Reforma Monetária 2018: A Nova Família da Dobra - www.bcstp.st

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Reforma Monetária 2018:
               A Nova Família da Dobra

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Reforma Monetária 2018: Nova Família da Dobra

            Banco Central de S. Tomé e Príncipe

                      Maio de 2017
I.      Introdução

     1. A Dobra é um dos símbolos da soberania nacional. Desde a sua criação, ao
        abrigo do Decreto-Lei n.º 23/76, publicado no Diário da República n.º 30, de 15
        de Julho, coadjuvado pelo Decreto-Lei n.º 50/76, publicado no Diário da
        República número 53, de 8 de Dezembro, a moeda nacional (Dobra), tem
        experimentado períodos de instabilidade que requerem, da parte da Autoridade
        Monetária e Cambial, a adopção de mecanismos orientados para o reforço da
        sua estabilidade, salvaguardando a necessária credibilidade.

     2. No âmbito da sua missão, consagrada nos artigos 9.º e 13.º da sua Lei Orgânica
        – Lei nº8/92, é conferido exclusivamente ao Banco Central de S.Tomé e Príncipe,
        o poder para emitir as notas e moedas, definir as respectivas chapas, os
        protótipos, os valores faciais e quantitativos. No quadro da actual reforma, o
        Dec. Lei n.º 6/2016, atribui ao BCSTP plenos poderes para a emissão de uma
        nova família da Dobra.

     3. Défices fiscais, e crónicos da balança de pagamentos e a consequente
        monetização dos mesmos traduziram-se numa escalada da inflação (que atingiu
        80% em 1997 – inflação anual acumulada), com repercussões a nível da perda
        do valor da moeda nacional.

     4. A actual família da Dobra está em circulação há mais de duas décadas,
        apresentando, por isso, uma estrutura desajustada e desactualizada face aos
        novos padrões de segurança. A introdução da nova família justifica-se também,
        pelos elevados custos decorrentes da sua frequente emissão, resultante da
        depreciação verificada nos últimos vinte anos.

     5. A recente adopção do regime de paridade fixa com o Euro, suportado pelo
        Acordo de Cooperação Económica com o Tesouro Português, traduz uma vez
        mais, os esforços do Governo Santomense na busca incessante de estabilidade
        macroeconómica e, por conseguinte, da estabilidade da moeda nacional,
        enquanto parte integrante do processo de desenvolvimento económico e social.
        Este novo enquadramento macroeconómico e institucional é essencial para
        garantir os objectivos desejados.

                                                           Reforma Monetária - 2018
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II.      Objectivos da presente Reforma Monetária

                Substituir a actual família da Dobra por uma “Nova família”,
                 com menos três dígitos (três zeros)

                Introduzir uma nota de maior valor facial

      6. Vários são os motivos que levam à substituição de uma família de notas
         bancárias. Estes definem a linha de acção da actual reforma, e a descrição dos
         mesmos será detalhada nos pontos seguintes

                 Motivos para a substituição da actual família da Dobra

      Estrutura Desajustada

      7. A actual família da Dobra em circulação há mais de duas décadas,
         incompatibiliza-se com as exigências actuais de segurança e sanidade pública.
         Tem sido prática internacional a substituição de uma família de notas em cada 7
         a 10 anos.

      8. Ao longo da sua existência, assistiu-se à emissão e cunhagem da DOBRA em três
         momentos: em 1977 pelo então Banco Nacional de S. Tomé e Príncipe (BNSTP)
         cuja nota de maior valor facial emitida foi a de 1.000 Dobras; em 1996 pelo
         Banco Central de São Tomé e Príncipe, deu-se a substituição para a actual
         família, cuja nota de maior valor facial foi a de 50.000 Dobras e, em 2005 foi
         introduzida a actual nota de maior valor facial que é a de 100.000 Dobras.
         Porém, a introdução de uma nota de maior valor facial impõe-se pela
         concomitância das taxas de depreciação e crescimento económico verificadas
         nas duas últimas décadas.

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Estabilização Macroeconómica

9. A estabilidade e a convergência nominal da economia asseguram que o contexto
   é ideal para a reforma monetária.

10. A Tabela 1 sintetiza a evolução dos principais indicadores macroeconómicos nos
    últimos 11 anos. Observa-se uma evolução positiva dos indicadores
    apresentados, sendo evidente um maior ajustamento macroecómico. Com
    efeito, observa-se um crescimento da actividade económica relativamente
    estável, com uma redução substancial da inflação média anual, resultante da
    moderação monetária e fiscal iniciada a partir de 2010, com a adopção da
    paridade fixa com o Euro. Do mesmo modo, assiste-se a uma redução tanto do
    rácio do défice primário doméstico, como do défice da conta corrente em
    relação do PIB.

   Tabela 1: Indicadores macroeconómicos

   Indicadores Macroeconómicos

                                                      Conta       Défice
                             PIB Real      IPC                               STD/USD      STD/EUR
                                                    Corrente   Prímário (%
                               (%)      (v.m.a.)ᵃ                             (m.v.a.)ᵇ   (m.v.a.)ᵇ
                                                     (%PIB)        PIB)
               2005 - 2009     6,0        21,5        -41,7       -10,3        10,4         13,1
                      2010     6,7        13,3        -44,5        -4,3        14,6          8,6
                2011-2016      4,5         8,5        -30,3        -2,8         3,4          0,0

   Fontes:BCSTP/INE/MF
   ᵃ Inflaçao média anual
   ᵇ Variaçao média anual

11. Estudos efectuados nos países que já passaram por um processo semelhante ao
    que S. Tomé e Príncipe atravessa, recomendam que, após a fase de estabilização
    da economia que se proceda a redenominação da moeda de forma a restaurar a
    confiança na moeda nacional e aumentar a eficiência das transacções
    financeiras.

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Risco de Contrafacção

12. Dada a sofisticação dos meios utilizados na contrafacção de notas, tornam-se
    necessárias notas e moedas mais modernas e com mais elementos de
    segurança.

13. A actual família está em circulação há mais de vinte anos, com fortes
    possibilidades de imitação e contrafacção. De notar que, em 2015 foram
    apreendidas um grande número de notas contrafeitas.

Actualização Tecnológica

14. O desenvolvimento tecnológico e as inovações na indústria, no que tange às
    novas características de segurança, que vão desde a evolução das cores e tintas
    a serem utilizadas, passando pelo uso de tecnologias na produção de notas a
    prova de cópias, impõem aos bancos centrais o desafio de adequar as suas notas
    a esta nova realidade.

15. Assim, nos últimos anos, mais de 30 países alteraram as suas notas, do substrato
    tradicional em fibra de algodão para o polímero, nomeadamente, Austrália,
    Nova Zelândia, México, Singapura, Canadá e Fiji, entre outros.

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Razões para a introdução de uma nota de maior valor facial

       16. A nota de (Db.100.000,00) é a mais utilizada nas grandes transacções. Este facto,
           para além de traduzir-se numa taxa de desgaste elevada, torna-a incompatível
           com o actual nível de volume de negócios uma vez que, quando foi introduzida
           valia mais de 9 Dólares Americanos, estando actualmente o seu valor reduzido a
           metade.

       17. Um outro indicador que aponta para a necessidade de uma nota de maior valor
           facial é o número de notas per- capita. Em termos médios este indicador deve
           situar-se entre 20 e 26 notas. Em S. Tomé e Príncipe a média é de 28 a 30 notas
           per- capita, traduzindo num aumento de notas e moedas em circulação, com
           consequências na redução da durabilidade das mesmas, acarretando custos
           elevados para o Banco Central.

III.      Características da Nova Família da Dobra

       18. A nova família da Dobra é mais resistente e mais segura, incorporando
           características de segurança inovadoras, tanto para o público, como, para os
           profissionais que operam com numerário.

       19. Quanto aos padrões de segurança, destacam-se o substrato em polímero nas
           duas notas de menor valor facial, que são as mais transaccionáveis pelos
           pequenos retalhistas, incluindo um elemento inovador que é a janela
           transparente. O polímero é um material mais resistente do que a fibra de
           algodão e que pode atingir o triplo do tempo de vida deste último. Quanto ao
           substrato tradicional (fibra de algodão) é incorporado com fibras metálicas. A
           impressão das notas em todos os substratos foi feita com recursos a tintas
           florescentes.

       20. Quanto aos aspectos visuais, foram utilizadas cores vivas e modernas,
           preservou-se o busto da figura histórica do Rei Amador, evidenciou-se as várias
           espécies endémicas de aves e borboletas da fauna nacional.

       21. A nova família da Dobra será constituída por seis denominações em notas e
           cinco denominações em moeda, conforme a Tabela 2.

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Tabela 2 – Denominação da Nova Família

                Tipo de Numerário   Valor Facial     Estrutura Física
                                    5,00             Polímero
                                    10,00            Polímero
                                    20,00            Fibra de algodão
                Notas
                                    50,00            Fibra de algodão
                                    100,00           Fibra de algodão
                                    200,00           Fibra de algodão
                                    10 Cêntimos      Revestido em Cobre
                                    20 Cêntimos      Revestido em Cobre
                Moedas              50 Cêntimos      Revestido em Níquel
                                    1,00             Revestido em Níquel
                                    2,00             Revestido em Níquel

IV.      Condições Técnicas para o Corte dos Três Zeros

      22. O Dec. Lei nº 11/2016 estabelece a taxa de conversão entre a actual família da
          Dobra e a Nova família.

               Adopção de uma taxa de conversão, de equivalência entre a
                Dobra em circulação e a Nova família;

               Fixação da taxa de conversão em 1000 unidades;

               1.000,00 Dobras = 1,00 Dobra (nova família)

               A abreviatura da nova família será nDb, para diferenciar os
                registos nas duas denominações durante os seis meses de
                circulação simultânea (co- circulação) das duas famílias.

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V.       Benefícios Esperados

      23. A substituição da actual família e a introdução da nova família com o corte de
          zeros melhora a confiança na moeda nacional, na medida em que, observa os

                Retirada do sistema financeiro de todas as notas duvidosas,
                 falsas ou contrafeitas;

                Facilita as transacções financeiras;

                Traz maior eficácia aos sistemas de pagamentos;

                Redução de custos inerentes ao processo de sucessivas
                 emissões por parte do BCSTP a médio e longo prazo.
         seguintes parâmetros:

VI.      Implicações do corte dos zeros

      24. Notas de valores faciais muito elevados têm a desvantagem de exacerbar as
          fragilidades da economia e, por conseguinte, transmitir insegurança aos agentes
          económicos

                A redução dos zeros não implica a alteração do nome da
                 DOBRA;

                A redução dos zeros não afecta o poder de compra;

                Os arredondamentos a efectuar na sequência dos cortes de
                 zeros serão residuais e objecto de regulamentação
                 específica, para mitigar o efeito sobre a inflação;

                Não haverá operações de troca das notas, mas, a
                 substitução gradual da actual Dobra pela nova família da
                 Dobra;

                Implicará um ajuste dos dados históricos e contabilísticos e
                 da série de preços na economia, de modo a serem
                 comparáveis.
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VII.      Plano de Actividade

       25. A implementação de acções relativas à introdução da nova família da Dobra será
           assegurada por uma Comissão de Coordenação da Reforma Monetária (CCRM),
           um órgão de apoio ao Conselho de Administração do BCSTP, ao qual competirá,
           sob orientação deste último, organizar e monitorar todas as acções e
           procedimentos a observar no âmbito da reforma acima mencionada.

       Estrutura da CCRM

                                           CCRM

                                 Secretariado

                   SJRM            SOTICRM             SCDRM              SERM

       a) Subcomissão para questões jurídicas (SJRM) – responsável pelo tratamento das
          questões de natureza jurídica, legal e regulamentar relativas à reforma;
       b) Subcomissão Operacional e TIC (SOTICRM) – responsável pela condução dos
          procedimentos de transição da escrita contabilística, das contas e outros
          assuntos de forma a acomodar a nova realidade resultante do corte de zeros nas
          notas e moedas da Dobra, assim como, assegurar o processo de ajustamento
          dos sistemas informáticos para acomodarem a nova realidade resultante do
          corte de zeros nas notas e moedas da Dobra;
       c) Subcomissão de Comunicação e Divulgação (SCDRM) – encarregue pela condução
          da campanha de divulgação (Rádio, Televisão, Imprensa escrita, Folhetos,
          Folheto de perguntas e respostas, palestras e debates radiofónicos, etc.);
       d) Subcomissão de Estudos (SERM) – encarregue pela elaboração de estudos e
          pareceres sobre as implicações macroeconómicas da referida reforma, bem
          como os impactos ao nível da estabilidade de preços e o processo de transição
          das estatísticas económicas e financeiras.

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VIII.      Cronograma das Acções

        Fase 1: Campanha de Sensibilização e Divulgação

                                               2017

            Envio de publicações aos Bancos,     1
            PIC, PN, Câmara de Comércio,        Set        Início de formação online
            Associações Profissionais…                     “conheça nDobra”

            Início do ciclo de seminários
                                                           Envio de folhetos sobre a
                                                           nDobra a pontos de venda de
            Disponibilização na internet de                todos os distritos do país.
            videos

            Fixação de preços nas duas          31         Encerramento da conta e
            família da Dobra (facturas EMAE,    Dez        conversão de saldos para a
            CST…)                                          nDobra

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Fase 2: Entrada em Circulação da Nova Família da Dobra

                                        2018

                                          1
                                         Jan       Início da Co-circulação

         Fim da circulação da actual      30
         Família da Dobra                Jun

                                         30
                                                    Aceitação apenas nos
                                         Set
                                                    Bancos Comerciais

                                        2019

           Fim de aceitação no BCSTP     31
           (perda de curso legal)        Dez

                                                       Reforma Monetária - 2018
                                               Banco Central de S. Tomé e Príncipe   10
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