Brasil sustentável Perspectivas dos mercados de petróleo, etanol e gás
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Índice Apresentação 01 Principais condicionantes das trajetórias de preços 04 Projeções e cenários para a oferta e a demanda 20 Petróleo e etanol: variáveis que afetam o comportamento no mundo 26 Brasil: rumo ao alinhamento internacional 32 Olhando à frente: o que muda até 2020 42 Visão de futuro: o que esperar após 2020 44 Desafios e oportunidades 47 Imagem da capa: Agência Petrobras de Notícias
Apresentação A série Brasil Sustentável propõe ao mundo as novas descobertas um novo desafio ao gerar mais de megarreservas de petróleo um estudo de suma relevância em águas ultraprofundas na sobre o mercado energético. camada do pré-sal, o Brasil mudou Certos da correlação de forças que de posição no ranking dos grandes se desenhou globalmente em torno players globais. das descobertas e produção de petróleo, gás e etanol, a sétima Tendo isso em mente, a meta edição da série, Brasil Sustentável - deste trabalho foi ir além de projetar Perspectivas dos mercados qual o cenário que o final desta de petróleo, etanol e gás, traz uma década nos reserva. Sempre análise aprofundada e projeções considerando riscos, adversidades, densas sobre a formação políticas, desafios e oportunidades de preços, demanda, oferta, impostas nesse setor. Tamanha crescimento e impacto da indústria imersão nos trouxe, além de de combustíveis na economia profundo conhecimento sobre essa mundial até o ano de 2020. indústria, algumas surpresas em relação ao real efeito que as Após percorrer temas complexos descobertas do pré-sal trarão sobre nos seis estudos anteriores – o conjunto da economia do País. com análises e perspectivas Ou sobre quão atrasados (ou não) sobre os setores habitacional, estamos em relação à prática energético, de consumo, industrial e ao investimento na ampliação e agroindustrial, além de um da produção e comercialização especial sobre a Copa do Mundo do etanol. 2014 –, a Ernst & Young Terco se une mais uma vez à FGV Projetos Para sistematizar a análise e para uma nova reflexão: mergulhar realização de projeções, a equipe no entendimento de uma indústria técnica da FGV Projetos – tendo geradora de grandes riquezas como coordenador Fernando aos países detentores das maiores Blumenschein – desenvolveu o reservas, produção, tecnologia Modelo Integrado de Projeções e política estratégica ao seu Energéticas (Mipe), que consiste em desenvolvimento. E o momento um framework conceitual, técnico e não poderia ser melhor. Ao anunciar computacional aplicável a diversas
BRASIL SUSTENTÁVEL Perspectivas dos mercados de petróleo, etanoL e gás situações, escopos e mercados. • Temos a tecnologia internacionais de petróleo e etanol, e nos mercados brasileiros Por meio desse modelo, foi possível que precisamos aplicar? integrar e sistematizar as de gasolina e etanol hidratado, informações reunidas, simular • Os meandros da questão de forma a identificar e modelar trajetórias e gerar intervalos tributária embutida na indústria com maior profundidade os pontos plausíveis para os preços dos do pré-sal. de contato e efeitos cruzados energéticos analisados, além entre mercados. de incluir um panorama do que • Capital humano será se acredita ser relevante para o grande desafio. Finalmente, outra meta deste os mercados de energia no período trabalho foi identificar alguns dos pós-2020. Um dos objetivos deste estudo principais drivers ou condicionantes foi compreender não somente das trajetórias futuras de preços Como o pré-sal se mostrou o as dinâmicas de preços mundiais, dos energéticos em questão grande evento novo para o Brasil, como também o comportamento e modelar as estruturas causais de resolvemos dar ao tema especial dos mercados nacionais cujas acordo com as quais os cenários espaço e considerações. O último interações estruturam a oferta prospectados para tais drivers capítulo do estudo traz, em tópicos, e a demanda global por energéticos. se refletem nas projeções de preços. análises sobre pontos críticos Assim, selecionamos dois mercados Esses drivers perpassam por e de atenção para que as novas nacionais, mas cujas dinâmicas aspectos técnicos (ampliação da descobertas se transformem não poderiam ser mais diferentes oferta física), mercadológicos em reais oportunidades ao País, entre si: os EUA, uma economia (medidas de eficiência e substituição e não na temida doença holandesa – relativamente aberta, onde energética), econômicos (potencial um conceito econômico que tenta os preços ao consumidor seguem de crescimento e cenário cambial) explicar como a exploração as trajetórias dos mercados e político-institucionais (políticas de recursos naturais poderia internacionais de commodities; energéticas nos EUA e Brasil). ser responsável pela e o Brasil, no qual os preços Em um contexto de incerteza, desindustrialização de uma nação, dos combustíveis seguem pudemos ainda identificar uma lógica determinada mais os drivers cuja variabilidade terá devido à valorização cambial por políticas internas do que pela mais impacto para cada um dos e ao declínio do setor conjuntura internacional. mercados analisados. manufatureiro. Para tanto, pontuamos: A outra intenção foi iluminar A ambição final deste estudo é, antes • Marco regulatório. O que já foi as interações entre os mercados de diferentes energéticos, tendo de mais nada, servir de apoio básico para o entendimento, a reflexão e a feito e o que precisa mudar. em vista efeitos de substituição tomada de decisão para empresas e • Quais aspectos da infraestrutura e complementaridade. Assim, governos que queiram atuar com deverão ser resolvidos. optamos por focar nos mercados seriedade nesses mercados.
Um dos objetivos foi compreender as dinâmicas de preços, e também o comportamento dos mercados nacionais cujas interações estruturam a oferta e a demanda global por energéticos Metodologia utilizada: Como funciona o Mipe O Mipe é um sistema dinâmico, no qual as interações tais eventos parecerem inverossímeis, são de dificil entre variáveis ou parâmetros são representadas incorporação a modelos estatísticos. por meio de equações, que podem envolver taxas de variação ao longo do tempo. Trata-se de um modelo É importante manter em mente a camada de abstração estocástico – os parâmetros podem ser definidos não entre o modelo e os fenômenos que este estudo tem deterministicamente, mas em termos de distribuições por objetivo representar. Os mercados de energia são de probabilidade, de forma a poder representar fontes afetados por efeitos de curto prazo, e o próprio exercício de incerteza no modelo. Este é implementado em uma de modelagem da estrutura causal e de atribuição de plataforma que utiliza algoritmos de Runge-Kutta de probabilidades traz à tona a questão da possibilidade de quarta ordem para solucionar simultaneamente as “cisnes negros”, ou eventos raros de alto impacto. equações e que permite a execução automatizada de análises de sensibilidade, nas quais o modelo é simulado Outro ponto importante é que elevações de preços milhares de vezes (com realizações diferentes dos que viabilizem fontes mais custosas aumentam parâmetros estocásticos), de forma a obter intervalos de simultaneamente os lucros dos produtores tradicionais confiança para as variáveis de interesse. de petróleos leves, o que gera uma intrincada estrutura de incentivos. Assim, pode ocorrer tanto uma extração É importante manter em mente a camada de abstração mais acelerada, reduzindo as reservas, ou, pelo entre o modelo e os fenômenos que este estudo tem contrário, um movimento de manutenção tática delas. por objetivo representar. Ou seja, existe risco de modelagem, inerente a qualquer exercício de projeção Considerações similares valem para o etanol, já que ou análise prospectiva. Em particular, os mercados de nesse mercado deve-se levar em conta suas ligações energia são sujeitos a efeitos de curto prazo, oriundos com outros mercados globais de commodities (no caso de choques transitórios, cujas consequências podem da cana, o mercado de açúcar), com dinâmicas próprias. se prolongar indefinidamente. Esta característica dos mercados, chamada histerese, é referente à A partir dessas considerações, deve-se ter em mente a irreversibilidade da tomada de decisões, e torna parcela de simplificações, omissões e restrições de escopo exponencialmente mais difícil garantir a robustez do que são necessárias para elaborar qualquer modelo modelo a eventos aleatórios. capaz de produzir resultados. Ou seja, os resultados de um modelo de longo prazo, como o Mipe, devem ser Além disso, o próprio exercício de modelagem causal reestimados e recalibrados periodicamente, de forma a e probabilística traz à tona a questão da possibilidade acompanhar a evolução das condições de mercado. Acima de “cisnes negros” ou eventos raros de alto impacto de tudo, o usuário deve estar ciente dos fatores não – tais como a crise financeira de 2008 e os choques incorporados pelo modelo, de forma a não ser tomado de de petróleo da década de 1970. Justamente por surpresa caso tais fatores se tornem relevantes.
BRASIL SUSTENTÁVEL Perspectivas dos mercados de petróleo, etanoL e gás Principais condicionantes das trajetórias de preços Drivers: de barris/dia. No entanto, as sucessivas inovações determinantes dos nos processos de prospecção preços até 2020 e produção estão possibilitando a identificação de novos e mais profundos reservatórios O consumo de energia, em de petróleo e gás natural no suas diversas formas, perpassa toda Brasil, no Golfo do México e atividade humana. A energia comercializável (combustíveis para na Costa da Guiné. transporte e aquecimento, eletricidade para diversos fins, entre 2 • Ampliação da capacidade outros) é insumo básico para a produtiva de etanol: O consumo produção e comercialização de de etanol como combustível qualquer bem ou serviço e automotivo vem se ampliando representa um dos principais grupos desde a década de 1980 de despesa das famílias. Assim, a a uma taxa de 5,6% ao ano no projeção de trajetórias futuras para Brasil e de 13,4% ao ano nos os preços de energéticos é de Estados Unidos. Novos processos evidente interesse para de produção de etanol, no consumidores e produtores. entanto, deverão se tornar comercialmente viáveis, gerando Rumo a 2020, as trajetórias ganhos substanciais de retorno dos preços do petróleo e etanol energético e reduzindo a nos mercados internacionais pegada de carbono da produção irão sofrer influências diversas. Este de biocombustíveis. levantamento selecionou sete condicionantes que terão influência 3 • Políticas de subsídios à determinante sobre a precificação produção de etanol: Em alguns desses combustíveis. São eles: países, os subsídios à produção de etanol têm funcionado 1 • Ampliação da oferta como garantia de competitividade de petróleo: No período em face da gasolina e do etanol 2004-2010, a oferta de petróleo importados. Com a implantação no mundo tem se mantido de mandatos que fixam a relativamente constante, em um proporção de mistura na gasolina, patamar próximo a 80 milhões há uma garantia de mercado e
A intensidade energética vem se reduzindo em razão de melhorias na eficiência da energia, substituição de combustíveis e mudanças em indústrias intensivas os subsídios ficam caracterizados 6 • Cenário cambial: como apoio às condições locais A manutenção do dólar como de produção e barreira adicional moeda franca do comércio ao etanol importado. internacional vem se mostrando crescentemente frágil, em 4 • Medidas de eficiência e função da deterioração dos fatores substituição energética: que garantiram a ascensão e A intensidade energética vem se manutenção da moeda ao status reduzindo em razão de melhorias de reserva de valor ao longo do na eficiência da energia, século XX. Acredita-se que a substituição de combustíveis e perda de valor do dólar responda mudanças em indústrias por uma fração dos aumentos intensivas. A necessidade de de preços de commodities ganhos de eficiência energética no mercado internacional, incluindo-se aí o petróleo. conjuga-se com os objetivos de segurança energética 7 • Política de preços e de redução das emissões, da Petrobras: A Petrobras gerando incentivos para a tem praticado uma política substituição de fontes de energia. de estabilização real dos preços internos dos derivados de 5 • Potencial de crescimento petróleo, não repassando macroeconômico: A evolução variações consideradas transientes da demanda por energéticos e reduzindo efetivamente é fortemente atrelada ao a exposição da economia crescimento macroeconômico. nacional a choques nos preços Ou seja, quanto maior esse internacionais do petróleo. crescimento, mais energia é demandada pelas empresas para Esta seção busca contextualizar viabilizar uma maior produção de cada um dos drivers em termos de bens e serviços. O crescimento relevância e apresenta as premissas econômico também se traduz em e cenários adotados em relação maior renda para as famílias, à trajetória futura de cada um. viabilizando um maior consumo de combustíveis, eletricidade e Confira a seguir uma análise outros usos de energia. detalhada de cada um desses fatores.
BRASIL SUSTENTÁVEL Perspectivas dos mercados de petróleo, etanoL e gás Ampliação da oferta Evolução das reservas e da produção mundial de petróleo de petróleo Produção (milhões de barris/dia) Opep Não-Opep Ao longo do período 2004-2010, 40 a oferta total de petróleo no mundo tem se mantido relativamente 35 36 34 constante, em um patamar 33 aproximado de 80 milhões de barris/ 30 30 31 dia. Nessa linha, o avanço tecnológico 26 é o que direciona as possibilidades 25 de ampliação da oferta potencial. 25 24 20 Desde a década de 1990, têm sido introduzidas sucessivas inovações 15 nos processos de prospecção e produção, por meio da utilização 10 de novos instrumentos, computadores de alto desempenho 5 e aplicação de técnicas avançadas 0 de processamento de dados. 1980 1990 2000 2009 Essas tecnologias, que recentemente permitiram a identificação de Reservas (bilhões de barris) Opep Não-Opep reservatórios de petróleo e gás 1.200 natural em águas ultraprofundas 1.029,4 no Brasil, no Golfo do México 1.000 e na Costa da Guiné, têm custos elevados, mas permitem maior 800 economia em outras fases de desenvolvimento dos campos. 600 Além disso, a exploração e o 425,4 desenvolvimento em águas ultra- 400 324,1 profundas estão consolidando um novo padrão tecnológico de produção 200 160,2 de petróleo e gás natural, utilizando sondas de elevado desempenho, com 0 capacidade de perfuração de até 1980 1990 2000 2009 10.000 metros de profundidade total.
Fontes de mercado hoje estimam ser necessário um adicional de produção de 9 bilhões de barris/ano para atender à expansão de demanda até 2020 A oferta potencial de petróleo A qualidade do petróleo, de petróleo pesado em países também tem aumentado por principalmente sua densidade e teor do Oriente Médio), tornando crescimento de reservas, seja por de enxofre, condiciona a oferta necessário o aumento da capacidade uma revisão do método utilizado em futura de petróleo e a estrutura de conversão nas refinarias, estimativas anteriores, seja por de refino que deverá atender à condição técnica para ampliar se haverem subestimado os recursos demanda de combustíveis líquidos. a oferta de derivados leves, com iniciais existentes na jazida. Com O consumo de derivados médios maior valorização no mercado. o aperfeiçoamento dos métodos de (como diesel) e leves (como gasolina) avaliação, essas duas formas de tem aumentado recentemente, Uma característica comum a crescimento das reservas não devem enquanto se reduz o consumo todas as novas fontes de petróleo ser tão substanciais no futuro. de derivados pesados (como óleo na próxima década será o A terceira forma de crescimento combustível). No entanto, o seu elevado custo de produção. das reservas é por meio do avanço crescimento futuro da demanda É praticamente consenso que tecnológico no processo de tende a ser atendido, gradualmente, todo o petróleo “barato” já foi recuperação do petróleo existente, por volumes crescentes de petróleo encontrado, e que tecnologias hoje limitado a cerca de 35% do pesado (como as areias petrolíferas de incorporação e recuperação volume presente nos campos. do Canadá e o petróleo extrapesado de reservas continuarão sendo da Venezuela, além de campos custosas. Fontes de mercado hoje estimam ser necessário um adicional de Quadro 2 – produção de 9 bilhões de barris/ano Produção mundial de petróleo por qualidade para atender à expansão de demanda até 2020. Para esses fins, a Ultraleve 2% 3% 3% 3% 3% 4% composição da oferta futura haverá de incorporar também o petróleo Leve 29% 28% 25% 26% 25% 24% não convencional (recuperação ampliada, areias petrolíferas, petróleo extrapesado, gas-to-liquids “GTL” e coal-to-liquids “CTL”) – conversão de gás natural em combustíveis líquidos (GTL, na sigla Médio 56% 56% 58% 57% 59% 58% em inglês), e conversão de carvão em combustíveis líquidos (CTL). Também passarão a ser crescentemente relevantes a produção na camada pré-sal do Brasil e a ampliação da Pesado 13% 13% 14% 14% 13% 14% produção do Iraque. 1998 2000 2005 2007 2008 2009
BRASIL SUSTENTÁVEL Perspectivas dos mercados de petróleo, etanoL e gás US$ 400 bilhões é a estimativa para o desenvolvimento da produção de petróleo e gás natu ral nos campos do pré-sal Novas fronteiras com o pré-sal A descoberta de novas jazidas de petróleo em águas cerca de 300 km da costa está entre os principais desafios ultraprofundas (lâmina d’água de 1.500 a 3.000 a serem vencidos ao longo da década. A Petrobras e metros) das Bacias de Santos, Campos e Espírito Santo as demais operadoras estão considerando opções (como abriu uma nova fronteira para a indústria de petróleo bases de apoio e centros de operação remotos) para e gás natural. O desenvolvimento da camada pré-sal garantir apoio logístico e operacionalidade aos sistemas estabeleceu uma nova condição para o Brasil no mercado de produção, assim como também sua segurança. internacional de petróleo e gás natural, ampliando suas reservas provadas e duplicando a capacidade Grandes investimentos nos campos do pré-sal estão de produção até 2020. programados para até 2020. Estima-se um total de US$ 400 bi para o desenvolvimento da produção de A operação sob tais condições geológicas deve necessitar petróleo e gás natural, incluindo toda a infraestrutura um número maior de unidades de produção em cada de transporte. Entre os investimentos divulgados estão: campo. O desenvolvimento de infraestrutura de Petrobras, US$ 33 bi (2010-2014); BG, US$ 30 bi; transporte do petróleo e do gás natural à distâncias de Repsol YPF, US$ 14 bi.
Exploração e Produção de Hidrocarbonetos no Brasil Blocos Exploratórios Bacia da Foz do Amazonas Bacia do Pará-Maranhão Bacia de Bacia do Barreirinhas Amazonas Bacia do Ceará Bacia de Sergipe-Alagoas Investimentos anunciados, Bacia de em US$ Camumu-Almada 33 bi Petrobras Bacia de * Campos 30 bi Bacia do Paraná Bacia de Santos BG PRÉ-SAL 14 bi Repsol YPF *Investimento referente ao período de 2010 - 2014.
10 BRASIL SUSTENTÁVEL Perspectivas dos mercados de petróleo, etanoL e gás Produção de etanol crescente produtividade (tanto na fase agrícola quanto na uma área colhida de 28 milhões de hectares. No período de 1975 em crescimento fase industrial) e pelo substancial a 2006, o crescimento da mercado interno. Entre 1975 e produtividade foi de 2,7% ao ano. O consumo de etanol como 2006, a área cultivada com cana- combustível automotivo vem se de-açúcar tem crescido 4,3% A possibilidade de escolher entre ampliando desde a década de 1980 ao ano, sendo atualmente dois subprodutos (etanol ou açúcar) a uma taxa de 5,6% ao ano de cerca de 7 milhões de hectares. permite ao produtor brasileiro no Brasil e de 13,4% ao ano nos No período, o crescimento na desenvolver a melhor estratégia em Estados Unidos. Nos dois países, produtividade agrícola tem sido de função dos preços esperados do que são os principais produtores 1,49% ao ano e o da produtividade açúcar e do etanol no mercado e consumidores, o etanol é utilizado industrial, de 3,77% ao ano. internacional e no mercado local. tanto na mistura com a gasolina Usinas mistas (85% do total) têm quanto como combustível. Nos Estados Unidos, o etanol é a flexibilidade para produzir etanol produzido a partir do milho – ou açúcar, definindo sua escolha O etanol de cana-de-açúcar utilizando 20% da produção de milho em função do custo de oportunidade do Brasil tornou-se um combustível e podendo passar a 30% nos entre as duas alternativas. competitivo, beneficiado por próximos anos –, cujo cultivo ocupa Vale lembrar que, como o Brasil Evolução da produção e das exportações de etanol Total do Brasil, em bilhões de litros Produção Exportações 30 25,40 25 20 15,95 15,40 15 10,59 10 5 2,60 1,77 0,15 0,23 0 1997 2000 2005 2010
Até 2020, a produção de biocombustíveis por meio de processos de segunda e terceira gerações deve se tornar comercialmente viável, trazendo ganhos energéticos é o principal exportador de açúcar, elementos estruturais presentes volume do mandato estabelecido seus custos de produção determinam em todas as espécies vegetais para 2010 e 2011 para 1,72 e 1,74 os preços e o padrão da concorrência disponíveis, incluindo algumas milhão de litros de etanol de no mercado internacional. com alta produtividade agrícola, celulose. O cronograma original como o painço. fixa, para 2022, o mandato de 4,3 No fim da presente década, bilhões de litros de etanol de a produção de etanol e outros Estima-se que o potencial produtivo celulose. Mandatos envolvendo a biocombustíveis por meio de do etanol de celulose dos EUA oferta de etanol de celulose exigem processos de segunda e terceira corresponda a 11 milhões de barris que as empresas distribuidoras geração deve se tornar de petróleo equivalentes (boe) por misturem volumes determinados comercialmente viável. Tais dia, o equivalente a cerca de 60% do do produto à gasolina. Uma tecnologias trazem substanciais consumo atual de petróleo daquele penalidade incide sobre as empresas ganhos de produtividade em relação país. No entanto, apesar dos de petróleo caso a oferta de etanol aos métodos atualmente adotados, incentivos substanciais, os de celulose não atenda ao volume que envolvem a fermentação investimentos não estão seguindo o previsto no mandato, levando-as de açúcares extraídos de plantas ritmo previsto pelos planos e a financiar a construção de plantas alimentícias. Assim, esperam-se mandatos fixados pelo Energy de etanol de celulose. ganhos substanciais no que se refere Independence Security Act de 2007. ao retorno energético, à quantidade Embora os mandatos sejam Os EUA atualmente lideram de biomassa necessária como direcionadores dos investimentos e a pesquisa e desenvolvimento matéria-prima e à necessidade de promovam o financiamento por comercial de tais processos, mas, insumos de origem fóssil, como garantir a venda do produto, com a à medida que a produção em larga fertilizantes. Acredita-se que tais crise de 2008, os fundos disponíveis escala se mostrar comercialmente processos reduzirão substancialmente para energia limpa foram orientados viável, o etanol de segunda a pegada de carbono da produção para projetos de energia eólica e geração tem o potencial de se tornar de biocombustíveis em relação solar, que dispunham de maior apoio um dos principais componentes ao seu nível atual. por parte do governo dos EUA. da matriz energética em nível mundial, sendo objeto de Os principais processos de segunda Esse atraso levou a EPA (Agência investimento nos grandes países geração envolvem a produção de de Proteção Ambiental do governo produtores de etanol, como Brasil, etanol a partir de celulose e lignina, dos Estados Unidos) a reduzir o China e Índia.
12 BRASIL SUSTENTÁVEL Perspectivas dos mercados de petróleo, etanoL e gás Políticas de subsídios etanol importado será necessário para atender à demanda futura, à produção de etanol muitos acreditam que a tendência durante a próxima década envolverá Em alguns países, os subsídios à a gradual redução dos subsídios. produção nacional de etanol têm funcionado como garantia de De modo abrangente, a política competitividade em face da gasolina e comercial da União Europeia do etanol importado. No entanto, com restringe a importação de a implantação de mandatos fixando biocombustíveis com uma tarifa a proporção de mistura à gasolina de proteção ao etanol de 45% ou cotas para os diversos tipos de ad valorem (conforme o valor). etanol, há uma garantia de mercado Ao mesmo tempo, em 2008, por e os subsídios ficam caracterizados falta de matéria-prima, utilizou-se como apoio às condições locais apenas 44% da capacidade de produção do etanol e barreira de produção de etanol da União adicional ao etanol importado. Europeia (de 5 milhões de toneladas). Isenções a impostos Nos Estados Unidos, um conjunto especiais de consumo, estimados de subsídios federais e estaduais em cerca de € 2,8 bi em 2008, fornece incentivos ao longo da contemplam o etanol produzido cadeia de valor do etanol. Além em vários países-membros. disso, uma tarifa de importação de US$ 0,14/litro também contribui Além disso, a União Europeia para garantir a competitividade concede subsídios a investimentos do etanol de milho em face do produto em capacidade de produção importado. A política de subsídios que incluem tecnologias para a ao etanol teve início na década fabricação de etanol de segunda de 1970, e hoje estima-se que, geração. Entretanto, a produção graças a isso, o etanol produzido nos na região é incipiente EUA seja, em média, 30% mais em comparação com os grandes barato. Entretanto, diante da frágil produtores, nos quais a sua situação econômica e fiscal dos EUA, política de subsídios tem bem como ao crescente relativamente menor impacto reconhecimento político de que o no mercado internacional.
Entre 1980 e 2008, ocorreu uma redução de 32%, ou 1,35% ao ano, no consumo global de energia, equivalente ao consumo atual somado dos Estados Unidos e da União Europeia Medidas de eficiência somado dos Estados Unidos e da União Europeia. e substituição energética Essa redução é diferenciada em cada país em função da estrutura A intensidade energética (i.e., econômica, da aplicação de medidas o volume de energia utilizado para de eficiência energética, bem gerar uma unidade de Produto como de diversos fatores exógenos Interno Bruto) vem se reduzindo que incluem desde o modelo de em razão de (1) melhorias na urbanização (distância entre moradia eficiência energética, (2) e trabalho) e clima (necessidade substituição de combustíveis e (3) ou não de climatização) até estrutura mudanças em indústrias intensivas de produção (existência ou não de em energia. Como consequência, empresas intensivas em energia). entre 1980 e 2008, ocorreu uma Estima-se que diferenças na estrutura redução de 32%, ou 1,35% ao de produção respondam por quase ano, no consumo global de energia, 50% da variação de intensidade equivalente ao consumo atual energética industrial entre países. Boas perspectivas para o carro elétrico híbrido A energia elétrica vem ocupando parcela crescente no consumo de energia. No Brasil, entre 1970 e 2009, a eletricidade passou de 5,5% para 16,6% do total, a uma taxa de crescimento de 0,6% ao ano. Nos países da OCDE, no período 1971-2008, o uso da eletricidade passou de 11% para 22% do consumo total de energia. Duas inovações devem ter efeito decisivo na ampliação da eletrificação na década de 2011-2020: a rede elétrica inteligente (smart grid) e o veículo elétrico. A introdução do veículo elétrico terá início com o carro elétrico híbrido de tomada (PHEV na sigla em inglês), que deverá ganhar parcelas expressivas do mercado. O PHEV combina um pequeno motor a combustão interna com um motor elétrico, cuja bateria é carregada pelo motor a combustão. A introdução do veículo elétrico puro depende de redução no custo da bateria, processo que está sendo intensamente disputado por várias empresas e deverá ser concluído em 2020. As duas inovações indicam uma transição fundamental no modelo de negócios do setor.
14 BRASIL SUSTENTÁVEL Perspectivas dos mercados de petróleo, etanoL e gás O preço dos combustíveis e a Nos EUA, as metas governamentais, de mercado aos países-membros, tributação têm efeito negativo sobre que vinham sendo implementadas apesar de uma diretiva de 2003 pelo padrão Cafe (Corporate a intensidade energética. Isso explica estabelecer uma parcela de 5,75% a intensidade mais elevada nos Average Fuel Economy) a uma taxa do mercado aos biocombustíveis Estados Unidos, bem como em países de crescimento de 2,2% ao ano, estão em 2010. Recentemente, que subsidiam os combustíveis e em sendo intensificadas para que haja no entanto, países como a França, países produtores de petróleo. alinhamento com a meta da Califórnia Alemanha, Áustria e Holanda fixaram Também explica a menor intensidade de redução, em 2025, das emissões metas mandatórias. demandada por economias com a 40%-50% do nível de 2016. Para isso, será necessário promover ganhos É importante também considerar elevada tributação do consumo, de eficiência de 3% a 6% ao ano a intensidade energética do setor como na União Europeia. industrial. Nos países da OCDE, entre no período 2016-2025. Ademais, prevê-se uma intensificação das 1990 e 2006, esse indicador sofreu No setor de transportes, a vendas de veículos E85 (85% de uma redução de 32%, ou 2,3% ao necessidade de ganhos de eficiência etanol e 15% de gasolina), de forma ano, em decorrência principalmente energética conjuga-se com os de medidas de eficiência energética. a atender às metas mandatórias de objetivos de segurança energética No entanto, essa redução não foi consumo de etanol. Foram concedidos e de redução das emissões, gerando uniforme. No Japão o país de maior créditos federais a fabricantes incentivos substanciais não somente redução, a eficiência é um tema que produzissem automóveis capazes à adoção de medidas de eficiência de segurança energética, e medidas de funcionar com combustíveis e tecnologias de redução do consumo, contínuas têm sido aplicadas para alternativos. como também à substituição desvincular o consumo de energia de fontes de energia. Dentre estas, Na União Europeia, as metas do crescimento econômico. as principais são o carro elétrico de consumo de etanol não são No período 1973-2007, enquanto o híbrido de tomada (PHEV), o etanol mandatórias, uma vez que não há PIB do país duplicou, o consumo do e o biodiesel. competência para definir parcelas setor industrial ficou constante. Biodiesel: um mercado em expansão O biodiesel é um combustível derivado de óleos mistura ao óleo diesel e por incentivos à aquisição vegetais ou gordura animal que pode ser misturado de veículos, bem como por subsídios à produção. Ainda ao óleo diesel em proporções variáveis, geralmente assim, na União Europeia há um déficit de 20% da 2%, 5% e 20% (indicadas por B2, B5 e B20) para produção, tornando inevitável o recurso às importações. aplicações similares às do óleo diesel. Na Alemanha, principal produtora e consumidora mundial, o biodiesel No Brasil, há 48 usinas de biodiesel em funcionamento, é consumido desde 1991. e 42 utilizam a soja como matéria-prima. A participação da agricultura familiar na produção de biodiesel Como no etanol, a expansão do mercado de biodiesel tem sido objeto de política diferenciada por parte passa pela determinação mandatória dos níveis de do governo federal.
Para o final desta década, adotaram-se premissas de maior incerteza e menor crescimento médio, em função de limites físicos e financeiros à expansão global Potencial de foi especialmente turbulento. A trajetória de crescimento delineada ou mesmo discutidas nos fóruns adequados. crescimento em anos anteriores, até então macroeconômico considerada por muitos inabalável e destinada a se perpetuar, foi Este estudo não tem como objetivo modelar ou analisar em detalhe as abruptamente interrompida por uma trajetórias macroeconômicas para o A evolução da demanda por das maiores crises financeiras da futuro. Assim, optamos por basear energéticos é fortemente atrelada ao história, que expôs a vulnerabilidade nossas análises nos cenários crescimento macroeconômico. Por do sistema financeiro mundial. prospectados pelo Fundo Monetário um lado, mais energia é demandada Internacional em seu World Economic pelas empresas para viabilizar uma Talvez o mais notável sobre a crise Outlook. Esta publicação reflete a maior produção de bens e serviços; de 2008 tenha sido quão poucas premissa de que os anos até 2015 por outro lado, o crescimento mudanças ela acarretou. Seja por serão marcados pela retomada do econômico se traduz em maior divergências técnicas em relação à crescimento econômico, retornando renda disponível para as famílias, sua causa e extensão, por difusão da gradualmente ao seu patamar pré- viabilizando um maior consumo de responsabilidade ou devido à crise. Considerou-se que tal trajetória combustíveis, eletricidade e outros profusão de incentivos perversos e representa o “potencial de usos de energia. De fato, diversos posturas equivocadas, a crise tem crescimento”, ou seja, a tendência estudos indicam que a elasticidade- sido encarada de modo geral como mais provável na ausência de renda do consumo energético é uma ocorrência transiente. Diversos choques continuados, sejam estes de próxima a 1, ou seja, mantendo as indivíduos e empresas que tiveram caráter cambial, geopolítico ou condições inalteradas, um aumento participações culposas no desenrolar mesmo de disponibilidade percentual do Produto Interno dos eventos não foram devidamente energética. Para o final desta década, Bruto de uma economia acompanha responsabilizados, o grosso dos adotaram-se premissas de maior um aumento correspondente custos da recuperação econômica incerteza e menor crescimento da demanda por energéticos1. tem sido transferido direta ou médio, em função dos evidentes indiretamente para os contribuintes, limites físicos e financeiros à Do ponto de vista da economia e pouquíssimas reformas efetivas expansão continuada do mundo em mundial, o fim da última década ao sistema têm sido adotadas desenvolvimento no ritmo atual. 1- Os efeitos que ocorrerão caso tal demanda não possa ser integralmente atendida, e seus reflexos sobre a atividade econômica possível, são abordados na seção seguinte.
16 BRASIL SUSTENTÁVEL Perspectivas dos mercados de petróleo, etanoL e gás Quadro 6 – Cenário cambial de 2010, sendo possível abstrair da análise os efeitos inflacionários. Taxa de câmbio R$ / US$ - Comercial - Entretanto, a evolução do mercado Compra - Média Um aspecto relacionado, mas brasileiro de combustíveis é distinto, da trajetória de crescimento prejudicada no comportamento do macroeconômico é o cenário 4,0 real vis-à-vis a moeda americana, cambial. Globalmente, a manutenção 3,8051 que deve ser considerada como um 3,5 Out/02 do dólar como moeda franca do driver à parte, possuidor de comércio internacional vem se particular relevância nesse mercado. 3,0 mostrando crescentemente frágil, em função da deterioração dos Embora a perda de valor do dólar no 2,5 fatores que garantiram a ascensão âmbito mundial, junto da evolução e manutenção dessa moeda ao da economia brasileira, tenha se 2,0 status de reserva de valor ao refletido em uma tendência geral de longo do século XX. valorização do real desde o pico 1,5 1,6672 histórico de 2002 (interrompida Talvez a principal questão envolva esporadicamente por choques de 1,0 os níveis históricos de endividamento confiança – tais como, ironicamente, 0,8451 público e privado da economia 0,5 a própria crise financeira, originada americana, acoplados a uma nos EUA), a estrutura de demanda expansão sistemática da base pela moeda brasileira ainda tem Jan/95 Fev/11 monetária (moeda fiduciária e fragilidades e é excessivamente crédito) cujos reflexos sobre os exposta a incertezas e a índices de inflação, de acordo com especulações. Ademais, há correntes certos pesquisadores, têm sido segundo as quais o presente sistematicamente mascarados. patamar de valor do real é Acredita-se que a perda de valor do incompatível com o nível de dólar responda por uma fração exportações desejável para um substancial dos aumentos de preços crescimento econômico robusto a de commodities no mercado longo prazo, sendo necessário um internacional, incluindo o petróleo. ajuste cambial. Desta forma, o cenário que se apresenta para a Neste estudo, os preços estão próxima década é de incerteza e denominados em valores constantes potencial volatilidade.
Nos EUA, o preço da gasolina segue trajetória aproximadamente paralela à dos preços internacionais, elevando-se em períodos de crise. Já no Brasil, o preço permanece estável Política de preços Essa política se evidencia em momentos de elevação rápida dos preços do petróleo e derivados para o mercado brasileiro depende da Petrobras preços, como ocorreu em diversos criticamente das premissas adotadas momentos da década passada. sobre o comportamento da Para finalizar o elenco de drivers É possível observar que o preço da Petrobras. Este comportamento é analisados, selecionamos um gasolina nos Estados Unidos – país desvinculado dos preços exemplo que é específico do que não pratica o controle de preço – internacionais (em função da mercado nacional de combustíveis, segue trajetória aproximadamente viabilidade política e financeira de mas cujos impactos são de grande paralela à dos preços internacionais continuar assumindo esses custos), magnitude e se refletem muito além da matéria-prima, elevando-se em mas também é influenciado por das suas consequências imediatas. períodos de crise, enquanto o preço outras considerações, como o papel A Petrobras tem praticado uma observado no Brasil permanece da estabilização de preços no política de estabilização real dos relativamente estável. esquema mais amplo das políticas preços internos dos derivados de econômicas do governo. petróleo, não repassando variações O nível de descolamento dos preços consideradas transientes e reduzindo internos dos derivados do petróleo Considerou-se, neste levantamento, efetivamente a exposição da tem implicações significativas sobre a possibilidade de que, durante a economia nacional a choques nos os mercados energéticos nacionais, presente década, a Petrobras realize preços Quadro 7 internacionais do petróleo. de forma que a trajetória futura dos uma transição rumo a um regime de preços mais compatível com a realidade internacional. Em tal Preço da gasolina ao consumidor regime, a Petrobras efetivamente (julho de 2001=100) passaria a agir como um price-taker em um mercado competitivo, Brasil Estados Unidos estipulando um mark-up necessário 250 para cobrir custos tributários, margens de transporte e comércio 200 176,8 e ajustando os preços internos de acordo com as variações nas 150 cotações internacionais. Dentro das 157,3 análises e simulações realizadas, o 120,5 ano no qual tal transição de regimes 100 88,1 83,2 se iniciará foi identificado como 97,5 sendo o parâmetro mais relevante. 50 Índices de preços normalizados; preços no Brasil e nos EUA em julho de 2001 = 100. Jul/01 Jan/05 Jan/10 Jan/11
18 BRASIL SUSTENTÁVEL Perspectivas dos mercados de petróleo, etanoL e gás Cenários assumidos Ampliação da Ampliação Políticas oferta de petróleo da capacidade de subsídios produtiva de à produção de etanol etanol Cenário Mundo: Falta de Redução de A Mesmo com fontes novas investimentos; 1/3 até 2015; (pós-2016), incorporação ampliação 5% eliminação até 2020. insuficiente para atender à inferior à projetada demanda projetada. no cenário B. Cenário extremo: Brasil: com variáveis abaixo Incorporação do pré-sal da taxa histórica. aquém do previsto. Cenário Mundo: Em 2020 Redução de B A partir de 2016, Mundo: 1/3 até 2015 e incorporação passa 25 bi/ano de 2/3 até 2020. a atender à demanda projetada. EUA: 75 bi/ano Cenário baseline: Brasil: com variáveis Incorporação do pré-sal Brasil: semelhantes conforme previsto. 60 bi/ano à taxa histórica. Cenário Mundo: Incorporação Sem reduções. C acelerada para recompor do etanol de capacidade ociosa. segunda geração; ampliação 20% Brasil: a 50% superior Cenário extremo: Incorporação do pré-sal à projetada no com variáveis acima ligeiramente além do cenário B. da taxa histórica. previsto. O estudo designou as possíveis trajetórias para cada driver, caracterizadas por meio de três cenários: um baseline e dois extremos (referidos aqui como A, B e C). Cada driver é considerado como um grupo de variáveis independentes das demais, de forma que a plausibilidade dos cenários deve ser considerada de forma isolada para cada driver. Vale notar ainda que os cenários A e C representam
7 19 Potencial Cenário Política e substituição energética de crescimento cambial de preços da macroeconômico Petrobras Carros elétricos até 2020: Estagnação ou Patamar próximo Transição de regimes 4 milhões (3 mi nos EUA). crescimento de ou inferior ao atual a partir de 2011. até 1% ao ano no (R$ 1,60 a 1,66 ). Etanol alcança: mundo e nos EUA; 3% do consumo de crescimento no combustíveis no mundo Brasil em torno de (4% nos EUA, 25% no Brasil). 3% ou 3,5% ao ano. Abaixo da taxa histórica. Carros elétricos até 2020: Recuperação Patamar projetado Transição de regimes 5,1 milhões (3,7 mi nos EUA). pós-crise (FMI) pelo mercado a partir de 2015. Crescimento médio (R$ 1,71 a 1,78 ). Etanol alcança: de 3% ao ano de 3,5% do consumo de 2016 a 2020 no combustíveis no mundo mundo, e de 2% nos (4,5% nos EUA, 30% no Brasil). EUA; no Brasil, alta de 4% ao ano. : Iguais à taxa histórica. Carros elétricos até 2020: Crescimento Patamar próximo Não ocorre 8 milhões (6 mi nos EUA). acelerado de 5% ao à média pós-2003 transição de regimes. ano no mundo e de (R$ 2,00 a 2,20 ). Etanol alcança: 3% a 3,5% nos EUA. 4% do consumo de Brasil deve ter alta combustíveis no mundo anual entre 4% e 5%. (5% nos EUA, 35% no Brasil). Acima da taxa histórica. os extremos de uma gama de diversas possibilidades, elaborados de forma a ser consistentes com as projeções quantitativas e qualitativas reunidas acima. Este estudo não pretende produzir afirmações categóricas em relação aos valores máximos e mínimos que qualquer indicador ou variável possa alcançar nos anos futuros.
20 BRASIL SUSTENTÁVEL Perspectivas dos mercados de petróleo, etanoL e gás Projeções e cenários para a oferta e a demanda (Modelo Integrado de Projeções O que determina a dinâmica dos preços? Energéticas), por meio do qual foi possível realizar projeções e obter Drivers cenários consistentes, trajetórias (Institucionais, físicos, tecnológicos, econômicos, verossímeis e intervalos de confiança etc.) probabilísticos em relação aos preços dos energéticos estudados no período 2011-2020. Em cada um dos mercados Oferta Demanda analisados, podemos identificar quais, dentre esses drivers, devem ser considerados mais relevantes e ser acompanhados com mais atenção pelos stakeholders e tomadores Preço de decisão. Esses resultados são alcançados por meio de uma análise segundo a qual a variação de cada driver em separado – mantendo os demais constantes – se traduz em um Conhecendo intervalo de variação de indicadores as cadeias de selecionados. Assim, podemos afirmar que o impacto de um driver Quadro 10 – transmissão sobre um dado mercado depende não somente da sensibilidade da oferta e áreas Geográficas Tendo identificado e analisado os demanda àquele driver, mas também demais países EUA Brasil analisadas sete principais drivers dos preços do intervalo de variação (Resto doconsiderado Mundo) de energéticos que atuarão a médio aceitável para o mesmo. Por exemplo, e longo prazo nesta década, este parâmetros físicos e técnicos, capítulo busca identificar e analisar cuja evolução a médio prazo está % da produção mundial as 8 3 cadeias de transmissão associada a um grau de incerteza89 Petróleo por meio das quais os efeitos desses relativamente baixo, podem ter % do consumo mundial drivers se refletem em impactos menor impacto, medido dessa forma, 22 3 75 sobre a oferta e demanda. do que parâmetros econômicos, que afetam os mercados de forma menos % da produção mundial Para 55 quantificar tais cadeias, sistêmica, mas 37 que estão associados 8 a FGV Projetos utilizou o Mipe a graus de incerteza bastante altos. Etanol % do consumo mundial 57 34 9 Pib Mundial 24 3 73
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