As redes sociais como possibilidade: uma nova forma de ensinar, aprender e divulgar o conhecimento histórico
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As redes sociais como possibilidade: uma nova forma de ensinar, aprender e divulgar o conhecimento histórico Marcella Albaine Farias da Costa; graduanda (UFRJ); malbaine@yahoo.com.br Resumo: Este trabalho pretende mostrar, mediante o estudo de caso da Rede Social Online Café História, que a tecnologia do espaço virtual traz consigo uma nova e interessante forma de ensinar, aprender e divulgar o conhecimento da disciplina História. Palavras-chave: História, ensino, Café História. Abstract: This paper intends to show, using the case study of the “Rede Social Online Café História”, that the technology of virtual space brings a new and interesting way of teaching, learning and disseminating the knowledge of History subject. Key-Words: History, teaching, Café História Introdução: Ensino, desafios e possibilidades O espaço escolar, pensando-se mais especificamente nas salas de aula, lidam, hoje, com desafios diversos. Uma análise simples permite constatar a densidade dos conteúdos programáticos/ curriculares das diferentes disciplinas, assim como, e com frequência, o desinteresse dos alunos no conteúdo exposto. Frases do tipo “pra que eu vou usar isso?” ou “isso não me serve pra nada” não são raras, por exemplo, nas aulas de História. Fala-se também em crise da instituição escolar. Esta instituição nasce sob os ditames do paradigma da modernidade (neste, além do destaque dado ao espaço urbano, verifica-se que a ciência vai ganhando força, fazendo da palavra “razão” um vocábulo chave), tendo por função a disseminação da cultura nacional, da cultura científica e dos sistemas de valores do Estado Nacional. A escola é, assim, desde sua origem, uma instituição homogeneizadora por excelência, que deveria Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -1-
garantir a coesão nacional. Os anos 50 do século XX marcam o início de um processo de questionamento daquele paradigma moderno. Entender a situação de crise escolar não é difícil quando se pensa que essa instituição é, conforme exposto, típica da modernidade, enquanto os alunos ou o seu “público freqüentador” são frutos da contemporaneidade – esta marcada pela pulverização e fragmentação social (tanto em esfera pública quanto privada), pela fugacidade do tempo (um tempo ahistórico) e das informações etc. que, ao mesmo tempo, convivem com a globalização e com os avanços tecnológicos (conforme exposto no parágrafo primeiro). O jovem, ou melhor, os jovens – no plural, englobando uma infinidade de “tribos” com todo um comportamento, linguajar e identidades próprios – almejam um ideal (o ideal de “liberdade”) que se choca com a proposta da instituição escolar, qual seja, a existência de regras e “comportamentos disciplinados”. Hoje, a autoridade do professor “não está mais dada” como antigamente, deve ser conquistada junto ao aluno. Diante do panorama apresentado, dúvida não há que ensinar é uma tarefa extremamente complexa e delicada. Então: como fazer desta atividade algo realmente prazeroso? Como dialogar com o novo perfil de aluno que chega às salas de aula, os chamados “tecnológicos de nascença”? No caso do Ensino de História, que novas possibilidades são abertas pela atualidade da cibernética? Segundo Circe Bittencourt: “As mudanças culturais provocadas (...) pelos computadores são inevitáveis, pois geram sujeitos [e, portanto, alunos] com novas habilidades e diferentes capacidades de entender o mundo” (BITTENCOURT, 2009, p. 107-108). Os primeiros computadores surgiram na Inglaterra e nos Estados Unidos, em meados da centúria do XX, direcionados à prática de cálculos científicos. A Internet, por sua vez, teve sua origem no contexto de Guerra Fria – deveria garantir a comunicabilidade dos EUA se da ocorrência de guerra nuclear. Acredita-se que na atualidade o computador e a rede mundial de computadores (Internet) aparecem como importantes ferramentas pedagógicas. Os professores de História têm em suas mãos novas possibilidades que podem Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -2-
revolucionar as tradicionais formas de ensino dessa disciplina, tantas vezes classificada pelos alunos como enfadonha e “sem utilidade”. Este trabalho visa realizar um breve estudo de caso no campo da História: a Rede Social Online Café História, fundada pelo historiador e jornalista Bruno Leal de Carvalho em 18 de janeiro de 2008. Supõe-se, portanto, que as redes sociais (e não apenas) podem contribuir para uma nova maneira de ensinar, aprender e divulgar tal matéria. Problematizando o conceito de rede social As redes sociais são realidades que possibilitam a ligação social entre os usuários, permitindo-os também partilhar objetivos e valores comuns. É preciso diferenciá-las das comunidades virtuais e dos portais de informação. As comunidades existem “apenas enquanto as pessoas realizarem trocas e estabelecerem laços sociais“; já os portais são aqueles capazes de organizar grandes acervos de conteúdo a partir dos temas ou assuntos neles contidos, conectando as pessoas às informações (CORDEIRO FILHO; HAGUENAUER; LAWINSCKY & MOTA, 2008, p. 4). As redes podem ser de diversos tipos, como por exemplo, as redes de relacionamentos ou de cunho profissional. Segundo Margarita Gomez: O mundo das redes sociais é relativamente novo. Os programas de redes sociais, sejam pessoais, temáticas ou profissionais, na realidade não foram criados para atividades educativas, embora nas escolas se estejam usando alguns deles (...). A rede é mais um espaço da escola contemporânea que necessita orientação e cuidado para se transformar em um dispositivo pedagógico (GOMEZ, 2010, p. 88-99). A Rede Social Café História A Rede é baseada no modelo 2.0 de Web: uma Internet dinâmica e colaborativa na qual informações são compartilhadas, e o usuário é – Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -3-
potencialmente - um construtor de conhecimento. Em sua descrição está que é “voltada para estudantes, professores, pesquisadores ou simples apaixonados por história”; “é um espaço para se ler notícias, publicar textos, acessar vídeos, participar de debates, trocar ideias, conhecimentos e informações” (http://cafehistoria.ning.com/). Entre as diversas seções: “Café Expresso Notícias”, “Miscelânea”, “Cine História”, “Conversa Cappuccino” são algumas. Têm-se também as seções colaborativas: “Grupos de Estudos”, fotos, vídeos, enquetes etc. O Café História foi criado, conforme dito, em 18 de janeiro de 2008. Em conversa com seu criador e mediador, Bruno Leal de Carvalho, alguns dados atualizados foram obtidos: 9 A Rede está próxima à 30.000 membros; por dia são recebidos cerca de 18.000 acessos, provenientes de mais de 400 cidades do Brasil e também do exterior. 9 Desde seu lançamento, já são mais de 12 milhões de acessos. Os participantes permanecem, em média, 3 minutos e 12 segundos na rede (segundo Bruno, “médias acima de 2 minutos são geralmente consideradas boas, mostram que as pessoas lêem os textos”). 9 São 654 Grupos, 774 fóruns de discussão, 6.312 mensagens de blogs publicadas pelos participantes, 5.185 fotos, 1.130 vídeos – segundo a verificação mais recente. A Rede conta com muitos professores e alunos; portanto, vê-se nela um ambiente profícuo para a troca de conhecimentos/ informações entre eles. Um professor em uma rede social possui múltiplas formas de criar projetos. É um espaço para aprendizagem, para colaborar e ensinar. A sala de aula não acaba entre os muros das salas, mas transborda para um espaço que até então era visto apenas como entretenimento e lazer (CARVALHO, 2010, Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -4-
http://hojeempauta1.blogspot.com/2010/10/um-cafe-e-uma-prosa- historia-nas-ondas_18.html). Percebe-se, então, que o docente não pode mais ser visto como o grande detentor do saber – uma lógica típica da educação de cunho tradicional. Professores e alunos devem ser vistos, sim, como “indivíduos de uma mesma equipe” (KENSKI, 2009, p. 89). Há, portanto, formas dinâmicas e criativas de se “conectar ao passado”, modificando-se aquela visão da História como algo chato e sem utilidade. Conclusão Este trabalho visou trazer para reflexão as novas possibilidades de ensino (tarefa extremamente complexa e delicada) na era da virtualidade. Foi seu objetivo mostrar que já é possível ao historiador e ao professor de História incorporar tais possibilidades da cibercultura à sua prática – a Rede Social Online Café História é, sem dúvidas, um exemplo de sucesso. Muitos acham que estudar História é falar [somente] de passado, “de coisa velha”; por que necessariamente? É falar também do presente, dos avanços tecnológicos; é problematizar o uso destes no saber, no fazer e no ensinar da História. "Minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta, mas a de quem nele se insere. É posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da História" (FREIRE, 2007, p. 54). Se nós, estudantes das mais diversas áreas e (futuros) educadores desejamos “agir” na nossa sociedade, faz-se urgente a busca pela real compreensão sobre o que é/ está sendo/ será essa (nova) sociedade. Sabe-se que isso envolve os mais diversos campos de conhecimento, a História não é a única privilegiada. Mas a educação (e por que não a educação através da História?) tem papel fundamental. Ou seja, precisamos entender o aluno que chegará até nós, precisamos entender as mudanças epistemológicas que estão Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -5-
se dando, precisamos nos atualizar – caso contrário, estaremos fadados a sermos apenas objeto da História. Referências Bibliográficas BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009. 408 p. BRIGGS, Asa; BURKE, Peter. Uma História Social da Mídia: de Gutenberg à Internet. 2. ed. Tradução Maria Carmelita Pádua Dias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. 375 p. CARVALHO, Buno Leal Pastor de. Uma História feita em Redes. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, p. 98, outubro, 2010. CAVALCANTE, Márcio Balbino. A Educação Frente às Novas Tecnologias: Perspectivas e Desafios. Disponível em: < http://www.profala.com/arteducesp149.htm >. Acesso em: 14 jul. 2010. CORDEIRO FILHO, Francisco; HAGUENAUER, Cristina Jasbinschek; LAWINSCKY, Fabiana Melo Macieira & MOTA, Rodrigo Amorim. Portais de informação e comunidades virtuais de aprendizagem. ABED, 2008. Disponível em: . Acesso em: 29 out. 2010. FRANÇA, Cyntia Simioni & SIMON, Cristiano Biazzo. Como conciliar ensino de História e novas tecnologias? Disponível em: < http://www.uel.br/eventos/sepech/arqtxt/resumos-anais/CyntiaSFranca.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2010. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 36. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. 148 p. FUSER, Bruno. Sociedade em rede: perspectivas de poder no espaço virtual. Disponível em: < http://www.bocc.uff.br/pag/fuser-bruno-sociedade-em-rede- perspectivas-de-poder-no-espaco-virtual.pdf>. Acesso em: 18 ago. 2010. KENSKI, Vani Moreira. Tecnologias e Ensino presencial e a distância. 7. ed. Campinas: Papirus, 2003. 157 p. Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -6-
LÉVY, Pierre. Cibercultura. 2. ed. Tradução de Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999. 264 p. PIMENTEL, Isabela. Um café e uma prosa: a história nas ondas da cibercultura. Disponível em: < http://hojeempauta1.blogspot.com/2010/10/um-cafe-e-uma- prosa-historia-nas-ondas_18.html >. Acesso em: 05 nov. 2010. Universidade Federal de Pernambuco - Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologias na Educação -7-
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