitaa
Álbum: A Fleur de toi (2007)
Gravadora: Universal Music
Vídeo: dailymotion.com/video/xqoxs_vitaa-a-fleur-de-toi

Letra:

Les jours passent mais ça ne compte pas
J'ai tant de mal à vivre, ivre
De ce parfum si différent du tien
Pire, j'ai compté chaque minute qui me retient à lui
Comme si j'étais ma propre prisonnière
Ça fait bientôt un an qu'il m'a sauvé de toi
Souvent je me demande où j'en serai pour toi
Souvent je me demande ce que tu fais, où tu es, qui tu aimes...
Sors de mes pensées
J'ai changé d'adresse, de numéro merci
J'ai balancé tes lettres et des défauts même si
J'ai fait semblant d'avoir trouvé la force
Je garde au plus profond de moi tout ce que tu m'as aimé

J'essaye de t'oublier avec un autre
Le temps ne semble pas gommer tes fautes
J'essaye mais rien n'y fait je ne peux pas, je ne veux pas,
Je n'y arrive pas, je ne l'aime pas comme toi
J'essaye de me soigner avec un autre
Qui tente en vain de racheter tes fautes
Il semble si parfait mais rien n'y fait je capitul,
Je ne peux pas je ne l'aime pas comme toi

Lui, il a tenté de me consoler même si il n'a pas tes mots ni ton passé
C'est vrai mais il n'a pas ton goût pour la fête,
Pour la nuit pour les autres, pour tout ce que je hais
Il a séché toutes tes larmes, tu sais
Il a ramassé tes pots cassés et il a réglé tous tes impayé(e)s, tes impostures, tes ratures
Tout ce que tu m'a laissé
Il m'aime comme un fou et me connait par coeur,
Il me dit je t'aime parfois durant des heures
Mais il ne sent pas ton odeur
Pourquoi je te respire dans ses bras
Sors de mes pensées
15

J'essaye de t'oublier avec un autre
Le temps ne semble pas gommer tes fautes
J'essaye mais rien n'y fait je ne peux pas, je ne veux pas,
Je n'y arrive pas, je ne l'aime pas comme toi
J'essaye de me soigner avec un autre
Qui tente en vain de racheter tes fautes
Il semble si parfait mais rien n'y fait je capitul,
Je ne peux pas je ne l'aime pas comme toi

Je ne l'aime pas comme toi
Dis moi seulement pourquoi?
Tu me restes comme ça...
Je veux t'oublier
Reprend tes rêves et disparaît
Car je veux l'aimer comme toi...

J'essaye de t'oublier avec un autre
Le temps ne semble pas gommer tes fautes
J'essaye mais rien n'y fait je ne peux pas, je ne veux pas,
Je n'y arrive pas, je ne l'aime pas comme toi
J'essaye de me soigner avec un autre
qui tente en vain de racheter tes fautes
Il semble si parfait mais rien n'y fait je capitul,
Je ne peux pas je ne l'aime pas comme toi

Je ne l'aime pas comme toi
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2. Au gré des saisons

Gênero musical: Pop
Intérprete: Dumas
             Cantor quebequense revelado no Festival de música de Granby e no Festival de músicas
             de Petite Valée. Em maio de 2001, Dumas lança seu primeiro CD, que fica entre os dez
             melhores do ano e entre os cinco melhores francófonos e se confirma como uma das
             novas figuras mais estimadas na universo musical quebequense. Suas músicas misturam
             o new-wave, o electro e o pop, com refrão persistente e letras que falam de tudo e de
             nada, de amor e de viagens. Em 2005 ele ganha o Félix de «Autor, compositor,
             intérprete do ano» na noite de gala da ADISQ por seu show solo, e seu disco também é
             lançado na França, onde rapidamente começa a tocar nas rádios. Em 2006 ganha o
             Disco de Ouro com 50.000 cópias vendidas de seu segundo CD, e em seu terceiro CD
             se consolida no cenário musical como um brilhante autor-compositor-intéprete,
             criativo, completo e maduro. Seu terceiro álbum será lançado na França ainda esse ano.
             Ver: dumasmusique.ca/?p=5
Compositor: Dumas
Álbum: Fixer les temps (2006)
Gravadora : Tacca Musique
Vídeo: youtube.com/watch?v=9qIavxJ1Ec0

Letra:

Comme les saisons changent
Comme l’hiver une fleur
Comme ma vie dérange
Quand à cent à l’heure

Au gré des saisons tu verras
Tôt ou tard, tôt ou tard
La vie me prend
La vie me jette
Tôt ou tard, tôt ou tard

Quand gèle la terre
Comme une balle au coeur
Au gré des saisons tu verras
Tôt ou tard, tôt ou tard
La vie me prend
Et elle me jette
Tôt ou tard, tôt ou tard
Au gré des saisons tu verras
Tôt ou tard, tôt ou tard
La vie me prend
La vie me jette
Tôt ou tard, tôt ou tard
17

3. Caravane

Gênero musical: Música pop francesa
Intérprete: Raphaël
             Nascido na Bolonha, filho de mãe argentina e pai russo-marroquino, Raphaël começa a
             tocar piano desde os quatro anos, depois saxofone e guitarra na adolescência.
             Embalado pelas influências de David Bowie a Bob Dylan, passando por Jacques Brel,
             o jovem prodígio da música firma, em 2000, o primeiro álbum, extremamente
             promissor, intitulado Hôtel de l’Univers, sob o qual sua música rock deixa uma grande
             marca nos textos de canções. Autor e compositor ideal, ele conduz o universo à flor da
             pele, explora as incertezas que assombram a vida de um jovem artista do seu tempo.
             Ele se diferencia pelos ambientes e pelas palavras, pelas notas do piano e pelas linhas
             da guitarra. Dotado de uma voz doce e surpreendente, Raphaël exprime a dificuldade
             de possuir um tema recorrente: partir em busca de um futuro melhor. Além de Gérard
             Manset (autor de duas canções do cantor), Raphaël se inspira em Rimbaud e Kerouac
             para escrever e compor e se tornou um ícone do pop-rock francês. Em 2005, o álbum
             Caravane se encontra no 6º lugar dos mais vendidos na França e se conserva no topo
             durante todo o verão.
             Ver: raphael.fm/
Álbum: Caravane (2005)
Gravadora: Capitol
Vídeo: youtube.com/watch?v=xHJoY0oSD_Y

Letra:

Est-ce que j'en ai les larmes aux yeux
Que nos mains ne tiennent plus ensemble
Moi aussi je tremble un peu
Est-ce que je ne vais plus attendre

Est-ce qu'on va reprendre la route,
Est-ce que nous sommes proches de la nuit
Est-ce que ce monde a le vertige
Est-ce qu'on sera un jour puni

Est-ce que je rampe comme un enfant
Est-ce que je n'ai plus de chemise
C'est le Bon Dieu qui nous fait
C'est le Bon Dieu qui nous brise

Est-ce que rien ne peut s' arriver
Puisqu'il faut qu'il y ait une justice
Je suis né dans cette caravane
Et nous partons allez viens
Allez viens

Tu lu tu, tu lu tu...
Et parce que ma peau est la seule que j'ai
Que bientôt mes os sont dans le vent
Je suis né dans cette caravane
Et nous partons allez viens, allez viens

Tu lu tu, tu lu tu..., allez viens..., tu lu tu, tu lu tu...
18

4. Cesse la pluie

Gênero musical: Pop
Intérprete: Anggun
             Anggun Cipta nasceu em 1974 em Jakarta, Indonésia. Influenciada pelo pai - cantor,
             compositor, intérprete e produtor renomado - ela grava, aos 7 anos, seu primeiro disco.
             Mascote infantil e depois ídolo adolescente, Anggun inspira as músicas modernas e
             converte os jovens de seu país ao rock. Mas em Londres e depois em Paris, dá início à
             uma nova carreira. A etapa decisiva corresponde, sem dúvida nenhuma, ao seu
             encontro com Eric Benzi, autor, compositor e produtor de suas músicas. O primeiro
             fruto da colaboração de Eric, Au nom de la lune, lançado em 1997, vende mais de um
             milhão de exemplares no mundo todo. Participante do processo de valorização da
             língua francesa, Anggun recebe a prestigiosa medalha da associação dos Chevalier des
             Arts et des Lettres. Porta-voz da Organização das Nações Unidas, ela participa também
             da erradicação do subdesenvolvimento pelo mundo.
             Ver: anggun.com/
Compositores: Evelyne Kral (letra); Frédéric Jaffré (música)
Álbum: Luminescence
Gravadora: Heben Music
Vídeo: youtube.com/watch?v=clySUDtQprg

Letra:

Là-haut sur un nuage
J'aimais sans me douter
Qu'éclaterait l'orage
Je n'ai pas vu le temps changer
Tes mots sur leur passage
Ont tout noyé, brisé
Tu es resté fermé
Je ne sais plus où aller...
Oublier cet orage éphémère
L'effacer et t'aimer comme hier
Je cherche et je cherche
Le remède pour qu'enfin
Cesse la pluie
Cesse la pluie

Oublier cet orage éphémère
L'effacer, retourner en arrière
Je cherche et je cherche
Le remède pour qu'enfin
Cesse la pluie
Cesse la pluie

Tu as tourné la page
D'un coup de vent glacé
Et d'un éclair sauvage
Balayé le passé
Et si le ciel se dégage
Le coeur léger j'irai
Sur un nuage me poser
Et me laisser aller...
Oublier cet orage éphémère
L'effacer et t'aimer comme hier
19

Je cherche et je cherche
Le remède pour qu'enfin
Cesse la pluie
Cesse la pluie

Oublier cet orage éphémère
L'effacer, retourner en arrière
Je cherche et je cherche
Le remède pour qu'enfin
Cesse la pluie
Cesse la pluie
20

5. Compter les corps

Gênero musical: Pop
Intérprete: Vulgaires Machins
             Banda quebequense formada em 1995 por Guillaume (vocal, guitarra), Marie-Eve
             (vocal, guitarra, piano), Maxime (baixo) e Patrick (bateria), quando, com o apoio e o
             encorajamento do público, começam a fazer suas primeiras composições. Já em seu
             primeiro demo, a banda é convidada por membros da banda Grimskunk a se juntar ao
             selo da Indica, lançando seu primeiro CD em 1998. Já estão em seu quarto CD e usam
             suas letras de cunho político para criticar o neo-liberalismo, a falsa democracia e a
             condição desumana em que vivemos, se livrando do estigma adolescente e atraindo a
             identificação e a adesão de toda uma geração. Sua turnê pelo Quebec se torna um
             sucesso, assim como na França, onde se apresentam diversas vezes.
             Ver: vulgairesmachins.org/histoire/biographie/
Compositor: G. Beauregard / Vulgaires machins
Álbum: Compter les corps (2006)
Gravadora: Indica / Outside Music
Vídeo: youtube.com/watch?v=Jd93kqluQ78

Letra:

Tout seul, j’veux pas mourir de honte
En petites miettes sur le seuil
Compter les corps qui tombent
J’veux pas rester tout seul
Je pensais que les mensonges faisaient mal, mais la vérité est encore pire
Les imbéciles se convertissent par millions, et les escrocs gagnent du terrain
Les architectes nous dessinent une illusion et l’indifférence nous trace le chemin
Je compte les corps tomber, comme des feuilles mortes, sur le terrain
Seul, je regarde mourir le monde
En petites miettes sur le seuil
Je saignerai sur ma feuille
J’regarde mourir

Je pensais que les mensonges faisaient mal, mais la vérité est encore pire
Les assassins nous dessinent une illusion, et l’ignorance nous trace le chemin
Je compte les corps tomber, comme des feuilles mortes, sur le terrain
Seul, je regarde mourir le monde
En petites miettes sur le seuil
Je saignerai sur ma feuille
J’regarde mourir le monde

Quand j’y pense deux minutes, conscient et lucide
C’est compliqué, mais possible
Les imbéciles se comptent peut-être par millions, mais la raison gagne du terrain
Les serviteurs se comptent encore par millions, mais la discorde gagne du terrain
J’espère, un peu plus loin, briser la honte qui me retient
Seul, j’veux pas mourir de honte
Résigné par l’épreuve.
J’veux pas mourir de honte
Et accepter le deuil
J’regarde mourir le monde
En petites miettes sur le seuil
Je saignerai sur ma feuille
J’regarde mourir le monde
21

6. Dégénérations/ Le reel du fossé

Gênero musical: Folk
Intérprete: Mes Aïeux
             Grupo de música folclórica do Quebec criado em 1996 e formado por: Marie-Hélène
             Fortin, Éric Desranleau, Stéphane Archambault, Frédéric Giroux, Marc-André Paquet e
             Benoît Archambault. Ultilizam personagens e assuntos tradicionais do folclore
             quebequense para abordar com humor temas modernos como mundialização, política,
             supermedicação e o frenetismo da vida moderna. Sua música, nomeada de
             «funklorique», é uma combinação da música tradicional francesa com o rock, o
             popular e a música disco e contém até mesmo a bossa nova. Em 2006 seu álbum En
             Famille ganhou o disco duplo de platina, com 200.000 cópias vendidas e a música
             Dégénérations foi escolhida por auditores de uma rede de rádio muito importante no
             Canadá como a «Música francófona do ano», tendo eles também arrebatado o prêmio
             de «Melhor Álbum de Folk Contemporâneo» na noite de gala da ADISQ 2005.
             Ver: mesaieux.qc.ca
Compositor: Stéphane Archambault
Álbum: Tire-toi une bûche (2004)
Gravadora: Disques Victoire
Vídeo: youtube.com/watch?v=rTIdNUTIto8

Letra:

Ton arrière-arrière-grand-père, il a défriché la terre
Ton arrière-grand-père, il a labouré la terre
Et pis ton grand-père a rentabilisé la terre
Pis ton père, il l'a vendue pour devenir fonctionnaire
Et pis toi, mon p'tit gars, tu l'sais pus c'que tu vas faire
Dans ton p'tit trois et demi bien trop cher, frette en hiver
Il te vient des envies de devenir propriétaire
Et tu rêves la nuit d'avoir ton petit lopin de terre

Ton arrière-arrière-grand-mère, elle a eu quatorze enfants
Ton arrière-grand-mère en a eu quasiment autant
Et pis ta grand-mère en a eu trois c'tait suffisant
Pis ta mère en voulait pas; toi t'étais un accident
Et pis toi, ma p'tite fille, tu changes de partenaire tout l'temps
Quand tu fais des conneries, tu t'en sauves en avortant
Mais y'a des matins, tu te réveilles en pleurant
Quand tu rêves la nuit d'une grande table entourée d'enfants

Ton arrière-arrière-grand-père a vécu la grosse misère
Ton arrière-grand-père, il ramassait les cennes noires
Et pis ton grand-père - miracle ! - est devenu millionnaire
Ton père en a hérité, il l'a tout mis dans ses RÉERs
Et pis toi, p'tite jeunesse, tu dois ton cul au ministère
Pas moyen d'avoir un prêt dans une institution bancaire
Pour calmer tes envies de hold-uper la caissière
Tu lis des livres qui parlent de simplicité volontaire

Tes arrière-arrière-grands-parents, ils savaient comment fêter
Tes arrière-grands-parents, ça swignait fort dans les veillées
Pis tes grands-parents ont connu l'époque yé-yé
Tes parents, c'tait les discos ; c'est là qu'ils se sont rencontrés
22

Et pis toi, mon ami, qu'est-ce que tu fais de ta soirée ?
Éteins donc ta tivi ; faut pas rester encabané
Heureusement que dans' vie certaines choses refusent de changer
Enfile tes plus beaux habits car nous allons ce soir danser…
23

7. Ecris L'Histoire

Gênero musical: Música pop francesa
Intérprete: Grégory Lemarchal
             Durante a Star Academy 4, o maior triunfo foi Grégory Lemarchal. Ele tem um rosto
             de anjo, um caráter que lhe confere uma bela imagem e voz...e uma doença grave que
             ele enfrenta com muita coragem desde pequeno. A vida deste jovem rapaz emocionou
             as famílias francesas e até hoje ele é exemplo para não se desistir nunca de uma
             carreira musical. Sua cultura musical se deu sob a influência de Céline Dion, Lara
             Fabian, Isabelle Boulay e Florent Pagny, mas desenvolveu um estilo próprio, herdado
             de uma longa tradição.
             Ver: musique.ados.fr/Gregory-Lemarchal.html
Compositor: P. Manners (letra)
Álbum: Je Deviens Moi (2005)
Gravadora: Mercury/ Universal
Vídeo: youtube.com/watch?v=tGT6a92Wmy4

Letra:

Voudrais-tu me voir
M'oublier
M'approcher me croire
M'inviter
Ou n'pas savoir
Quand viendra la fin ?

C'est toi qui choisis
De rester
Me laisser ici
En douter
C'est toi aussi
Qui sait et c'est bien

Que veux-tu
Qu' je fasse ?
M'effacer ou
M'avancer pour
Être dans ta trace
Tout te dire ou
Bien me taire
Que veux-tu que je fasse ?

REFRAIN :
Écris l'histoire
Tout c' que tu voudras entre
Mes lignes
Ton territoire
Étendu si loin sur le mien
Écris l'histoire
Dans ma mémoire
Mais n'écris jamais la fin
(Mais n'écris jamais la fin)

Dis-moi tu m' préfères
24

À genoux
Parti ou par terre
À tes pieds
Pour avoir l'air
De n' pas être rien ?

Faut-il que j'arrête ?
Un mot et
J' n'en fais qu'à ta tête
J'disparais
Change de planète
Sauf si tu me retiens

Que veux tu de moi ?
J'attendrai que
Tu me le dises
Un amour ou pas?
Quelqu'un qui te demande à toi:
Voudrais-tu de moi ?

REFRAIN : x2
25

8. Femme Like U

Gênero musical: Groove, R’n’B
Intérprete: Kamar
             K-Maro, de nome verdadeiro Cyril Kamar, tem 24 anos e nasceu em Beirute. Sua
             família residia no Canadá quando ele era ainda adolescente. É em Montreal que ele se
             apaixona pelo R’n’B dos EUA e funda seu primeiro grupo de rap e R’n’B Les
             Messagers Du Son (LMDS), chegando a obter o prêmio de melhor álbum hip hop. Não
             bastasse o grande êxito do grupo, o cantor decide fazer carreira solo. Além disso, cria
             sua própria gravadora, Kpone, lança sua própria linha de roupas, Balek, e publica seu
             primeira música Femme Like U, um tremendo sucesso em Quebec e em toda Europa,
             correspondente à uma venda de 750.000 exemplares.
             Ver: kmaro.jeun.fr/
Álbum: La Good Life (2004)
Gravadora: East West / Warner Music
Vídeo: youtube.com/watch?v=ZC-efJBSkd4

Letra:

REFRAIN :
Donne-moi ton coeur baby,
Ton corps baby hey
Donne-moi ton bon vieux funk,
Ton rock baby,
Ta soul baby hey
Chante avec moi, je veux une femme like you
Pour m'emmener au bout du monde, une femme like you
Hey
Donne-moi ton coeur baby,
Ton corps baby hey
Donne-moi ton bon vieux funk,
Ton rock baby, ta soul baby hey
Chante avec moi, je veux un homme like you
Bad boy tu sais qu' tu m' plais, un homme like you
Hey

Quand tu chantes, j'oublie
J'ai plus le moindre soucis
J'ai le mal qui fuit,
Tu donnes un son à ma vie
Et puis j' sais pas qu'est-ce qui s' passe,
T'as ce regard dans la face
Qui me ramène à la case départ, là où j' suis parti,
Nous ramène à la soirée du bar quand on est sortis
Et c'est cette même complicité qui s'installe,
Ou quand on est sur la scène
Et qu'on brille sous la même étoile
Quand ta voix croise la mienne, que j'ai ta soul dans mes veines
Que mon vibe coule dans les tiennes
Femme t'es belle mais quand tu chantes t'es sexy,
Flash sur elle, rock, soul baby

{au REFRAIN }

Complice on leur donne un bon son, like...
26

A la tv, Mary J.Blige glamourous, ton style et ton charme t'es fabulous
Un délice pour un macadam
Mhhm baby baby, si tu savais comme j' te mhhm baby baby
Crois-moi que l'atmosphère est parfaite,
Et plus tu chantes, plus je j' glisse sur la pente et j'perds la tête
Deux vies, deux voix qui s' rencontrent
Deux histoires qui se racontent
Une chanson pour le dire,
Y'a les mots, les images pour le décrire
Une belle rencontre à l'ancienne,
Prends un flash! y'a d' la magie sur scène,
Le rideau tombe et c'est terminé
Une belle collabo, des mots sur une feuille, pour se rappeler

{au REFRAIN :}

Donne-moi ton coeur,
Donne-moi ton corps,
Donne-moi ta soul,
Ton rock'n'roll
Je veux une femme like you
Un homme like you

{au REFRAIN, x2}
27

9. Hey Oh

Gênero musical: Groove, R’n’B
Intérpretes: Tizy Bone / Silky Shai
              Os dois integrantes do grupo encontram-se em Nantes em 1999. Silky Shai é
              proveniente da Costa do Marfim e Tizy Bone é de Madagascar. Influenciados pela
              paixão que tinham pela música R’n’B e as batidas do hip-hop americano, os dois
              jovens artistas praticam juntos o ato de cantar nas ruas. A trajetória deles não foi tão
              fácil, a ponto de terem que abandonar os textos das próprias canções. E isso justifica a
              escolha do nome do grupo: “Tragédie é justamente para dar sorte”, explica Tizy. É em
              2003, graças ao título Hey oh, que eles são reconhecidos por uma grande gravadora e
              dão, dessa forma, o primeiro passo, entrando diretamente na primeira posição das
              paradas de sucesso. Tizy e Silky, com 22 e 24 anos respectivamente, produzem um
              sucesso fenomenal.
              Ver: musique.ados.fr/Tragedie.html
Album: Tragédie (2003)
Gravadora: UP Music / Warner Music
Vídeo: youtube.com/watch?v=YmH-vz41Na4

Letra:

Ho ho ho ho ho
Ho ho ho ho ho
Ho ho ho ho
Ho ho ho ho ho

REFRAIN :
Est-ce que tu m'entends hey ho !
Est-ce que tu me sens hey ho !
Touche moi je suis là hey ho!
ho ho ho ho ho ho
S'il te plaît réponds moi hey ho
Un geste suffira hey ho !
Est-ce que tu m'aperçois hey ho!
Ho ho ho ho ho ho

Ca fait longtemps, en bas de ta fenêtre
J'appelle vainement mais personne ne répond
Fais juste un signe pour montrer que t'es là
Ho yé ho ho ho ho ho

Déjà deux heures qu'en bas de chez toi
Je cris ton nom mais personne m'entend juste un signe suffira
Baisse la tête ho ! Regarde qui est là
Ho ho ho ho ho ho ho ho ho

{au REFRAIN}

Je sais que t'es là mais tu n'entends pas
Qu'en bas de chez toi je t'appelle mais tu n' réponds pas
Je sais que t'es là, mais tu n'entends pas
Qu'en bas de chez toi je t'appelle

Est-ce que tu m'entends ?
Est-ce que tu me sens ?
Un geste suffira s'il te plait réponds-moi
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Est-ce que tu m'aperçois ?
Car en bas de chez toi je fais les cents pas
Est-ce que tu me vois ?
Dis-le moi

{au REFRAIN }

La seule chose que j'attends,
C'est juste que tu descends
Trop longtemps que j'attends
Je commence à perdre patience
J'ai appris que tu aimais ça
Faire languir tous les mecs comme moi
Et celui qui s'acharnera
Ce sera lui que tu choisiras

{au REFRAIN }

Ho ho ho ho ho ho ho
29

10. Je Viens Du Sud

Gênero musical: Pop
Intérprete: Chimène Badi
             Chimène é uma jovem artista de 20 anos. Candidata em um jogo musical televisivo
             popular na França, ela foi selecionada entre milhares de participantes. Dotada de uma
             sublime voz, ela publica em 2003, Entre nous, o primeiro disco realizado pelo célebre
             compositor Rick Allison, com uma venda de mais de 400.000 exemplares. Agora
             interpreta Tellement beau, primeira passagem do último álbum Le Miroir.
             Ver: chimenebadi.fr/
Compositores: Delanoé / Sardou (letra); Jacques Revaux (música)
Álbum: Live à L'Olympia (2005)
Gravadora: AZ
Vídeo: youtube.com/watch?v=-kDSn9-1GDw

Letra:

J'ai dans le cœur, quelque part,
De la mélancolie,
Mélange de sang barbare
Et de vin d'ltalie,
Un mariage à la campagne
Tiré par deux chevaux,
Un sentier dans la montagne
Pour aller puiser l'eau.
J'ai au fond de ma mémoire
Des lumières d'autrefois
Qu'une très vieille femme en noir
Illuminait pour moi,
Une maison toute en pierres
Que la mer a rongée
Au-dessus d'un cimetière
Où les croix sont penchées.

Je viens du sud
Et par tous les chemins,
J'y reviens...

J'ai dans la voix, certains soirs,
Quelque chose qui crie,
Mélange d'un chant barbare
Et d'un ciel d'ltalie,
Des colères monumentales
Que les vents m'ont soufflées,
Des discours interminables
Après le déjeuner.

Je viens du sud
Et par tous les chemins,
J'y reviens...

J'ai quelque part dans le cœur
De la mélancolie,
L'envie de remettre à l'heure
Les horloges de ma vie,
Un sentier dans la montagne
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Quand j'aurai besoin d'eau,
Un jardin dans la campagne
Pour mes jours de repos,
Une maison toute en pierres
Que la mer a rongée
Au-dessus d'un cimetière
Où mon père est couché.

Je viens du sud
Et par tous les chemins,
J'y reviens...
Et par tous les chemins,
J'y reviens...
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11. La Cerise

Gênero musical: Rock
Intérprete: Matmatah
             É num bar de Brest que o grupo Matmatah nasce. No início, a história é apenas um
             dueto, Stan e Sammy, os dois guitarristas. No caminho, eles encontram dois outros
             jovens da mesma idade, Eric, que toca baixo e canta, e Fanch, o baterista. O encontro é
             decisivo e eles decidem juntos formar um grupo que fizesse uma música...do tipo
             étnico-rock, que não esquecesse suas raízes célticas. Eles se auto-produziam, se auto-
             distribuíam. Depois de uma primeira música tão interessante quanto bizarra, Les
             moutons, eles lançam o primeiro álbum, La Ouache, em 1998, fazendo referência à
             maneira que tinham de lidar com as coisas, de um modo agitado. Sucessos como
             Emma, Derrière ton dos e L’apologie são muito conhecidos pelo público jovem, que
             gostam da banda e dançam como se estivessem possuídos durante os shows. Depois da
             morte de um dos integrantes, a banda encontra um novo baterista pronto para recompor
             as energias no lançamento do terceiro álbum Archie Kramer, em 2004. Um disco
             talvez mais “doce” e menos “comprometido”, mas sempre rock.
             Ver: musique.ados.fr/Matmatah.html
Álbum: La Cerise (2006)
Gravadora: Barclay
Vídeo: youtube.com/watch?v=EdXIJF80T-Q

Letra:

Et l'on serpente à la surface,
Négligeable bagatelle,
Candidate forcée à l’hécatombe perpétuelle,
Ouvrons la chasse aux mécréants qui n'ont jamais goûté l'opium,
Sensé faire de nous des hommes et des mères pour nos enfants,

Alors on brûle on brûle on brûle, on accumule autant d'émules,
De peuple en peuple, de ville en ville, pendant que les théocrates dealent.

Si Dieu existe ? Je n'en sais rien. Quel est le plus beau des jardins ?
Si par le plus grand des hasards tout ça existe, je ne veux pas le savoir.

Alors ne me fais pas croire que nous attend la bonne surprise,
J'ai autre chose à faire à voir dans cette vie de friandises,
Ne me laisse pas croire que nous attend la bonne surprise,
Et si jamais tout n'est pas noir, ce ne sera que la cerise.

Et l’on torture à la surface
Le corps, le sexe, la femme, la science
Et autres formes de connaissances trop dangereuses pour nos systèmes
Je refuse toute abstinence plutôt que de m’avouer vaincu
J’invoque ici l’immanence, la transcendance en temps voulu
Ignorants noyés sous la gnose
Prenez le ou non comme une fronde
Mais je ne ferais pas de vos névroses
Un modèle pour mon monde

Si Dieu existe, je n’en sais rien
Je ne péterais jamais plus haut
Que le Cul d’aucun de vos Saints
Si Dieu existe, rencard à l’échafaud
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